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Vale (VALE3) divulga resultado trimestral e Nasdaq e S&P 500 tombam após balanço das big techs: fique de olho no que movimenta o mercado nesta quinta-feira (25)

Enquanto o mercado norte-maericano encara um rotation trade, os investidores aguardam o resultado do 2T24 da Vale (VALE3).

Por Matheus Spiess

25 jul 2024, 09:04 - atualizado em 25 jul 2024, 09:04

Dólar como hedge
Fonte: Pixabay

Bom dia, pessoal. As ações em toda a Ásia caíram à medida que os investidores acompanharam as movimentações nos Estados Unidos, particularmente na reavaliação das promessas da inteligência artificial.

Essas preocupações levaram a uma desvalorização de US$ 1 trilhão no índice Nasdaq 100 na quarta-feira (24), conforme surgiram dúvidas sobre o tempo necessário para que os investimentos substanciais em tecnologia gerem retornos.

Os índices Nasdaq caíram mais de 3%, registrando seus piores dias desde outubro de 2022. Entre as maiores quedas estavam as empresas favoritas da tecnologia de IA, lideradas por fabricantes de semicondutores como Nvidia (NVDC34), Broadcom (AVGO34) e Arm Holdings (ARM).

A correção foi desencadeada por resultados abaixo do esperado da Alphabet (GOGL34) e da Tesla (TSLA34) na noite de terça-feira (23). Hoje, os futuros americanos voltaram a cair pela manhã, assim como os mercados europeus, que também enfrentaram pressão após a decepção com os resultados da gigante global de varejo de luxo, LVMH (LVMH).

Na agenda econômica, os EUA divulgarão a primeira estimativa do crescimento do PIB no segundo trimestre. Além disso, haverá a pesquisa alemã de sentimento do mercado. Os investidores globais também repercutem o corte inesperado nas taxas das linhas de empréstimo na China, três dias após a redução dos juros de referência, em mais um sinal de preocupação dos políticos com a fraca demanda interna.

Mesmo com o corte, o minério de ferro voltou a cair nesta manhã, o que deve, ao menos em teoria, dificultar a situação do setor de siderurgia e mineração. O petróleo também perdeu valor, refletindo um sentimento generalizado de aversão ao risco.

A ver…

· 00:52 — A tão esperada prévia de inflação

No Brasil, a resiliência apresentada ontem pelos nomes ligados às commodities ajudou a amenizar um dia difícil, mas essa tendência pode não se repetir hoje (25). Em contraste, os juros e o câmbio dispararam, com o dólar atingindo R$ 5,65, impulsionado pela forte valorização do iene, uma moeda frequentemente usada em operações de carry trade com o real.

A divulgação dos resultados da Vale (VALE3), prevista para após o fechamento do mercado hoje, é aguardada com grande expectativa e pode influenciar significativamente o restante da semana. Espera-se que o lucro da mineradora no segundo trimestre mais do que dobre em comparação ao mesmo período do ano passado. Se confirmado, esse resultado poderá fornecer um sólido suporte para os ativos domésticos.

Além disso, o cenário internacional permanece pessimista e hoje estamos atentos a importantes indicadores locais. Entre eles estão os dados do setor externo, a arrecadação de junho e o IPCA-15 de julho, uma prévia da inflação oficial.

O mercado antecipa uma alta mensal de 0,24% (4,39% em termos anuais), o que representaria uma desaceleração em relação aos 0,39% registrados em junho.

Um resultado que confirme essa desaceleração ou que fique abaixo das expectativas poderia reduzir a pressão sobre a curva de juros, que às vezes reage à possibilidade de um aumento da Selic, algo que considero improvável. Além disso, uma antecipação na nomeação do próximo presidente do Banco Central poderia beneficiar a curva de juros, com a expectativa de que essa indicação ocorra em agosto.

· 01:43 — O crédito privado ainda chama a atenção

Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), o primeiro semestre deste ano registrou um volume recorde na emissão de debêntures, totalizando R$ 206,7 bilhões. Esse valor representa o maior já alcançado para o período na série histórica, em comparação com R$ 78,2 bilhões no mesmo semestre do ano anterior.

Foram realizadas 289 emissões, das quais 73 superaram a marca de R$ 1 bilhão cada. O prazo médio dessas ofertas foi de 7,5 anos, com o setor de infraestrutura — incluindo energia elétrica, transporte, logística e saneamento — representando 43,7% do volume total emitido.

Além das debêntures, os certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e do agronegócio (CRA) também atingiram volumes recordes, somando R$ 31,4 bilhões e R$ 19,4 bilhões, respectivamente, no semestre.

Outro destaque foi para os fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs), que registraram emissões de R$ 34,3 bilhões.

Esses números ressaltam a forte atratividade da renda fixa, que tem atraído o fluxo de investimentos em detrimento de outras categorias. A Anbima observa que um primeiro semestre tão positivo oferece uma base sólida para previsões otimistas para o restante do ano.

O excelente desempenho dos fundos, com entradas líquidas significativas, tem sido um fator determinante para esses resultados. Contudo, essa preferência pela renda fixa tem dificultado a recuperação da renda variável, que enfrenta incertezas fiscais no Brasil e indefinições quanto ao corte de juros nos Estados Unidos.

