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Penny Stocks: o que são e quais os riscos de investir em ações “baratas”

Penny stocks são ações de baixo valor unitário. Veja como funcionam e o que considerar antes de investir.

Por Equipe Empiricus

24 abr 2025, 09:30

Imagem representando as Penny stocks, que são ações de baixo valor unitário, com alto risco e potencial de valorização.

O termo penny stocks pode soar estranho para quem está começando no mundo dos investimentos, mas representa uma categoria de ativos que desperta tanto interesse quanto controvérsias — já que abrange ações negociadas a preços muito baixos.

Embora o baixo preço possa sugerir uma oportunidade, investir em ações penny stock exige atenção redobrada. Essas empresas, em geral, apresentam maior volatilidade e menor liquidez, o que amplia tanto o potencial de ganho como o risco de perdas.

O que são Penny Stocks?

Penny stocks são ações de empresas de baixa capitalização, com preços unitários muito reduzidos. No Brasil, embora a B3 não tenha uma definição formal, o mercado costuma considerar como penny stocks as ações negociadas abaixo de R$ 1,00 por unidade. Já nos EUA, a Securities and Exchange Commission (SEC) classifica como penny stocks aquelas negociadas abaixo de US$ 5,00.

Esse valor tão baixo não significa, necessariamente, que a ação está “barata”. Na verdade, o preço reflete a percepção do mercado sobre o valor da empresa — e, no caso das penny stocks, normalmente indica problemas como:

  • Baixa geração de receita;
  • Endividamento elevado;
  • Falta de governança;
  • Processos de recuperação judicial;
  • Baixo interesse institucional.

Além disso, são ações com pouca liquidez, o que dificulta a compra e venda em condições favoráveis. Investidores que atuam nesse segmento devem estar cientes de que esses papéis não seguem os mesmos critérios de cobertura e análise aplicados às chamadas blue chips, as grandes empresas da bolsa.

Como funcionam as Penny Stocks?

As penny stocks funcionam como qualquer outro papel listado na bolsa, mas com particularidades importantes. Elas são, em sua maioria, ações ordinárias (com direito a voto), mas também podem ser units (ativos compostos por ações ordinárias e preferenciais).

Na prática, elas operam sob baixa demanda e são pouco negociadas, o que pode gerar oscilações bruscas de preço mesmo com volumes reduzidos de compra ou venda. A volatilidade é uma característica marcante das penny stocks, o que pode ser atrativo para quem busca retornos rápidos, mas perigoso para quem não domina o comportamento desse tipo de ativo.

Além disso, essas empresas costumam apresentar dados financeiros limitados e baixo nível de transparência. Algumas sequer são acompanhadas por analistas de mercado, tornando mais difícil realizar uma análise fundamentalista adequada, o que pode deixar o investidor mais exposto a boatos, especulações e movimentos artificiais.

Exemplos de Penny Stocks brasileiras

Na B3, é comum que empresas que perderam relevância, enfrentam dificuldades operacionais ou passaram por agrupamento de ações (reverse split) — operação que visa aumentar o valor unitário dos papéis, mas não resolve os problemas estruturais da companhia — acabem figurando entre as penny stocks nacionais.

Alguns exemplos históricos incluem:

  • OGX Petróleo (OGXP3): ícone da derrocada do grupo EBX, foi uma das penny stocks mais famosas da história recente brasileira.
  • INEP4, HAGA3, VIIA3 (anteriormente VVAR3): ações que, em determinados momentos, chegaram a valer centavos, dependendo do cenário macroeconômico e da situação da empresa.
  • Empresas em recuperação judicial ou prestes a sair do Novo Mercado também podem entrar nessa categoria.

É importante lembrar que a lista de penny stocks é dinâmica e muda conforme o desempenho dos papéis. Em alguns casos, o papel deixa de ser negociado por falta de liquidez ou por decisão da própria empresa (fechamento de capital ou migração de listagem).

Por que as ações viram Penny Stocks?

