O número de imóveis vendidos no primeiro semestre de 2023 cresceu 9,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Ao todo, foram comercializadas 68,9 mil unidades.
Em termos de valores, o mercado movimentou R$ 19,3 bilhões nos seis primeiros meses do ano, alta de 12,2%. Os dados são da Associação Brasileira de Incorporadoras Mobiliárias (ABRAINC) em parceria com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
A melhora no setor – que sofreu com as altas taxas de juros – se deve à assertividade dos lançamentos, avalia o analista Caio Araújo, da Empiricus Research.
“As incorporadoras que fizeram lançamentos no primeiro semestre, que não foram muitas tendo em vista o cenário desafiador com juro elevado e as famílias com menos recursos, conseguiram vender bem. Você tem uma assertividade maior nesses lançamentos, escolhe aqueles que considera mais certeiros para o momento difícil”.
O analista acredita na continuidade da recuperação do setor imobiliário ao longo dos próximos trimestres, tanto nos segmentos de baixa renda quanto nos de médio e alto padrão.
Além disso, a forte queda das ações em agosto e setembro, influenciadas pelo cenário macroeconômico, pode representar uma oportunidade.
“As incorporadoras estão, na média, caindo 10% em setembro, contra o Ibovespa um pouco mais sólido favorecido pelas commodities. É um setor bastante cíclico, bem sensível a juros, então, quando você tem essa alta na curva de juros, ele sofre um pouco mais”.
Prognóstico para as incorporadoras é positivo
O prognóstico favorável para o setor vem desde o ano passado, com as mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida, antigo Casa Verde e Amarela.
Depois, a perspectiva de queda de juros elevou ainda mais o otimismo.
“A queda nos juros de curto prazo, que já começou, traz uma maior solidez para o setor, com a redução da taxa de financiamento imobiliário pelos bancos, o que é bom para a performance operacional das incorporadoras. Claro que não vamos ver isso de imediato, mas possivelmente veremos notícias mais favoráveis para o setor de construção civil já nas prévias do terceiro trimestre”.
Agora, para o segundo semestre, o analista acredita na continuidade da recuperação das companhias.
“Temos um nível maior de lançamentos previstos para o segundo semestre, porque existe uma sazonalidade, mas você vê também uma confiança maior da indústria, assim como apontam os índices”.
Alguns pontos que reforçam a tese de investimento nas incorporadoras, segundo Caio Araújo, são:
- O ambiente operacional em recuperação
- O aumento no apetite dos investidores
- Os custos de construção mais equilibrados se comparados aos anos anteriores
- Melhora nas margens
- A queda de juros
“Esse contexto é historicamente favorável para incorporadoras. Só que em determinados intervalos, especialmente com estresse macroeconômico, esses ativos que têm um beta maior sofrem um pouco mais. Mas ainda assim temos confiança na tese”, explicou.
Analista recomenda ações da Cyrela (CYRE3)
Neste contexto de mercado, em que as ações de diversos setores caíram bastante, o analista recomenda o investimento na Cyrela (CYRE3).
“Ela está na cesta de incorporadoras que fizeram lançamentos assertivos no semestre, com números recordes. Além disso, tem um posicionamento equilibrado entre as classes e nível de endividamento controlado, então não vai ter problemas envolvendo distrato como vemos em outras incorporadoras ou margens muito deterioradas”.
A companhia também negocia a múltiplos favoráveis na comparação com os últimos anos, principalmente tendo em vista a qualidade e o histórico da empresa.
“Está sendo negociada a 1x book contra uma média dos últimos 5 anos de 1,2x, chegando até 1,5x em determinados intervalos, e um múltiplo preço sobre lucro de 7,5x para 2024, que consideramos interessante para a categoria”.
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