Renda Fixa

FIDC: saiba como funciona um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios

Um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) é um fundo composto por recebíveis adquiridos no mercado. Saiba melhor o que é e como funciona um FIDC.

Por Equipe Empiricus

14 set 2022, 09:36 - atualizado em 01 mar 2024, 17:09

Imagem representando o FIDC, mostrando dinheiro junto a uma planilha de informações financeiras e uma calculadora.

Investidores com perfil mais conservador buscam no mercado uma alternativa segura, mas que também seja rentável ao mesmo tempo. Nesse sentido, uma das alternativas que preenchem bem tais requisitos no mercado brasileiro é o FIDC.

Ainda que seja pouco conhecido, o FIDC pode ser uma boa opção para quem quer ampliar a lucratividade e diversificar a carteira de investimentos, mas sem deixar a renda fixa.

O que é um FIDC?

FIDC é a sigla de Fundo de Investimento em Direitos Creditórios no qual o valor aplicado é destinado para que uma empresa levante recursos por meio das suas contas a receber.

Por se tratar de um fundo, a sua dinâmica é bem parecida com a dos Fundos Imobiliários. Ou seja, é reunido um grupo de investidores que  aplicam dinheiro para que um gestor decida onde alocar os recursos.

No entanto, o gestor precisa respeitar a regra de que 50% do patrimônio líquido do fundo deve ser direcionado para aplicações em Direitos Creditórios.

O que são direitos creditórios?

Direitos creditórios são os créditos que uma organização tem a receber. Dentre os principais tipos de contas a receber de uma empresa, podemos citar:

  • aluguéis;
  • cheques;
  • duplicadas;
  • parcelamento do cartão.

Todos esses títulos de crédito são convertidos em títulos que posteriormente podem ser adquiridos pelo fundo. Ou seja, há uma securitização da dívida.

Como funciona o FIDC?

O FIDC funciona como qualquer outro fundo de investimento tradicional, reunindo recursos de vários investidores para uma aplicação em forma conjunta, sendo que 50% do patrimônio precisa ser aplicado em direitos creditórios.

Como mostramos, os direitos creditórios podem ser os mais variados, e ao transformá-los em títulos, a empresa levanta recursos para investir na operação, pagando em troca uma taxa de desconto que vira rendimento aos investidores.

Em suma, podem compor ativos de um Fundo de Investimento de Direito Creditório os créditos originados de transações financeiras, comerciais, industriais, imobiliárias, hipotecas, arrendamento mercantil e prestação de serviços.

Nesse sentido, quando você investe nessa modalidade está antecipando os recebíveis da organização em troca de uma taxa de juros. Mas, por outro lado, está se expondo aos riscos da inadimplência. Portanto, o FIDC nada mais é que um fundo de recebíveis.

Como os FIDCs são organizados?

A estruturação desse tipo de fundo é razoavelmente simples. Entretanto, ela é um pouco diferente de outros tipos de fundos de investimentos disponíveis no mercado. De modo geral existem seis agentes envolvidos:

  • Cedente – organização titular dos Direitos Creditórios;
  • Estruturadores – responsável por organizar o processo do fundo;
  • Custodiante – instituição que vai gerenciar os valores e fazer a custódia do fundo;
  • Administrador – responsável legal por captar os recursos através da venda de cotas;
  • Gestor – quem administra a carteira tomando as decisões de compra e venda de ativos;
  • Cotistas – pessoas que investem no fundo.

Tipos de FIDC

Ainda que tenha um certo grau de risco, esse é um investimento de renda fixa, uma vez que as taxas são previamente acordadas e o investidor sabe de antemão quanto receberá ao final da aplicação.

No mercado, existem basicamente dois tipos de fundos: aberto e fechado. Cada um deles possui suas próprias características, sendo:

  • FIDC Aberto: pode-se resgatar o investimento a qualquer hora, respeitando as regras de liquidez determinadas pelo fundo. Normalmente possui um prazo de resgate indeterminado.
  • FIDC Fechado: nessa modalidade as cotas só podem ser resgatadas ao final do prazo de duração, segundo o regulamento. Geralmente o prazo de resgate é determinado e o investidor fica ciente no momento da assinatura do contrato.

É de referir, que todos os fundos de direito creditório possuem regulamentos estipulando a política de investimento, bem como sua atuação, como grau de risco e segmento em que atuará.

Tipos de cotas

Todos os Fundos de Investimento em Direito Creditório são ou abertos ou fechados, e além disso, eles também são divididos em dois tipos de cotas:

  • Cotas seniores – Essa é uma cota com rentabilidade prefixada, ou seja, os juros são acordados antes do investimento, e o investidor tem preferência no seu recebimento, o que garante dizer que o risco é menor.
  • Cotas subordinadas – Esse é um tipo de cota mais arriscada, uma vez que o investidor só recebe após todos os cotistas seniores receberem. No entanto, por ter mais risco de inadimplência, a rentabilidade dessas cotas são maiores.

