Economia

Correção monetária: entenda como ela funciona e como calculá-la

Correção monetária é o processo de atualização de valores de acordo com a inflação do período. Saiba melhor como a correção monetária funciona.

Por Equipe Empiricus

14 dez 2022, 14:19 - atualizado em 03 dez 2023, 22:29

Imagem representando a correção monetária, mostrando um porquinho de poupança sendo enchido com dinheiro.

Evitar que o dinheiro perca seu valor ao longo do tempo é um desafio constante. Nesse sentido, a correção monetária existe para tentar solucionar ou pelo menos minimizar os efeitos desse problema. Pois, com reajustes baseados em vários indicadores da nossa economia, é possível manter o poder de compra de determinada quantia mesmo após um período de tempo.

O que é a correção monetária?

Correção monetária é um ajuste que determinada moeda sofre em relação a moedas estrangeiras e à inflação.

Também é chamado de atualização monetária e seu principal objetivo é manter o valor da moeda, o que ajuda investidores a evitarem prejuízos, já que o valor investido tende a não se desvalorizar ao longo do tempo.

Para fazer o cálculo de correção monetária é possível usar vários indicadores e cada um deles será aplicado a depender da situação.

Se o conceito ainda não ficou claro, vamos a um exemplo prático para acabar com qualquer dúvida.

Imagine que você emprestou dinheiro para um amigo ou instituição financeira durante 1 ano. Ao final desse período, se você receber exatamente o mesmo valor, seu dinheiro terá desvalorizado.

  • Para manter o mesmo poder de compra, é necessário corrigir o valor levando em consideração algum índice, como a inflação do período. Então, se você emprestou R$ 15.000,00 e a inflação do período foi de 10%, o valor a receber deve ser de R$ 16.500,00.

Repare que não estamos falando de juros, que seriam como um pagamento ou bônus por ter emprestado o dinheiro. Estamos nos referindo apenas a uma forma de manter o valor emprestado com o mesmo poder de compra.

Qual a diferença entre correção monetária e juros?

A diferença entre correção monetária e juros é que os juros são valores extras aplicados a uma dívida, seja por questões de atraso ou divisão de algum valor.

Por outro lado, a correção monetária é uma equiparação, que vai incidir sobre o valor total, incluindo os juros, e tem o objetivo de evitar a desvalorização do valor. Sendo assim, seu objetivo nada tem a ver com penalizações como ocorre nos juros.

Os dois conceitos são facilmente confundidos, pois, a grosso modo, equivalem a um valor a ser adicionado a um montante inicial. Contudo, há diferenças significativas como pudemos observar acima.

Qual a diferença entre correção monetária e deflação?

A deflação é o contrário da inflação. Ou seja, ocorre uma queda no valor de serviços e produtos em um determinado período de tempo.

Embora, em um primeiro momento, essa situação se mostre excelente para os consumidores, já que há uma maior valorização do dinheiro, a deflação pode se tornar perigosa quando persiste por um longo período.

Quando dura mais do que uns meses, a deflação pode causar uma recessão econômica, resultando em consequências ainda piores do que a inflação.

A correção monetária é um reajuste que visa impedir a perda do poder de compra em um determinado período.

Mas, caso a pessoa tenha um valor a receber e haja deflação no período, ela irá receber um valor inferior, mas com o mesmo poder de compra do antigo.

Isso ocorre porque a correção monetária quer apenas evitar a desvalorização e nunca propiciar algum ganho sem fundamentos.

Histórico da correção monetária no Brasil

A correção monetária no Brasil começou durante a década de 60, como uma forma de evitar a desvalorização do dinheiro durante um longo período de hiperinflação. Essa condição foi expressa na Lei n.º 4.506, de 30 de novembro de 1964, art.3º.

Ali se afirmava a necessidade de reajustar os valores expressos em Cruzeiros anualmente quando os índices observados chegassem a 10% ao ano ou 15% em um triênio.

A partir daí, a ideia de atualização monetária passou a ser usada em vários âmbitos de nossa sociedade, com diversas variações e discussões ao longo do tempo.

O Brasil foi o responsável pela criação de modelos de correção monetária que seriam adotados até mesmo em outros países.

Um exemplo prático são as atualizações do salário mínimo, em que todos os anos o reajuste é comparado à inflação. Então, se o aumento for ao menos igual a esse índice, podemos dizer que o poder de compra foi mantido.

Mas, nem sempre isso acontece. Às vezes o salário é ajustado abaixo da inflação, gerando uma correção monetária ineficaz que precisa ser corrigida posteriormente.

