Considerado um dos índices mais tradicionais da economia brasileira, o IGP-DI foi utilizado por muitos anos como referência para a inflação no país.
Hoje, seu uso é de suma importância para o cálculo de reajustes de contratos, especialmente sobre aluguel de imóveis e planos de saúde. Além disso, é aplicado em pesquisas de valorização e desvalorização patrimonial.
O que é IGP-DI?
O IGP-DI é uma das três modalidades do Índice Geral de Preços (IGP), um benchmark que mede a variação de preços em determinado período de tempo na economia brasileira. Criado na década de 1940, já foi considerado o principal índice de medição da inflação, sendo “substituído” aos poucos pelo IPCA.
Esse índice serve para medir a disponibilidade interna dos preços. Ou seja, as variações de valores que podem afetar diretamente as atividades econômicas no Brasil.
Seu cálculo é feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) desde junho de 1989, sendo medido todos os meses. O IGP-DI abrange toda a população do país, sem que haja restrição de renda ou faixa etária.
A principal finalidade do IGP-DI é mensurar o movimento de mercado de diferentes tipos de produtos, a fim de reajustar os preços de matérias-primas e bens de consumo. Assim, entram na conta valores de contratos, cálculos do PIB e preços de combustível e alimentos.
Componentes do IGP-DI
Dentro do espectro do IPG, o IPG-DI é composto por mais três índices, que são igualmente avaliados pela FGV a fim de mensurar diferentes frentes para a economia. São eles:
- IPA-DI (Índice de Preços ao Produtor Amplo): mede os preços do atacado e tem peso de 60%;
- IPC-DI (Índice de Preços ao Consumidor): medido no Rio de Janeiro e em São Paulo, determina os preços do varejo e tem peso de 30%;
- NCC-DI (Índice Nacional de Custo da Construção): medido em 19 capitais brasileiras, determina os preços da construção civil e tem peso de 10%.
Cada modalidade do IGP-DI tem um peso sobre determinadas áreas. Por isso, o índice foi utilizado por muitos anos para determinar o cálculo da inflação no país. Entre os indicadores, destacam-se aqueles relacionados aos preços de bens de consumo e produção:
- Itens agrícolas;
- Alimentos;
- Custos habitacionais;
- Linha têxtil;
- Educação, leitura e recreação;
- Planos de saúde;
- Cuidados pessoais;
- Transporte público;
- Materiais de trabalho;
- Mão de obra.
Como o IGP-DI é medido e calculado?
Assim como há diferentes tipos de avaliação para determinar os preços na economia brasileira, há métodos de cálculo equivalentes a cada um dos índices. No caso do IGP-DI, a FGV faz medições mensais, entre os dias 1 e 30 de cada mês. Os dados são recolhidos e então é feita uma análise para mensurar as oscilações.
Os valores mensais formam a chamada inflação acumulada, que é indexada aos 12 últimos meses ou apenas para um determinado período do ano. A partir disso, o acumulado do ano é apurado com base num valor fixo.
Para entender na prática, imagine que o valor seja 100 no ano de 1995, e então passa a ser 1.500 em dezembro de 2009. Assim, é possível afirmar que o valor aumentou em 14 vezes em relação ao período inicial.
O acúmulo geral é definido da mesma forma que a medição de juros compostos. Portanto, se em dezembro de 2017 a alta é de 0,55%, enquanto em outubro e novembro é de 0,57% e 0,14% respectivamente, deve-se calcular da seguinte forma:
(1,0055×1,0014×1,0057) – 1 = 0,012647073
Sendo assim, o valor final da inflação é de 1,264%, ou simplesmente uma alta de 1,2% até àquele mês.
Como o IGP-DI é utilizado na economia?
Foi-se o tempo que o IGP-DI era considerado o principal índice de inflação no Brasil. Isso porque ele perdeu o posto para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), hoje calculado pelo pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apesar de ter se tornado secundário, o IGP ainda é muito utilizado para outras finalidades.
A principal delas é registrar as atividades comerciais e os preços de contratos e setores, a fim de atuar como deflator – índice de correção que reajusta o valor real de produtos ou serviços –, além de ser um importante benchmark macroeconômico.
No geral, os índices financeiros servem para mensurar os movimentos econômicos do país, a fim de calcular uma média ponderada sobre as variações identificadas no mercado. Ou seja, funciona como um “termômetro” da economia.
Na prática, os dados apontados pelo IGP-DI refletem diretamente no cálculo de reajuste de contratos de aluguel de imóveis, de planos de saúde e contratos de seguros, além de determinadas tarifas públicas – como a conta de luz. Para a economia brasileira, ele ajuda a definir estratégias de reajuste para diferentes setores da economia.
Outro ponto de destaque é o fato de o IGP-DI – e outros índices – atuarem como benchmark, uma vez que eles podem refletir na performance de vários fundos de investimento. Quando há um produto de renda fixa atrelado ao desempenho da inflação, a análise desses índices pode facilitar na busca por melhores opções no mercado.
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Outros índices de inflação
O IGP-DI deixou de ser unanimidade quando o assunto é a medição da inflação no país. Outros indexadores surgiram para complementar os cálculos das variações positivas dos preços de bens e serviços no Brasil. Esses são alguns exemplos:
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)
O IPCA é hoje o principal índice da inflação no país. A avaliação é feita pelo IBGE e define as variações de preços de diversos produtos e serviços, a fim de estabelecer uma média de gastos da população brasileira.
O IBGE utiliza dados de consumo de famílias com renda entre um e 40 salários mínimos de 13 regiões metropolitanas e três municípios brasileiros.
IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado)
O IGP-M faz parte do mesmo bloco do IGP-DI, mas focado nos custos dos serviços abrangidos para os produtos chegarem à mesa do brasileiro. Assim, ele abrange mais segmentos quando comparado não só ao IGP-DI, mas também ao IPCA.
O índice é utilizado para determinar reajustes anuais de contratos, bem como para o faturamento de contas fixas do orçamento – como energia elétrica e diversos outros considerados essenciais.
IPC (Índice de Preços ao Consumidor)
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) é uma modalidade do IPCA, mas restrito a oito capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e Porto Alegre. Ele mede a evolução dos preços de itens do varejo para famílias com renda entre um e 33 salários mínimos.
O cálculo leva em conta uma cesta de produtos essenciais, e possui três variações relacionadas ao intervalo do mês (DI, M e 10).
INCC (Índice Nacional de Custo de Construção)
Por fim, o Índice Nacional de Custo de Construção está relacionado ao mercado da construção civil, e é amplamente utilizado por quem deseja financiar um imóvel na planta. O índice mede o preço dos materiais utilizados para mão de obra, bem como do projeto como um todo.
Ao financiar um imóvel na planta, o INCC é calculado junto às parcelas do financiamento. Por isso, ele pode variar conforme o período de contrato, e incidir sobre o valor do imóvel ainda devido. Assim como o IGP-DI, é essencial para estabelecer a inflação no país.