Ontem (26), após o fechamento do mercado, a Vale (VALE3) reportou seu resultado referente ao 1T23. Os números da companhia vieram abaixo do esperado pelo mercado.
A mineradora reportou ebitda ajustado de US$ 3,7 bilhões no período, 26% abaixo do trimestre anterior e 42% abaixo na comparação anual, principalmente em função dos maiores custos, menores vendas de finos de minério e menores preços praticados – tal qual havíamos reportado na prévia operacional da companhia na semana passada.
Por área de negócios, o ebitda ajustado de minerais ferrosos, principal frente da atuação da Vale, foi de US$ 3,3 bilhões (-43% vs 4T22). Tal desempenho foi explicado pelas menores vendas, pela queda de 11% no preço médio no período e pela alta dos custos unitários, que foi explicada principalmente pela antecipação das atividades de manutenção e efeito negativo do mix de volumes.
Já em metais básicos, divisão de negócio na qual o mercado nutre grandes expectativas futuras, o desempenho também foi aquém do esperado. O ebitda ajustado atingiu US$ 573 milhões no período, queda de 26% em relação ao 4T22.
O resultado do fluxo de caixa livre das operações foi de US$ 2,3 bilhões, representando uma conversão de ebitda em caixa de 62% versus 19% no 1T22, explicada principalmente pela forte arrecadação de caixa referente às vendas do 4T22 e de impostos pagos sazonalmente maiores no 1T22.
No trimestre, a companhia realizou o pagamento de US$ 1,8 bilhão em dividendos, bem como realizou o desembolso de US$ 763 milhões para o seu terceiro programa de recompra de ações. Ao todo, este programa já está 47% concluído, com um desembolso total de US$ 3,7 bilhões.
Mesmo que o resultado não tenha sido aspiracional e afaste mais a tese de forte recuperação do preço das commodities com a reabertura da economia chinesa, a Vale segue com um nível de alavancagem bastante confortável em 0,5 vezes dívida líquida sobre o ebitda e, portanto, deverá se manter como uma boa pagadora de dividendos.
Por fim, a companhia assinou acordo vinculante para venda de participação na MRN. Essa transação marca a conclusão do principal programa de desinvestimento da Vale, que envolveu a venda de mais de 10 ativos non-core desde 2019. Dessa forma, é esperada uma eliminação de despesas de até US$ 2 bilhões por ano, reforçando a estratégia de simplificação de portfólio da companhia.
Vale a pena ter na carteira?
Negociando a menos de 4 vezes EV/Ebitda para 2023 e com potencial de entregar um dividend yield acima de 10% no ano, a Vale (VALE3) segue como recomendação de compra da Empiricus Research.