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Visa (VISA34) apresenta bom resultado, mas ações são ‘vítimas do próprio sucesso’ nos últimos meses; confira a análise

A Visa, marca de cartões de crédito, sentiu um crescimento no volume de pagamento e transações realidades. Entenda.

Por Enzo Pacheco, CFA

03 fev 2025, 11:15 - atualizado em 03 fev 2025, 11:16

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Imagem: iStock/ hatchapong

A Visa (B3: VISA34 | NYSE: V) apresentou os seus balanços do primeiro trimestre do ano fiscal de 2025 (encerrado em dezembro) aos investidores após o fechamento do mercado na quinta-feira (30). Os números vieram melhores do que o esperado pelo mercado, mostrando a capacidade da companhia de continuar entregando tanto crescimento de receita quanto de lucro.

No período, a receita da Visa foi de US$ 9,510 bilhões, aumento de 10,1% (+11%, desconsiderando variação cambial) em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

Volume de pagamentos e transações cresce no período

O volume de pagamento para os três meses encerrados em setembro/24 (na qual a receita de serviços do 1T25 é reconhecida) teve um crescimento de 8% (ex-câmbio) na comparação anual. Já o volume de pagamentos no 1T25 cresceu +7% (+9% ex-câmbio).

O volume de transações internacionais, excluindo na Europa, teve uma alta de 15% (+16%, sem variação cambial) no trimestre ante o 1T24, mesmos percentuais do volume total de transações cross-border.

As transações processadas pela Visa totalizaram 63,8 bilhões no 1T25, uma alta de 11% na comparação anual. Analisando por linha de receita, a de serviços totalizou US$4,208 bilhões no trimestre, valor 8% maior ante o primeiro trimestre do ano fiscal de 2024. Lembrando que essa receita é baseada no volume de pagamentos do 4T24.

Já as outras são decorrentes da atividade ocorrida no 1T25. A receita proveniente do processamento de dados somou US$4,745 (+9% vs. 1T24), a de transações internacionais, US$3,442 bilhões (+14%), e outras receitas, US$912 milhões (+32%).

Os incentivos aos clientes, para que eles utilizem as formas e sistemas de pagamentos da Visa, totalizaram um dispêndio de US$3,797 bilhões, valor 13% na comparação anual.

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Resultados da Visa no trimestre

As despesas operacionais somaram US$3,276 bilhões (+22% vs. 1T24), principalmente pelo aumento nos gastos com pessoal (US$1,813 bilhão, +22%) e despesas gerais e administrativas (US$481 milhões, +41%), assim como a amortização de ativos intangíveis e custos relacionados a essas aquisições (US$282 milhões, +14%). Excluindo esse valores, as despesas totalizaram US$2,917 bilhões (+11%).

Na linha final de resultado, o lucro líquido da Visa no trimestre foi de US$5,119 bilhões (+5% vs. 1T24), o equivalente a US$2,58 por ação, valor 8% acima do reportado um ano atrás. Ajustando pelas eventos não-recorrentes, o lucro líquido totalizou US$5,463 bilhões (+11%), ou US$2,75 por ação (+14%).

Além dos bons números, a empresa manteve a sua política de retornar capital aos seus acionistas. No trimestre, foram mais US$4,011 bilhões em recompras de ações e US$1,170 bilhão em dividendos.

Os investidores até responderam positivamente aos resultados, com a ação subindo mais de 2% no começo do pregão de sexta (31). Entretanto, assim como o mercado reagiu negativamente às notícias de que as tarifas sobre o Canadá e México seriam implementadas, o papel encerrou o dia com leve queda de 0,3%.

Visa: é hora de investir ou já subiu demais?

No ano, a ação da Visa manteve-se como uma das melhores performances da carteira, com ganhos superiores a 8% (desde a sugestão inicial, a alta é superior a 30%).

Entretanto, boa parte do ganho fácil na ação já veio — quando colocamos o ativo no portfólio, em julho de 2024, o múltiplo Preço/Lucro projetado era de 26 vezes, comparado com 30 vezes atualmente.

Importante salientar que o indicador voltou para a média dos últimos cinco anos, que ainda considera o período da pandemia, quando a ação passou a negociar por muito tempo acima das 35 vezes seus lucros esperados.

Ainda que continue gostando da empresa, essa retomada do papel fez a ação de “v´timapara um múltiplo na casa das 30 vezes reduziu um pouco a atratividade da ação, na minha opinião. Enquanto isso, você pode conhecer uma carteira gratuita de ativos internacionais para dolarizar e proteger o patrimônio.

Sobre o autor

Enzo Pacheco, CFA

Administrador pela Universidade Federal do Espírito Santo com pós-graduação em Operador de Mercado Financeiro pela FIA, Enzo Pacheco atua desde 2017 com análise de investimentos nos mercados internacionais. Hoje, é responsável pela série MoneyBets, voltada para os investidores brasileiros que querem expandir as fronteiras dos seus portfólios. Possui certificações CFA e CNPI.