Existem diversas razões pelas quais uma ação pode cair tanto a ponto de ser considerada uma penny stock:

  • Deterioração dos fundamentos: prejuízos consecutivos, perda de mercado, má gestão e dívidas elevadas.
  • Cenários econômicos desfavoráveis: setores mais sensíveis à economia podem sofrer quedas abruptas em tempos de crise.
  • Problemas reputacionais: escândalos corporativos, fraudes contábeis ou governança fraca.
  • Falta de interesse do mercado: empresas pouco atrativas para investidores institucionais e sem liquidez acabam perdendo relevância.
  • Diluição acionária excessiva: emissões frequentes de novas ações sem geração de valor.

Assim, quando uma ação atinge valores muito baixos, a própria bolsa pode exigir que a empresa adote medidas corretivas, como o agrupamento de ações.

Vale a pena investir em Penny Stocks?

Essa é uma pergunta que depende do perfil de investidor. Em tese, penny stocks podem apresentar altíssimo potencial de valorização, especialmente em cenários de recuperação empresarial ou movimentos especulativos. Mas, na prática, os riscos são igualmente elevados.

Possíveis vantagens

  • Baixo preço unitário: com pouco capital, é possível comprar uma quantidade significativa de ações.
  • Potencial de multiplicação: em caso de turnaround ou movimento especulativo, a valorização pode ser expressiva.
  • Oportunidades de curto prazo: traders experientes buscam explorar movimentos pontuais de preço.

Riscos relevantes

  • Liquidez reduzida: pode ser difícil vender os papéis ao preço desejado.
  • Alta volatilidade: oscilações bruscas e imprevisíveis são comuns.
  • Falta de informação: pouca cobertura por analistas e baixa transparência contábil.
  • Possibilidade de prejuízo total: empresas em situação delicada podem ter as ações suspensas ou até serem excluídas da bolsa.

Portanto, investir em penny stocks pode fazer sentido apenas para investidores experientes, com alto apetite ao risco, capacidade de absorver perdas e foco em operações táticas. Não é uma estratégia indicada para quem busca segurança ou estabilidade.

Estratégias e cuidados ao operar Penny Stocks

Se, mesmo ciente dos riscos, o investidor quiser atuar nesse mercado, é importante adotar algumas práticas de proteção:

  1. Limite o capital investido: nunca aloque uma parcela significativa do portfólio em penny stocks.
  2. Estabeleça stop loss e metas de lucro: defina previamente pontos de entrada e saída.
  3. Acompanhe volume e liquidez: evite ativos que não apresentem negociações regulares.
  4. Fuja de boatos e “dicas quentes”: movimentos coordenados em redes sociais podem manipular preços artificialmente.
  5. Prefira operar via análise técnica: como há pouco suporte fundamental, muitos traders usam gráficos e padrões de preço para tomar decisões.

Além disso, é fundamental acompanhar comunicados da empresa à CVM, notícias de mercado e, sempre que possível, entender o motivo da desvalorização que levou a essa condição.

Embora as penny stocks possam parecer atraentes pelo valor e pela possibilidade de valorização acelerada, demandam análise criteriosa e cautela redobrada. Para a maior parte dos investidores, esse tipo de ação deve ocupar uma parcela muito pequena — ou nula — da carteira, sendo encarado como uma oportunidade pontual.

O que caracteriza uma penny stock?

Uma ação é considerada penny stock quando seu valor unitário cai abaixo de R$ 1,00 por tempo prolongado, sinalizando baixa capitalização e risco elevado.

É possível ganhar dinheiro com penny stocks?

Sim, mas envolve alto risco. A valorização pode ser expressiva em cenários pontuais, mas também há grande chance de perdas rápidas e dificuldades de saída por falta de liquidez.

Por que empresas realizam agrupamento de ações?

O agrupamento, ou reverse split, é usado para aumentar o preço unitário de ações que se tornaram penny stocks, evitando o descumprimento de regras da bolsa e melhorando a percepção do mercado.

Penny stocks pagam dividendos?

Na maioria dos casos, não. Empresas com ações muito desvalorizadas geralmente enfrentam dificuldades financeiras e não distribuem lucros aos acionistas.

Como saber se uma penny stock tem potencial de recuperação?

É necessário analisar os fundamentos da empresa, perspectivas do setor, histórico de resultados e medidas de reestruturação. A análise técnica pode ajudar, mas não substitui a avaliação dos riscos.

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