Essas condições de mercado têm sido um obstáculo para a realização das aguardadas ofertas públicas iniciais de ações (IPOs). A retomada dos IPOs depende de uma melhora nos preços das ações na bolsa e de uma maior clareza sobre a direção futura das taxas de juros nos EUA. Atualmente, vivemos um período histórico de quase três anos sem IPOs. A perspectiva é que essa situação só mude com uma redução mais acentuada da Selic, prevista para 2025, dependendo da evolução das expectativas do mercado e da política de juros nos EUA.

· 02:37 — A queda das techs

Nos EUA, ontem foi um verdadeiro banho de sangue no mercado. Os investidores enfrentaram um duro golpe com as Magnificent 7, cujas ações entraram em território de correção, conforme medido pelo fundo negociado em bolsa Roundhill Magnificent Seven, arrastando consigo grande parte do setor de tecnologia.

O S&P 500 fechou em queda de 2,3% e o Dow Jones Industrial caiu 1,3%. O Nasdaq Composite, altamente focado em tecnologia, despencou 3,6%, marcando sua pior perda em um único dia desde o final de 2022.

O brilho das Magnificent 7 diminuiu significativamente, à medida que os investidores se desfizeram massivamente das ações de tecnologia após os decepcionantes resultados da Tesla e da Alphabet, o que colocou em dúvida os altos múltiplos de todo o setor.

Acrescentando mais incerteza ao cenário, o ex-presidente do Fed de Nova Iorque, Bill Dudley, defendeu que o banco central deveria reduzir as taxas de juros em sua próxima reunião de política monetária. Dudley argumentou que o crescimento econômico desacelerou e que o mercado de trabalho está perigosamente próximo de acionar o indicador de recessão da Regra de Sahm.

Para ele, pode já ser tarde demais para evitar uma recessão com cortes de juros, pois adiar a ação aumentaria desnecessariamente o risco. No entanto, acredito que isso não ocorrerá. O primeiro corte de juros nos EUA provavelmente virá apenas em setembro. Até lá, ainda temos mais resultados a acompanhar hoje.

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· 03:25 — A atividade americana

Em relação ao receio de recessão, é importante prestar atenção hoje na primeira estimativa do crescimento do produto interno bruto (PIB) dos EUA no segundo trimestre. O consenso aponta para um aumento do PIB a uma taxa anual ajustada sazonalmente de 1,9%, meio ponto percentual acima do registrado no primeiro trimestre.

Embora essa taxa ainda nos mantenha longe de uma temida recessão, fica claro que a economia está se normalizando. No entanto, se as previsões estiverem corretas, a economia dos EUA cresceu a um ritmo saudável durante o segundo trimestre, marcando uma recuperação em relação ao lento início deste ano.

O último Nowcast do Fed de Nova Iorque projeta um crescimento de 2,2%, enquanto o modelo GDPNow do Fed de Atlanta estima um aumento de 2,7%, com base nos dados disponíveis até 17 de julho. Se o crescimento for muito robusto, isso pode levar o Federal Reserve a adiar um corte nas taxas de juros, previsto pelos investidores para setembro.

O cenário ideal seria um número em linha com o esperado ou, no máximo, ligeiramente inferior. Um número muito baixo poderia intensificar as preocupações do mercado sobre a possibilidade de uma recessão.

· 04:16 — O possível fim do chavismo como conhecemos

Há quatro meses, a maioria dos venezuelanos desconhecia Edmundo González. Hoje, sua campanha representa a maior ameaça ao plano de Nicolás Maduro de conquistar um terceiro mandato presidencial no domingo, após 11 anos no poder. O ex-diplomata de 74 anos emergiu no cenário nacional em março, depois que figuras mais conhecidas da oposição foram efetivamente impedidas de concorrer, incluindo pelo menos duas candidatas populares. 

O apelo público não é necessariamente por um candidato específico, mas sim contra a ditadura chavista. Desde então, González, como substituto, tem conseguido atrair milhares de pessoas para as ruas, mesmo sendo proibido de fazer campanha. As táticas de censura contra ele apenas intensificam o fervor entre os opositores de Maduro, que sonham em reconstruir uma economia devastada por uma das recessões mais profundas da história moderna e, eventualmente, reunir famílias dilaceradas pelo êxodo de 7,7 milhões de venezuelanos sob o governo de Maduro.

Até onde Machado e González podem chegar depende, em última análise, de Maduro. Podemos ver outra eleição fraudulenta ou o início do fim do regime chavista que destruiu o país nos últimos anos. Se as pesquisas verdadeiramente independentes (não as do governo) estiverem corretas, González tem mais de 60% das intenções de voto, enquanto Maduro tem menos de 30%. Seria uma vitória fácil. No entanto, nossos vizinhos venezuelanos não podem baixar a guarda.

· 05:09 — As recentes movimentações de Eneva

A Eneva firmou um contrato com a Companhia Pernambucana de Gás (Copergás) para fornecer gás natural em seus projetos de redes locais nos municípios de Petrolina e Garanhuns, em Pernambuco.

Este contrato, com duração de três anos a partir do início do fornecimento comercial no final de agosto, estabelece que a Eneva fornecerá o gás a partir de suas concessões na Bacia do Parnaíba e será responsável por todas as etapas do processo, incluindo liquefação, transporte e regaseificação do gás natural liquefeito (GNL).

As operações de regaseificação serão realizadas nas instalações da …

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.