A previdência privada é um tipo de investimento focado no acúmulo de patrimônio com foco na aposentadoria. Cada vez mais popular no Brasil, ela contribui para um planejamento de maior estabilidade financeira no futuro.
Além de ser um importante aliado para o complemento de renda, a previdência privada pode financiar outras necessidades financeiras a longo prazo.
O que é previdência privada?
A previdência privada é um plano de seguridade voltado para quem deseja poupar dinheiro visando a aposentadoria. Esse tipo de investimento é feito à parte do recebimento do auxílio governamental (no caso do Brasil, o INSS) e é formado por diferentes tipos de ativos.
A previdência pode ser formada por uma série de ativos, como fundos de previdência e/ou ações. Seu uso vai além da aposentadoria, sendo possível de ser utilizado como uma renda extra para diversas finalidades.
Criada na década de 1990, a previdência privada brasileira surgiu como uma alternativa à previdência social – esta mantida pelo governo até hoje. Desde a sua criação, houve a inclusão de novos produtos financeiros e uma série de reformas regulatórias, tornando o sistema mais acessível e atraente para os interessados.
A principal diferença entre a previdência privada e a previdência social é o fato de a primeira oferecer maior flexibilidade e controle em relação ao auxílio governamental. Por ser administrada por instituições privadas, ela possibilita um portfólio mais inclusivo de acordo com o perfil e o objetivo de cada cliente.
Seu rendimento é previsível e estável, permitindo um investimento de longo prazo e com data de vencimento preestabelecida. Além disso, ela pode ainda ser utilizada como complemento da seguridade pública.
Como funciona um plano de previdência privada?
Os planos de previdência privada funcionam por meio de aportes periódicos (geralmente mensais), definidos pela instituição e pelo investidor durante a contratação de um título. A administração do plano, por sua vez, é feita por um gestor e focada em aplicações de baixo risco – como títulos de renda fixa, por exemplo.
Para contratar um plano de previdência, o cliente deve escolher uma instituição responsável pela gestão e manutenção do fundo e então o tipo de rentabilidade – que será diretamente atrelada aos retornos dos ativos investidos. Quanto mais eficiente for o gerenciamento da previdência, maior será a rentabilidade para o investidor.
Tempo de contribuição
Como não há idade mínima e nem a necessidade de comprovação de renda, a maioria dos planos de previdência privada podem ser utilizados como complemento de renda e diversos outros fins. Porém, a idade do investidor influencia diretamente no cálculo do plano.
Isso porque tanto a periodicidade da contribuição como o resgate são definidos para o longo prazo, com vencimentos que podem chegar até 30 anos. A definição é feita com base no perfil de investidor do contratante em outros critérios previamente discutidos com a instituição, o que possibilita uma escolha de plano personalizado.
Para chegar ao valor da mensalidade, as empresas fazem um cálculo de quanto é necessário guardar por mês para obter a renda desejada no fim do período. Vale ressaltar que quanto mais cedo o indivíduo montar um plano de previdência, menor será a incidência de taxas e também de valor mínimo para aplicação mensal.
Fases da previdência privada
A previdência privada funciona em duas etapas: a de acúmulo e a de usufruto. Enquanto a primeira frente é dedicada ao acúmulo dos recursos – que ocorre por meio dos aportes mensais e do “trabalho” dos juros –, a segunda é quando você de fato pode utilizar a renda para o objetivo estabelecido.
A fase de acúmulo é focada no longo prazo, por isso os planos de previdência têm vencimento entre 25 e 30 anos. Depois que os ativos trabalham com a ajuda dos juros, é chegada a hora de finalmente aproveitar a sua rentabilidade.
Dessa forma, a previdência se torna uma das melhores estratégias para quem deseja ampliar o patrimônio ao longo da vida e garantir uma aposentadoria tranquila e estável.
Regime de tributação
O cálculo de um plano de previdência privada é feito com base em dois regimes principais de tributação: a tabela progressiva e a tabela regressiva.
Na tabela progressiva, a alíquota do Imposto de Renda aumenta junto com a renda do contribuinte – da mesma forma que ocorre com o cálculo de salários. Assim, há isenção de IR até R$ 6 mil, e depois as parcelas aumentam entre 7,5% e 27,5%.
