De modo geral, pode-se dizer que toda a precificação dos ativos do mercado de renda fixa funciona principalmente a partir de avaliações de risco de crédito. Nesse contexto, um dos instrumentos mais utilizados para medir e gerenciar esse risco é o chamado CDS.
O que é o Credit Default Swap (CDS)?
O Credit Default Swap, ou CDS, é uma espécie de derivativo do mercado de crédito onde, por meio dele, as partes interessadas podem negociar o risco de crédito de algum ativo.
Na maioria das vezes, esse derivativo é utilizado para proteger o investimento contra riscos. Contudo, essa não é a sua única aplicação. Ele também vem sendo usado no mercado financeiro como uma espécie de indicador de riscos.
O que é Default?
O Default é o termo usado para denominar uma situação em que uma das partes do acordo financeiro deixa de cumprir com as suas obrigações legais.
Por exemplo, quando uma empresa, país ou instituição financeira pega um empréstimo com outro, mas não consegue arcar com os termos do contrato, deixando de quitar a sua dívida.
O que é Swap?
Swap se trata de uma ferramenta utilizada para diminuir os riscos de uma operação financeira. Afinal, todo investimento oferece um certo risco, sendo ele de menor ou maior escala.
Nesse caso, é negociado um acordo entre as partes interessadas na operação financeira, para que os riscos de ambas sejam diminuídos. No Swap também é possível definir as obrigações de todos os envolvidos para com esse novo contrato.
Como exemplo, para que você possa ter uma maior clareza do que se trata o Swap, vamos imaginar que uma empresa esteja oferecendo um serviço de exportação. Essa empresa está recebendo em euros, mas seus gastos gerais com a operação são em reais.
Para que ela possa proteger a sua operação da variação cambial, basta fazer um Swap, com o objetivo de trocar o indexador de seus ativos para a moeda em que está sendo paga, o euro.
Como funciona o Credit Default Swap (CDS)?
O CDS funciona como se fosse uma apólice de seguros. Quando ele é usado como apoio em uma operação financeira, o investidor é protegido e tem o direito de ser indenizado, no caso do não cumprimento do contrato.
Ou seja, a adoção do Credit Default Swap é uma forma de proteger e indenizar os investidores. Assim, caso a outra parte cometa um Default, esse investidor não ficará desamparado.
Mas, as coisas não são tão simples assim! Para que o investidor tenha segurança no seu Credit Default Swap, é necessário encontrar uma instituição que assuma a responsabilidade de arcar com os prejuízos da quebra de contrato.
A instituição emissora do ativo é a responsável por encontrar uma instituição que assuma a responsabilidade de ressarcimento em caso de Default, em troca do recebimento de um prêmio.
Nesse sentido, o protege contra qualquer evento negativo que possa deixar o investidor numa situação indesejada. O Credit Default Swap engloba dívidas corporativas, lastreados em hipotecas ou transferência do risco de crédito de títulos municipais e de mercados emergentes.
Como acontece o “evento de crédito” entre as instituições?
Por ser uma espécie de derivativo, o Credit Default Swap é um contrato negociado em particular, somente entre as partes interessadas. Esse contrato é firmado da seguinte maneira:
- A empresa X que pretende comprar a proteção de investimento oferece uma taxa ou prêmio para a empresa Y, responsável por vender a proteção;
- Em seguida, a empresa X que está comprando a proteção precisa começar a pagar o CDS para empresa Y;
- No caso do ativo entrar em Default, a empresa X que comprou a proteção terá direito a uma indenização referente ao seu investimento.
Esse tipo de transação é conhecida no mercado financeiro como “evento de crédito”. Esse modelo de derivativo é indicado para obter tanto proteção quanto lucro. O objetivo final vai depender do propósito da transação.
Após o firmamento do “evento de crédito”, o comprador da proteção precisa entregar em dinheiro o valor dos títulos referenciados ou reais para o vendedor da proteção.
Entretanto, não existe nesse tipo de negociação algo que garanta ao comprador receber indenização no caso de falência da empresa que vendeu o contrato de proteção.
Por esse motivo, o derivativo de crédito CDS pode acabar não sendo a melhor escolha quando se é um iniciante na área de finanças.
Para que serve o CDS?
