
Ao contrário do que muitos pensam, investidor qualificado não é sinônimo de investidor profissional. Trata-se de um termo definido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) referente a um tipo específico de investidor.
O que é investidor qualificado?
Investidor qualificado é uma classificação desenvolvida em 2004 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e atualizada pela instrução CVM 554/2014, que se refere a um grupo de investidores. Podem ser pessoas físicas ou jurídicas que têm aplicações financeiras superiores a R$1 milhão ou que tenham uma certificação aceita pela própria CVM.
Dessa forma, investidor qualificado se refere a uma categoria de investidores que possuem conhecimento sobre os riscos que os investimentos podem oferecer e/ou possuem uma grande quantidade de dinheiro aplicada.
É importante destacar que o montante de R$ 1 milhão deve ser em ativos financeiros, e não em dinheiro disponível.
Quais são os tipos de investidor qualificado?
As classificações tendem a gerar certa confusão, existem alguns tipos de investidores qualificados e formas de conseguir se encaixar nessa categoria, confira:
Investidor qualificado com mais de R$ 1 milhão aplicado
Caso o investidor possua R$1 milhão ou mais em dinheiro aplicado, ele já pode ser considerado um investidor qualificado, basta solicitar ao banco em questão o Termo de Investidor Qualificado e atestar o valor investido além das habilidades de reconhecer as aplicações de alto risco.
Após preenchimento do Termo de Investidor Qualificado, é possível ter acesso aos benefícios e transações que o título oferece.
Investidor com certificação financeira
Ainda que o investidor não possua a quantidade mínima necessária para se tornar um investidor qualificado, é possível conseguir a classificação através de certificações e qualificações técnicas. Os exames são rigorosos pois requerem bastante conhecimento financeiro.
Algumas das provas que podem tornar alguém um investidor qualificado são:
- CNPI — Analista de Valores Mobiliários;
- CFP — Certified Financial Planner – Planejador Financeiro;
- CEA — Certificação de Especialista em Investimentos ANBIMA;
- CGA — Certificação de Gestores ANBIMA;
- CFA — Chartered Financial Analyst;
- Agente Autônomo de Investimentos (AAI) — Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord);
Além disso, esses são alguns exemplos de assuntos que costumam ser abordados:
- Economia geral;
- Derivativos;
- Classificação de fundos de investimento;
- Hedge;
- Legislação de finanças e investimentos.
Para conseguir a classificação de investidor qualificado através dessas provas é preciso ser aprovado e em alguns casos, existe a necessidade de manutenção, como o pagamento de anuidades.
Investidor profissional
Apesar das dúvidas que podem ser causadas entre os termos, todo investidor profissional é um investidor qualificado. A diferença entre essas duas classificações é a quantidade de valor aplicado, enquanto o investidor qualificado precisa de no mínimo R$1 milhão, o investidor profissional precisa ter R$10.000.000,00 (dez milhões de reais).
Além disso, também é preciso assinar um termo para se tornar um investidor profissional. Pelo alto valor investido em aplicações, a maior parte dos investidores profissionais são:
- Clubes de investimento, desde que seu gestor seja autorizado pelo CVM;
- Instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Central;
- Companhias seguradoras e sociedades de capitalização;
- Fundos de investimento;
- Agentes autônomos de investimento, administradores de carteiras, analistas e consultores autorizados pelo CVM, com relação a seus próprios recursos;
- Entidades abertas e fechadas de previdência complementar.
Quais os benefícios de se tornar um investidor qualificado?
O investidor qualificado tem um vasto leque de opções quando se trata de cartela de investimentos, além de ter acesso a aplicações restritas ao público. Apesar desses investimentos trazerem riscos, podem trazer grande retorno aos investidores.
Por isso, é necessário que o investidor qualificado entenda as dinâmicas do mercado e saiba reconhecer os riscos das transações. Além de diversificação da carteira de investimentos e possibilidade de altos retornos nos investimentos, os investidores qualificados também podem conseguir condições especiais em bancos de investimento.
No mais, além das melhores oportunidades de retorno, o investidor qualificado também pode ter acesso a informações privilegiadas e produtos financeiros que exigem maior conhecimento e compreensão de riscos.
Quais são os investimentos direcionados para investidor qualificado?
Existem alguns investimentos que somente investidores qualificados podem ter acesso. Por exemplo, em 2016 a CVM delimitou os investimentos em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) aos investidores qualificados.
Outros investimentos que também exigem maior conhecimento e estratégia também são restritos aos investidores qualificados. São eles:
CRI e CRA
Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), são investimentos de renda fixa e que fazem parte do crédito privado. Apesar de possuírem grandes riscos, são possibilidades com taxas de retorno atrativas.
FIDC
O Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) se refere a fundos de investimento que têm como objetivo a aquisição de taxas nos resultados dos investidores. O diferencial, nesse caso, é que isso é administrado por um gestor profissional.
FIEX
O Fundo de Investimento no Exterior (FIEX) tem como objetivo os ativos financeiros do mercado externo, possibilitando maior diversificação da carteira financeira. Podendo ser ativos de renda fixa ou variável. No entanto, a possibilidade de acesso a esses fundos pode depender de outros critérios e não é exclusivo para investidores qualificados.
Fundos de Investimento em Participações
Os Fundos de Investimento em Participações (FIP) aplicam em empresas de capital fechado, dessa forma parte dos ativos também podem ser convertidas em títulos imobiliários.
Ser um investidor qualificado permite acesso a produtos financeiros que não estão disponíveis para investidores não qualificados, geralmente devido ao seu maior risco ou complexidade. Isso também pode oferecer melhores oportunidades de retorno.