Economia

Juros futuros: saiba o que são e como eles são negociados no mercado

Juros futuros são contratos negociados no mercado que representam a expectativa da taxa em um determinado período. Entenda melhor como os juros futuros funcionam.

Por Equipe Empiricus

29 jan 2023, 23:07 - atualizado em 03 dez 2023, 22:29

Imagem representando os juros futuros, mostrando uma pilha de dinheiro com um relógio ao fundo.

Os juros futuros são pouco lembrados pelos investidores iniciantes. Mas, sua importância para a economia e para o mercado financeiro é gigantesca. Essa taxa influência em diversas vertentes da sociedade e ter um bom conhecimento sobre o seu funcionamento nos ajuda a tomar decisões melhores.

Neste texto, vamos explicar os juros futuros em detalhes, mostrando qual é a sua relação com a taxa Selic, quais são os tipos de investimentos que podemos fazer baseados nessa taxa e por que eles são tão importantes para todos os brasileiros. Confira!

O que são os juros futuros?

Os juros futuros são uma estimativa do mercado sobre qual será a taxa básica de juros no futuro. Eles também são chamados de juros longos.

Estamos muito acostumados a ouvir falar sobre a Selic, que é a Taxa Básica de juros da economia e é muito usada para controlar a inflação. Mas, sobre os Juros longos, pouco ouvimos falar, apesar de que eles são extremamente importantes e influenciam diretamente no mercado financeiro, tanto na renda fixa quanto na variável.

Além disso, eles têm uma relação direta com a Selic. Por isso, as duas taxas costumam caminhar em patamares parecidos, embora os juros longos possam até mesmo extrapolar a Selic, já que há alguns fatores distintos que pesam em sua variação.

Como funcionam os juros futuros?

Os juros futuros funcionam como um tipo de previsão do comportamento do mercado e da economia no geral. Assim, quando há expectativa de um período de alto risco para os investimentos, essa taxa será mais alta.

Dessa forma, é seguida uma lógica do mercado, em que, quanto maior o risco, maior a recompensa para os investidores.

As projeções consideram diversos eventos que ainda vão ocorrer, na tentativa de dar uma estimativa mais próxima à realidade. Por isso, esse tipo de juros é influenciado por muitos fatores, como:

  • Perspectivas para a inflação e taxa atual;
  • Política fiscal e monetária adotada por determinado governo;
  • Tamanho da dívida pública;
  • Atividade econômica do país;
  • PIB atual e projeção para o ano;
  • Taxa de câmbio.

Usando esse tipo de dados, é possível projetar uma expectativa de juros para meses, anos e até décadas à frente.

Por exemplo, se os estudos indicam que daqui a dois anos a inflação estará muito alta, então é esperado que os juros futuros também estejam. Por isso, os contratos de juros para esse período determinado terão uma taxa mais alta.

Para que servem os juros futuros?

Uma das principais funções dos juros futuros é trazer uma maior estabilidade e previsibilidade para o mercado financeiro, que normalmente é extremamente volátil e dinâmico, sofrendo grandes oscilações em curtos períodos.

Mas, ao criar uma taxa de juros fixa para uma época futura, os investidores sentem uma maior segurança, já que estarão menos expostos aos efeitos das variações comuns do mercado.

Pois, essa definição evita que o investidor tenha que se preocupar com a instabilidade até o fim de seus investimentos.

Em outras palavras, essa taxa funciona como uma espécie de seguro, que vai permitir ao investidor desbravar um ambiente inconstante com mais tranquilidade.

Além disso, os juros longos servem para mostrar de forma mais clara a situação do país. Pois, se houver alguma crise ou instabilidade política, isso vai reverberar nas previsões futuras da taxa.

Quais os tipos de contratos baseados em Juros Futuros?

Os juros futuros são precificados pelos contratos conhecidos como DI (depósitos interfinanceiros), que por sua vez são gerados por meio do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que é a taxa usada pelos bancos para emprestar dinheiro entre si.

Os contratos DI são negociados na bolsa de valores brasileira, B3, com o código DI1. Os lotes disponibilizados contam com cinco contratos. Há um acréscimo de uma letra referente ao mês de validade, e de 2 números correspondentes ao ano.

Para participar desse tipo de negociação, o investidor precisa depositar para a corretora um percentual dos contratos comercializados. Como garantia, as corretoras costumam aceitar: títulos do tesouro direto, CDBs e até ações.

Esse tipo de negociação pode ser feito de duas formas distintas, como vamos ver abaixo.

Contrato futuro prefixado

Esse tipo de contrato é vantajoso quando há uma dívida com juros pós-fixados variáveis, com a expectativa de que as taxas sejam maiores no futuro.

Assim, o investidor estará protegido contra a alta, pois será possível negociar o contrato futuro prefixado com a taxa atual.

