
O aluguel de ações é uma prática comum no mercado financeiro, mas ainda pouco conhecida por muitos investidores iniciantes. De forma simples, trata-se de um acordo temporário entre duas partes: uma que detém ações e está disposta a emprestá-las, e outra que deseja utilizar esses papéis por um determinado período.
O mecanismo contribui para o bom funcionamento do mercado, permite diferentes estratégias operacionais e pode gerar renda extra para quem mantém uma carteira de longo prazo.
O que é aluguel de ações?
O aluguel de ações é uma operação em que um investidor (o doador) empresta seus papéis a outro investidor (o tomador), mediante o pagamento de uma taxa previamente acordada. Essa transação é intermediada por uma corretora e registrada na B3, garantindo segurança e transparência.
Durante o período do contrato, o tomador pode usar as ações para realizar operações específicas, como venda a descoberto. Já o doador continua sendo o proprietário dos papéis, mantendo os direitos econômicos — como o recebimento de dividendos, bonificações e juros sobre capital próprio —, mesmo com os ativos emprestados.
Trata-se de uma forma de gerar renda passiva adicional, principalmente para quem adota uma estratégia de buy and hold e mantém ações paradas na carteira.
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Para que serve o aluguel de ações?
O aluguel de ações atende a diferentes objetivos e perfis de investidores. Veja os principais:
1. Venda a descoberto (short selling)
O uso mais comum do aluguel de ações é para viabilizar operações de venda a descoberto. Nessa estratégia, o investidor acredita que determinada ação irá se desvalorizar no curto prazo. Ele aluga o papel, vende no mercado, e se a ação de fato cair, recompra mais barato e devolve ao doador, ficando com o lucro da diferença.
Sem o aluguel, essa operação seria inviável, já que não se pode vender aquilo que não se possui.
2. Aumentar liquidez do mercado
Ao permitir que mais investidores operem com ativos que não necessariamente têm em carteira, o aluguel de ações aumenta a liquidez da bolsa. Isso contribui para a eficiência do mercado, melhora o volume de negociação e reduz spreads.
3. Renda extra para o doador
Para o investidor que empresta seus ativos, o aluguel representa uma fonte de rendimento adicional. Em geral, ações muito demandadas ou de alta volatilidade têm taxas mais atrativas.
4. Estratégias de arbitragem e hedge
Gestores e investidores institucionais também utilizam o aluguel de ações para implementar estratégias de proteção (hedge) e arbitragem, especialmente em operações com ETFs, BDRs e units, aproveitando distorções temporárias de preço entre ativos semelhantes.
Como funciona o aluguel de ações?
O processo de aluguel de ações segue um fluxo claro e regulado pela B3. Ele pode ser feito de forma ativa, quando o investidor cadastra os papéis que deseja disponibilizar, ou automática, se a corretora contar com um sistema de aluguel assistido.
Veja como funciona:
- Cadastro dos papéis: o investidor que deseja alugar ações deve autorizar a corretora a disponibilizar seus ativos para o aluguel, geralmente por meio da plataforma da própria corretora.
- Intermediação da corretora: a corretora atua como intermediária entre doador e tomador. Quando há demanda por determinado ativo, ela cruza as ordens e realiza a operação.
- Registro na B3: todo contrato de aluguel é formalizado pela B3 e segue regras definidas, como prazo, taxas, garantias exigidas e forma de liquidação.
- Garantias: para proteger o doador, o tomador precisa oferecer garantias — que podem ser dinheiro, títulos ou outros ativos — equivalentes ou superiores ao valor da operação. Isso evita prejuízos em caso de inadimplência ou oscilação inesperada.
- Encerramento e devolução: ao final do contrato, o tomador devolve os ativos ao doador, e o aluguel é encerrado. Durante todo o período, o doador continua recebendo dividendos e outros proventos normalmente, como se estivesse com as ações em sua carteira.
Quais ativos podem ser alugados?
O aluguel de ações não se restringe apenas aos papéis mais líquidos. Dentre os ativos que podem ser disponibilizados para essa operação, destacam-se:
- Ações ordinárias e preferenciais (ON e PN);
- ETFs (fundos de índice);
- Units (ativos compostos por ações ON e PN);
- BDRs (Brazilian Depositary Receipts).
