Ontem (27), após o fechamento do mercado, a Vale (VALE3) reportou seu resultado referente ao 2T23. Os números da companhia vieram em linha com as nossas expectativas.
A mineradora reportou ebitda ajustado de US$ 4,1 bilhões no período, 12% acima do trimestre anterior e 42% abaixo na comparação anual.
Em função dos menores preços realizados de finos de minério de ferro e níquel em relação ao último ano, a queda anual já era amplamente esperada.
A evolução trimestral, contudo, é uma boa sinalização operacional da companhia e pode trazer algum fôlego para as suas ações, embora já seja sabido que o 1T costuma ser sazonalmente mais fraco.
Por área de negócios, o ebitda ajustado de minerais ferrosos, principal frente da atuação da Vale, foi de US$ 3,9 bilhões (+19% vs 1T23). O crescimento é explicado pela forte expansão no volume vendido, que mais do que compensou a queda nos preços médios realizados.
Já em metais básicos (ou transição energética), divisão de negócio na qual o mercado nutre grandes expectativas futuras, decresceu na comparação trimestral. O ebitda ajustado atingiu US$ 476 milhões, queda de 17% em relação ao 1T23, puxada pelo menor preço médio realizado do Níquel e pelos custos inerentes ao processo de transição da mina Voisey’s Bay de céu aberto para subterrânea.
Vale vende 13% da divisão de metais básicos – valor será investido no próprio negócio
Ainda, consolidando o que vinha sendo ventilado no mercado há alguns meses, a Vale anunciou ontem que realizou a venda de 13% da divisão de metais básicos para a Manara, JV entre o PIF, fundo soberano da Arábia Saudita, e a Ma’aden, empresa de mineração do Reino Unido, que ficarão com 10% e os outros 3% para a Engine No.1, gestora americana.
O negócio foi fechado pelo valor de US$ 3,4 bilhões — implicando em um valuation de US$ 26 bilhões para 100% da operação — os quais serão investidos no próprio negócio.
A transação implica em um múltiplo de 10x EV/Ebitda para a divisão de base metals (~11% do ebitda consolidado da Vale), enquanto a Vale (VALE3) negocia apenas a 4x EV/Ebitda.
A percepção de que a companhia está subavaliada vai ganhando corpo, além da injeção de capital ser positiva para alavancar o crescimento da unidade de negócio, que vem entregando aquém do esperado.
Destaque negativo do resultado, o fluxo de caixa livre das operações foi de US$ 776 milhões, impactado negativamente pela saída de US$ 588 milhões de capital de giro no período, explicado pelo aumento de 6,8 milhões de toneladas nas vendas de minério de ferro provisionadas no final do trimestre.
Programa de recompra e distribuição de proventos a todo vapor
Seguindo com suas consistentes recompras, ainda mais reforçadas pelo patamar de preço atual das ações (R$ 70), a Vale desembolsou U$ 1,4 bilhão no 2T23 para recomprar suas ações.
Com isso, 64% do programa de recompra foi realizado, totalizando um desembolso de US$ 4,9 bilhões até então. Exemplo bastante positivo de alocação de capital, em nossa visão.
Além disso, a companhia anunciou no resultado que irá distribuir US$ 1,7 bilhão em proventos (JCP) em setembro, implicando em um yield de 2,6%.
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VALE3 segue com recomendação de compra
Por fim, enxergamos uma boa margem de segurança nas ações de Vale (VALE3) nos preços atuais, reforçado pelo valuation atrativo, boa alocação de capital e pela expectativa de estímulos na China.
Negociando a menos de 4x EV/Ebitda para 2023 e com potencial de entregar um dividend yield acima de 10% no ano, a Vale (VALE3) segue como recomendação de compra da Empiricus Research.