Resumidamente, o CDS serve para que as partes envolvidas em uma negociação se sintam seguras caso aconteça uma inadimplência. Mas, para ter essa segurança, às vezes é necessário pagar um preço alto.
Vamos supor que você adquiriu um título público, mas anda muito preocupado com o futuro do país. Nesse caso, você pode procurar uma instituição que ofereça o CDS do Brasil, destinado para a proteção do seu investimento.
Digamos que o seu título público seja de 10 anos. A partir do momento que você contratar o Credit Default Swap, uma taxa anual será cobrada pelo serviço de proteção do seu título durante esses 10 anos corridos.
Esse valor deve ser pago para que a empresa seguradora assuma os riscos por você. Sendo assim, se acontecer um Default, a seguradora ressarcirá o valor referente a quantia do investimento.
Existem muitos outros derivativos que podem ser utilizados para esse mesmo propósito. Mas, o Credit Default Swap é um dos mais importantes. Por essa razão, está sempre sendo usado por grandes fundos e gestoras de investimentos.
Como o Credit Default Swap é negociado?
Geralmente, o Credit Default Swap é negociado de forma particular diretamente entre as partes envolvidas. Ou seja, essa é uma ferramenta de proteção muito utilizada por investidores institucionais.
O CDS é normalmente negociado no mercado de balcão, local em que se encontram os títulos que não estão registrados na Bolsa de Valores.
Porém, apesar de não ter registro na Bolsa, os contratos CDSs costumam ser documentados por meio da ISDA – Associação Internacional de Swaps e Derivativos, com o objetivo de evitar possíveis flutuações, ou até mesmo garantir a definição de termos consistentes.
Já com relação a sua precificação, é muito difícil dizer um valor. Afinal, a sua falta de padronização torna a precificação bastante complexa.
Essa flexibilidade permite que as partes interessadas possam chegar a um acordo que esteja alinhado com ambas as necessidades.
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Quais são as vantagens oferecidas pelo CDS?
Veja a seguir, quais são as principais vantagens do Credit Default Swap:
- Possuem contrato vigente entre 1 e 10 anos. Sendo que, a maior parte da liquidez é concentrada em um período de 5 anos;
- Pagamentos periódicos menores;
- O CDS é um investimento em títulos de emissores de outro país. Por esse motivo, não existe preocupação com risco cambial;
- Possui uma maior liquidez;
- Protege o risco de crédito de ativos no balanço patrimonial;
- Pode ser usado para medir o desempenho do spread no mercado à vista, ou então o sentimento do mercado no curto prazo;
- Protege tanto os detentores de títulos quanto os credores, contra o risco de inadimplência do mutuário;
- Oferecem um fluxo constante de pagamentos, com pouco risco de queda.
CDS como indicador de risco de crédito
Ao contratar um derivativo, é conferido um valor de proteção para o título de crédito. É possível verificar esses valores, para saber se o investimento é uma aposta de baixo, médio ou alto risco.
Nesse sentido, você poderá saber se um país é uma ameaça para o mercado financeiro, apenas conferindo os valores cobrados por seus CDSs.
Quanto maior o risco para a instituição que está vendendo o Credit Default Swap, maior o valor financeiro do derivativo.
Lembrando que, por menor que ele seja, todos os países oferecem um risco de investimento. O Estados Unidos está entre um dos mercados financeiros mais seguros do mundo, devido ao seu menor índice de risco.
Como investir em um CDS?
Para investir em um CDS, é preciso procurar uma seguradora que ofereça esse serviço. A taxa cobrada irá depender do mercado financeiro e do risco de inadimplência.
Por exemplo, se um banco está emprestando dinheiro para uma instituição que tem grandes chances de não poder arcar com o contrato de empréstimo, resultando no famoso “calote”, o risco de inadimplência é muito alto. Ou seja, o valor do CDS também será mais alto.
Outra forma de investir em um Credit Default Swap, é através de um acordo entre as partes interessadas.
Como esse processo não entra na Bolsa, as partes interessadas podem definir o melhor acordo para ambos e registrar o contrato derivativo na ISDA.
Nesse modelo de CDS, o contrato de proteção é negociado de forma particular, e a própria empresa interessada precisa encontrar uma instituição que esteja disposta a arcar com as consequências de uma inadimplência.