A Vivo (VIVT3) divulgou os resultados do 3T22 e, mesmo com uma vulnerabilidade característica de seu tipo de negócio, mostrou números positivos.
A companhia é reconhecidamente uma das mais consistentes pagadoras de dividendos do país. Trata-se de um negócio essencial para todas as pessoas, estável e que tem forte geração de caixa.
Negócios assim são ótimos, mas suas ações geralmente são muito sensíveis a qualquer perspectiva de piora na remuneração dos acionistas.
Eles normalmente não amam o business, não são defensores ferrenhos da gestão e nem do propósito das companhias. A única coisa que os mantém no quadro acionário são os dividendos, e qualquer sinal de queda nos yields é suficiente para uma fuga de investidores e underperformance das ações.
Os investimentos da Vivo em fibra e 5G, a aquisição de ativos da Oi e o aumento da parcela do lucro operacional que vai para os bancos depois do aumento da Selic são todos fatores que apontam para redução do yield no curto prazo, e isso tem pesado sobre o desempenho das ações.
Mas os números do 3T22, além de sólidos, trouxeram uma melhora nas perspectivas de remuneração, especialmente por conta de um impacto positivo de créditos fiscais, que turbinaram o lucro contábil e, consequentemente, a parcela que poderá ser distribuída na forma de dividendos.
Vamos aos números da VIVT3
A receita líquida consolidada cresceu 10,6% no trimestre, para R$ 12,2 bilhões. Mais importante: a receita core, que exclui os serviços que não fazem parte da estratégia de crescimento futuro da companhia (voz fixa e cabo) cresceu 13% no trimestre, mostrando boas perspectivas para o futuro.
Aliás, vale lembrar que no 3T22 a receita não core caiu para 6,8% do total, ante 9,1% no 3T21. À medida que essa parcela continua caindo, menos ela impacta o crescimento consolidado da Vivo.
No segmento móvel, o crescimento foi de 15%, com melhora em todas as linhas (pós-pago, pré-pago, e aparelhos). O churn do pós-pago subiu um pouco na comparação com o 2T22, mas segue em níveis muito saudáveis.
No segmento Fixo, a receita core cresceu 11,2%, impulsionada pelo aumento da rede de fibra, que adicionou 4 milhões de casas passadas no período. A receita de IPTV (televisão associada à conectividade de fibra) aumentou +2,6% no período. Outro destaque positivo foi a linha de serviços para empresas (B2B), que além da conectividade, oferece soluções de cloud, TI, equipamentos e cibersegurança, entre outros, e cresceu 19% na comparação anual.
No entanto, a receita fixa consolidada cresceu apenas +2,1%, atrapalhada pela queda dos negócios legados (-18% vs 3T21) que, como já dissemos, têm perdido participação e em breve deixarão de ser uma pedra no sapato desse segmento.
Excluindo efeitos não recorrentes que ajudaram os números do 3T21, os custos cresceram +9,4% no trimestre, menos do que a receita, principalmente pela redução na provisão para devedores duvidosos e alta de apenas +4% nas despesas comerciais e de infraestrutura, já refletindo os efeitos positivos de uma maior digitalização do negócio.
Com isso, tivemos um incremento de +12,3% no Ebitda Recorrente, que subiu para R$ 5 bilhões e contou com um ganho de +0,6 ponto percentual de margem, um pouco acima do que o mercado esperava.
Mas a grande surpresa veio na linha do Lucro Líquido. Com aumento do endividamento para os investimentos em Fibra e aquisição dos ativos da Oi, esperávamos que um maior pagamento de dívidas atrapalhasse o lucro. O mercado trabalhava com um lucro de aproximadamente R$ 800 milhões, mas um impacto positivo de créditos fiscais ajudou a companhia a apresentar um resultado líquido de R$ 1,4 bilhão, alta de 9% na comparação com o 3T21.
VIVT3 vale ou não vale a pena?
Enquanto a geração de caixa livre segue impactada pelos fatores já mencionados (a queda em comparação ao 3T21 foi de -30%), o efeito positivo dos créditos fiscais, mesmo que não recorrente, deve resultar em aumento nas perspectivas para pagamento de dividendos, o que é boa notícia para nós.
Ao negociar por 4x Ebitda e um yield de pouco mais de 6%, a Vivo segue em nosso portfólio de Vacas Leiteiras, que busca as melhores pagadoras de dividendos da B3.
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