Quais são os requisitos para investir em um FIDC?

Vale dizer que atualmente o investimento em FIDC é voltado exclusivamente para investidores qualificados. Desse modo, é preciso cumprir alguns requisitos para investir nessa modalidade.

Para ser considerado um investidor qualificado é preciso ser considerado profissional, ou seja, ter certificado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para registro de agente autônomo, consultor de valores mobiliários, analista ou administrador de carteiras.

Além disso, também pode ser considerado investidor qualificado quem participa de clube de investimentos gerido por investidores qualificados, ou que tenha investimentos superiores a R$ 1 milhão comprovados por termo assinado.

Entretanto, devido ao crescimento na procura por esse investimento nos últimos anos, a CVM já estuda liberar esses ativos para todos os brasileiros.

Vantagens dos FIDCs

A principal vantagem é que ele possui uma boa rentabilidade, principalmente quando comparado a outros ativos de renda fixa como o CDB, LCI, LCA e poupança.

Além disso, dependendo do tipo de Fundo de Investimento em Direito Creditório que você investe, dá para negociá-lo no mercado secundário. Isso quer dizer que não é preciso esperar até o seu vencimento para ganhar com o título.

Outro ponto positivo é que esses fundos são classificados por agências de risco, então dá para avaliar quais são os mais e menos arriscados, fazendo com que o investidor tenha um panorama do custo benefício antes de investir.

Ademais, essa é uma alternativa de diversificação de carteira de investimentos, principalmente para quem tem um perfil conservador e quer buscar uma rentabilidade maior no momento de investir.

Desvantagens dos FIDCs

A principal desvantagem  de um FIDC é que ele é restrito a profissionais qualificados.

Além disso, um FIDC não é assegurado pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Um outro ponto negativo é que o valor mínimo do investimento é de R$ 25 mil, ou seja, realmente é um valor alto, o que expõe o investidor a um risco mais elevado.

E por se tratar de um investimento restrito a investidores mais qualificados, há baixa liquidez, uma vez que a procura no mercado secundário para negociação é menor.

Qual é a tributação?

A tributação do FIDC segue a mesma linha de outros investimentos de renda fixa. Nesse sentido, segue-se uma tabela regressiva do Imposto de Renda, na qual a alíquota é menor de acordo com o prazo de resgate, sendo ela:

Período da aplicaçãoTributação
Até 180 dias22,5%
Entre 181 e 360 dias20%
Entre 361 e 720 dias17,5%
Acima de 720 dias15%

Como investir em um FIDC?

Para investir em um FIDC é necessário ser um investidor qualificado. Portanto, não é uma alternativa que está disponível no mercado para todos os investidores.

Quem cumprir os requisitos mencionados neste artigo, pode por meio de uma corretora encontrar o fundo de investimento mais adequado ao seu perfil.

Vale lembrar que a maioria dos fundos disponíveis exigem um aporte inicial razoavelmente alto, o que pode inibir muitos investidores.

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Riscos dos FIDCs

Por se tratar de um investimento que não é assegurado pelo Fundo Garantidor de Crédito, o FIDC possui alguns riscos que o investidor precisa estar ciente.

Um deles é o risco de crédito, no qual os clientes da empresa que está negociando os títulos podem atrasar o pagamento ou até mesmo não pagarem as dívidas.

Outro risco é o de liquidez, pois como ele é um investimento mais restrito, se você precisar vender as suas cotas, pode não encontrar no mercado pessoas que estejam dispostas a comprá-las.

Por fim, existe o risco de mercado que são vários fatores como inflação, câmbio e outros erros macroeconômicos do governo que podem interferir no preço da cota, bem como na sua rentabilidade.

Dessa maneira, ainda que o fundo seja mais rentável que outras opções de renda fixa, é essencial considerar os riscos, pois se você tem um perfil mais conservador, precisa estar ciente que o retorno não é garantido.

Vale a pena investir em FIDC?

Investir em FIDC é uma alternativa interessante para quem quer diversificar a sua carteira de investimentos.

Assim sendo, como ele possui uma rentabilidade maior do que outros ativos de renda fixa, quando bem calculado o risco, pode ser uma alternativa interessante.

Por outro lado, se você tem uma aversão maior ao risco, essa pode ser uma opção não tão viável, uma vez que você estará exposto aos recebimentos dos clientes da empresa titular dos títulos.

Entretanto, como existe uma classificação de riscos é possível encontrar no mercado fundos que possuem riscos menores para os investidores. Assim sendo, ainda que seja uma opção atraente, é preciso analisar bem antes de investir.

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