Investimentos

Veja os 3 fatores que têm sustentado a Bolsa em território positivo em meio à turbulência global

Analista da Empiricus explica como o Ibovespa tem se saído bem apesar dos impactos do conflito entre Rússia e Ucrânia, que atinge quase todas as classes de ativos

Por Daniela Rocha

16 mar 2022, 11:34 - atualizado em 16 maio 2022, 20:14

É só acompanhar as manchetes dos jornais para constatar que 2022 está sendo desafiador, marcado pela inflação galopante e juros em alta. De forma geral, a guerra entre Rússia e Ucrânia tem gerado incertezas e causado alta volatilidade no mercado financeiro e um movimento de aversão ao risco. 

Os principais indicadores das Bolsas dos Estados Unidos e da Europa estão caindo no acumulado do ano. 

Surpreendentemente, Ibovespa vai em outra direção, se mantém no campo positivo em 2022, com alta de 6,52%, mesmo com toda a turbulência, como mostra o gráfico abaixo:

Imagem de gráfico com números os quais representam as oscilações no valor dos FIIS

Fonte: Google Finance

 

Para Fernando Ferrer, analista da série As Melhores Ações da Bolsa, existem três fatores principais que têm sustentado a Bolsa:

1) Rotação global da carteira dos investidores

“Já tem alguns meses que os investidores estão tirando dinheiro de empresas de crescimento, como small caps, para colocar nas de valor, aquelas mais consolidadas, que teoricamente dão mais segurança. É o que a gente chama, no mercado, de rotation trade”, explica Ferrer.  Segundo ele, isso fica claro ao se ver a queda forte em grandes companhias de crescimento dos Estados Unidos. 

Para exemplificar, o especialista em ações comenta a performance de quatro ativos que vem caindo consideravelmente desde suas máximas: Lemonade (-88%), Peloton (-86%), Robinhood (-82%) e Pinterest (-72%) desde suas máximas.

O infográfico abaixo também deixa claro o tamanho de mercado e tipo de empresa (valor ou crescimento) que compõem o S&P 500, principal índice de ações dos EUA, desde o início do ano. Os destaques do ano ficam para as companhias de valor, em especial as large caps, enquanto as de pior desempenho têm sido as pequenas empresas de crescimento acelerado.

Tabela com dados numéricos

Fonte: Koyfin

2) O peso as commodities na composição do Ibovespa

O fato de boa parte do índice de ações ser composto por empresas ligadas a commodities ajuda muito no contexto atual. “As maiores posições são Vale (VALE3), com 17,5% de participação, e Petrobras (PETR4 e PETR3), com 11,7%. Juntas, elas somam quase um terço do índice, e precisamos lembrar que essas duas ações estão renovando suas máximas dos últimos anos”, explica o analista.

Para se ter uma ideia, a participação das duas em 2021 era de 22% e em 2016 era de 11%. “Se esse cenário se mantiver, veremos uma maior concentração dessas empresas e um Ibovespa ainda forte”.

Veja abaixo a evolução da concentração do índice desde 2016 até 2022.

Imagem de gráfico com números os quais representam as oscilações na Bolsa de Valores

Fontes: Bloomberg e Empiricus

3) O fluxo gringo que sai da Rússia vindo para o Brasil

Como noticiado recentemente, a MSCI, empresa responsável pelos principais índices acionários, decidiu retirar as ações russas de um dos índices de mercados emergentes devido às sanções econômicas adotadas após a invasão ao território ucraniano.  

Segundo Ferrer, e assim como já havia dito Felipe Miranda neste outro artigo, a retirada da Rússia da composição de ETFs focados em mercados emergentes poderá provocar um aumento de fluxo financeiro gringo para o Brasil. 

O saldo de capital estrangeiro já chegou a R$ 71 bilhões. Para se ter uma ideia, ao longo de 2021, foi registrado um fluxo total de R$ 102 bilhões. 

“Ainda estamos em março, pode vir muito mais dinheiro estrangeiro. Os fundos estão de olho no Brasil”, reforça Ferrer.

 

 

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.