Como funciona a correção monetária?

A correção monetária funciona como um reajuste que evita a desvalorização do dinheiro durante um determinado período. Esse reajuste é baseado em algum índice importante da economia brasileira.

Para uma visualização clara de como a atualização monetária funciona, imagine que você receba todos os meses um valor para comprar uma cesta básica que custa R$ 200,00 reais. Mas, devido à inflação, esse valor passa para R$ 220,00.

Para manter o seu poder de compra, o valor recebido também precisa ser reajustado de acordo com a inflação.

Da mesma forma, se houver deflação e o valor do produto diminuir, o montante recebido também pode ser corrigido para menos, mantendo o mesmo poder aquisitivo, sem prejuízo para os envolvidos.

Como calcular a correção monetária?

Você pode fazer o cálculo de atualização monetária seguindo dois passos simples.

1.    Passo 1

Verifique qual é o fator acumulado do índice que deseja usar para o período correspondente. Esse índice vai ser diferente em cada situação, pois há diversos indicadores que podem ser usados.

2.    Passo 2

Após verificar a taxa do índice escolhido, basta multiplicar seu fator acumulado pelo valor atualizado usando a Calculadora Cidadão que está disponível no site do Banco Central do Brasil.

Índices de correção monetária

Há muitos índices de correção monetária que podem ser utilizados. Veja abaixo os principais.

IPCA

O IPCA é considerado a taxa oficial da inflação no Brasil. Ele é obtido por meio de um levantamento de dados feito pelo IBGE e que abrange a variação de preços de centenas de produtos em diversas cidades brasileiras.

Assim, é possível estabelecer um percentual de aumento de preços. Esse índice é atualizado todos os meses, sendo um dos indicadores mais importantes da economia brasileira.

CDI

CDI é a abreviação para Certificado de Depósito Interbancário. Em outras palavras, é um índice de juros pelos quais os bancos emprestam dinheiro entre si.

Essa taxa sofre variações diárias, com impacto imediato em correções monetárias sobre investimentos.

Os bancos adotam essa prática para que as contas nunca fechem no vermelho.

IGP-M

IGP-M é a abreviação de (Índice Geral de Preços do Mercado). É um índice similar ao IPCA, mas que faz uma análise mais profunda da economia brasileira, considerando não só os preços finais dos produtos, mas também os gastos em sua produção.

Uma das principais aplicações desse índice ocorre no mercado imobiliário, em que ele é usado para a correção monetária dos valores dos aluguéis.

Esse índice é feito pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e pelo IBRE (Instituto Brasileiro de Economia).

TR

TR é a abreviação de Taxa Referencial. Esse índice foi criado na década de 90 e continua impactando a economia, pois é usado como um indicador de correção monetária para algumas aplicações financeiras e operações de crédito.

O TR tem influência sobre os rendimentos da poupança, FGTS e títulos de capitalização. Assim, se o TR estiver em alta, os ganhos serão maiores.

O TR é calculado tendo como base outro indicador, a Taxa Básica Financeira.

Quando a correção monetária precisa ser realizada?

A atualização monetária é utilizada em qualquer situação em que se deseja manter o valor real do dinheiro mesmo após um período determinado de tempo, impedindo que o montante seja desvalorizado por índices como a inflação.

Atualização monetária de valores

Diversos valores utilizados em nosso dia a dia precisam de reajustes constantes. Podemos citar como exemplo a atualização nos valores dos aluguéis.

Geralmente, esse tipo de atualização ocorre anualmente, pois o valor pago em um ano já não tem o mesmo poder de compra no ano seguinte, sendo necessário um reajuste. Nesse cálculo, o índice comumente utilizado é o IGP-M.

Processos judiciais

Processos judiciais costumam levar um longo tempo. Mesmo quando uma causa é ganha e um valor precisa ser pago por uma das partes, todos os trâmites legais podem atrasar esse pagamento em meses ou anos.

Assim, quando o valor é efetivamente pago, é necessário que ele seja equivalente ao que ficou acordado anteriormente. Para que isso seja possível, o montante deve ser reajustado.

Restituição do imposto de renda

A taxa Selic é o índice utilizado na atualização monetária do imposto de renda. Esse reajuste é necessário para que o valor definido para restituição mantenha seu poder de compra no momento em que for realmente pago.

Pois, nem todo mundo recebe a restituição ao mesmo tempo. Geralmente, é divulgado um calendário com diversas datas e os contribuintes precisam ficar atentos ao seu dia de pagamento.

De qualquer forma, há uma correção monetária equivalente a esses meses de espera.

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