A disponibilidade depende da corretora e da demanda existente no mercado. Em geral, ativos com maior volatilidade e interesse por parte dos traders têm mais liquidez no mercado de aluguel.
Quem são o doador e o tomador das ações?
A operação de aluguel envolve duas partes:
- Doador de ações: é o investidor que possui os papéis e autoriza o empréstimo. Ele recebe uma taxa como compensação e mantém os direitos econômicos das ações.
- Tomador das ações: é o investidor que precisa dos papéis para realizar determinada operação — geralmente uma venda a descoberto. Ele paga a taxa acordada, oferece garantias e se compromete a devolver os ativos no fim do contrato.
Importante destacar que ambos os lados precisam ter cadastro ativo na corretora e seguir os critérios definidos pela B3.
Quais são as taxas para o aluguel de ações?
O principal custo envolvido na operação é a taxa de aluguel, que é acordada entre tomador e doador. Essa taxa é expressa em percentual anualizado sobre o valor das ações alugadas, mas é cobrada proporcionalmente ao número de dias em que o papel fica emprestado.
Não existe uma taxa fixa. Ela varia conforme:
- A demanda pelo ativo (ações muito procuradas tendem a ter taxa mais alta);
- A volatilidade do papel;
- O prazo da operação;
- As condições de mercado.
Além disso, podem incidir taxas operacionais da corretora, como corretagem ou taxa de custódia, dependendo da instituição. É importante consultar esses custos antes de iniciar a operação.
Exemplo: se uma ação custa R$ 20 e a taxa de aluguel acordada é de 8% ao ano, o tomador pagará cerca de R$ 1,60 ao ano por ação, proporcional ao tempo em que estiver com o papel.
Aluguel de ações é seguro?
Sim, o aluguel de ações é uma operação regulamentada pela B3, com controle de risco rigoroso, exigência de garantias e registro formal de todos os contratos. Tanto o doador quanto o tomador são protegidos por regras claras e fiscalização constante.
Além disso, como o doador continua recebendo dividendos e demais proventos, o impacto na rentabilidade da carteira é positivo, especialmente em cenários de alta demanda.
O que o investidor precisa avaliar é se deseja ou não permitir o aluguel dos seus papéis — e, se for o tomador, conhecer bem os riscos envolvidos na estratégia que pretende utilizar.
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Quais são os riscos do aluguel de ações?
Para o doador, os riscos são muito limitados, já que a B3 exige garantias robustas e o processo é seguro. O maior risco seria não conseguir revender o papel rapidamente caso deseje liquidez imediata, mas esse cenário é raro e pode ser evitado com controle do prazo do contrato.
Para o tomador, o risco é mais elevado. Se o papel subir em vez de cair, ele terá que recomprá-lo por um valor mais alto e arcar com o prejuízo. Por isso, o aluguel costuma ser utilizado por investidores experientes e com boa gestão de risco.
O aluguel de ações é uma ferramenta estratégica que beneficia tanto quem empresta quanto quem toma os papéis emprestados. Ao permitir a implementação de diferentes estratégias, como a venda a descoberto, e ao oferecer uma fonte adicional de renda, ele amplia as possibilidades para o investidor e contribui para a eficiência da bolsa de valores.
Qualquer investidor com conta ativa em uma corretora habilitada pode participar, seja como doador ou tomador. Basta autorizar a operação e atender às exigências da instituição.
Não. Enquanto as ações estiverem alugadas, elas ficam bloqueadas para negociação. O doador continua como proprietário, mas não pode vendê-las até o fim do contrato.
O sistema da B3 exige garantias robustas. Caso o tomador não devolva os papéis, as garantias são executadas automaticamente para cobrir a operação, protegendo o doador.
Não. O doador continua recebendo dividendos, juros sobre capital próprio e outros proventos normalmente, como se estivesse com os papéis em sua carteira.
Depende do tipo de contrato. Em muitos casos, é possível solicitar a recompra antecipada, mas é importante verificar as condições com a corretora antes de iniciar a operação.