Contrato futuro pós-fixado

Com esse contrato temos uma dívida com juros prefixados determinados com antecedência e com a possibilidade de que as taxas sejam menores no futuro.

Dessa forma, o investidor pagará menos juros DI ao comprar um contrato futuro pós-fixado, com a taxa do dia do vencimento.

Quais os custos de se investir em contratos DI?

O investidor que quiser negociar juros futuros precisa arcar com algumas taxas DI referentes ao seu investimento. Uma das mais conhecidas é a taxa de corretagem. O valor vai depender da tabela de taxa operacional básica.

O total será de 3,00% baseado no volume financeiro da negociação. Já no Day Trade, a taxa de 1,5% é referente às operações de compra e venda do DI futuro.

Além disso, o investidor precisa pagar as taxas oriundas da própria bolsa de valores. São três:

  • Taxa de liquidação: a liquidação de contratos é feita sob uma taxa de R$ 0,01166;
  • Taxa de permanência: essa é a taxa paga pelas posições que ficam em aberto e pela omissão de relatórios e arquivos;
  • Emolumentos e taxa de registro: o valor vai depender do volume da negociação e é formado por uma taxa fixa e outra variável. Os valores exatos podem ser encontrados na plataforma da B3.

Por fim, é importante considerar que aqueles que investem em contratos de juros futuros precisam pagar imposto de renda (IR).

Essa cobrança incide sobre os lucros líquidos obtidos durante a liquidação de um contrato. A taxa é de 15%.

Mas, para as operações Day Trade, a taxa é de 20% sobre o lucro e deve ser apurada e paga pelo próprio investidor até o último dia útil do mês subsequente.

Porém, se não houver lucro, também não haverá incidência de IR.

Como investir com segurança?

O primeiro passo para investir com segurança, independente do ativo escolhido, é estudar muito bem o mercado e a opção selecionada.

Além disso, escolha um tipo de investimento que seja adequado ao seu perfil e aos seus objetivos. Também não se esqueça de abrir uma conta em uma corretora de valores confiável e, se necessário, contrate um profissional para ajudá-lo em sua jornada.

Embora alguns investimentos sejam tentadores e muitos tenham a impressão de que é possível ganhar dinheiro rapidamente, a entrada no mercado financeiro exige cautela, preparação e muita análise. Assim, é possível alcançar bons resultados.

Por que os juros futuros são importantes?

Os juros futuros são importantes porque funcionam como um tipo de mitigador de riscos, evitando grandes perdas decorrentes da oscilação nas taxas de juros da economia.

Não é sempre que é possível reduzir esses riscos, já que a volatilidade do mercado e situações imprevisíveis podem gerar prejuízos.

Porém, se não houvesse a proteção oferecida por esse tipo de juros, a situação seria muito pior. Pois, os investidores teriam que assumir riscos maiores e nem todos estariam dispostos a isso, o que resultaria em um mercado menos eficiente e com menor liquidez.

Juros futuros e o mercado financeiro

Os juros futuros são a taxa principal para precificar os ativos de renda fixa. Por exemplo, o Tesouro Direto usa esse valor ao negociar títulos com vencimento igual ao dos contratos futuros de DI. Assim, os valores são alterados caso os juros longos aumentem ou caiam.

Os títulos pré-fixados ou que têm seus vencimentos atrelados à inflação acompanham esse tipo de juros de forma inversamente proporcional, ou seja, enquanto um sobe o outro desce e vice-versa.

Já as opções de investimentos pós-fixados acompanham os juros longos de forma diretamente proporcional, subindo quando a taxa sobe e caindo se ela fizer o mesmo movimento.

Esse tipo de juros também causa impacto nos investimentos de renda variável. Por exemplo, os setores financeiros são beneficiados quando a taxa sobe. Mas, as áreas do varejo e da tecnologia são prejudicadas, já que a alta da taxa faz com que os empréstimos tenham juros mais altos.

Dessa forma, o valor das ações e o número de negociações pode diminuir, o que faz o crescimento desses setores estagnar.

Juros futuros e a economia

Por influenciar diretamente no mercado financeiro, podemos dizer que esse tipo de juros é fundamental para a economia. Seu comportamento ajuda a entender como está a saúde financeira de todo o país.

Ele caminha de forma conjunta à taxa Selic e o CDI, dois importantes índices da economia brasileira.

Além disso, quando há insegurança e problemas econômicos e políticos no país, a Selic e os juros futuros tendem a se distanciar.

Outra consideração interessante é que se essa taxa de juros aumentar, o Tesouro Direto terá que pagar taxas mais altas para financiar a dívida do país.

Dessa forma, é possível concluir que os juros futuros precisam ser entendidos não apenas pelos investidores, mas por qualquer cidadão que deseja saber mais sobre os diferentes movimentos da economia brasileira.

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