Já na tabela regressiva, a tributação da previdência privada diminui conforme aumenta a renda do contribuinte. Dessa forma, a alíquota é aplicada sobre o valor acumulado no plano de previdência privada, beneficiando aqueles que mantêm a aplicação reservada por maior tempo. O percentual pode cair para até 10% após o prazo de dez anos de contrato.
Esse é o regime de tributação mais utilizado para os planos de previdência privada do mercado brasileiro. Mas em ambos os regimes, a alíquota aplicada ao valor acumulado pode ser influenciada por fatores como a idade do contribuinte, o tempo de contribuição e o tipo de aplicação escolhido.
Além disso, é importante levar em consideração as regras fiscais vigentes no momento do cálculo, uma vez que elas podem sofrer alterações ao longo do tempo.
O que são os planos PGBL ou VGBL?
Quando o assunto é previdência privada, existem dois tipos de planos oferecidos pelo mercado: o PGBL e o VGBL. A principal diferença entre eles é a forma como incidem as tributações.
PGBL
O Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) é um tipo de previdência privada que permite ao investidor poupar dinheiro para a aposentadoria ou outras necessidades financeiras futuras. Sua principal característica é a possibilidade de dedução das contribuições do Imposto de Renda na fonte – o que pode gerar uma economia significativa no longo prazo.
Essa é a modalidade ideal para aqueles que entregam a declaração completa do IR, uma vez que permite a dedução de até 12% dos valores aportados no IR. Caso o investidor receba um salário de R$ 10 mil, por exemplo, e aplique R$ 1.200 mensais em PGBL, o imposto de renda incidirá sobre os R$ 8.800 restantes.
Vale lembrar, porém, que as contribuições feitas por meio do plano PGBL só são dedutíveis na declaração no ano em que foram feitas, e não na hora de resgatar o dinheiro acumulado.
VGBL
Já o Plano Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL) é utilizado por 90% dos brasileiros. Ele é oferecido para aqueles que optam pela declaração simples do Imposto de Renda – quando o desconto padrão chega a 20%.
Diferentemente do PGBL, que pode ser utilizado como complemento ao INSS, essa modalidade se compara a uma espécie de seguro de vida. Isso porque o investimento permite a inclusão de terceiros, como herdeiros, cônjuges e familiares.
Além disso, o resgate do plano VGBL pode ser feito antes da data de vencimento, desde que as condições contratuais sejam cumpridas. O pagamento do IR, entretanto, incide sobre o lucro obtido no momento do resgate da aplicação.
- Quer aprender como fazer seu dinheiro trabalhar para você? Liberamos 7 aulas gratuitas do curso “Jornada da Liberdade Financeira”, com a analista Larissa Quaresma. Clique aqui para assistir.
Vantagens da previdência privada
A previdência privada é uma forma de poupança que tem como objetivo auxiliar na aposentadoria ou em outros momentos futuros de necessidade financeira. Por isso, ela desponta como uma das melhores formas de se gerar patrimônio no longo prazo.
A seguir, listamos algumas das principais vantagens de se investir em uma previdência privada:
Flexibilidade de escolha de planos
Ao investir em uma previdência privada, você passa a ter maior liberdade para escolher os ativos que mais se adequam ao seu perfil ou objetivo. Os planos privados são criados e administrados de maneira flexível, permitindo ao investidor modificar ativos e reestruturar a estratégia caso o cenário econômico mude.
Enquanto alguns planos são voltados para a preservação do capital, outros visam o crescimento do patrimônio, a complementação do INSS ou até mesmo a realização de um sonho. Apesar do nome, a previdência privada é um tipo de investimento democrático que abrange cenários variados.
Possibilidade de dedução de impostos
Uma das principais vantagens da previdência privada é a possibilidade de a contribuição ser deduzida do Imposto de Renda, o que significa uma redução na carga tributária. O valor máximo de dedução, porém, depende do regime de tributação escolhido.
Além da dedução no IR, a previdência privada também é livre do temido “come-cotas”, presente em boa parte dos fundos de renda fixa.
Planejamento financeiro futuro
A previdência privada permite ainda que o investidor planeje sua aposentadoria ou outros objetivos financeiros a longo prazo. Além disso, oferece a possibilidade de resgate antecipado em caso de necessidade, sem prejudicar o objetivo final.
Ao longo dos anos, o investimento em previdência pode se valorizar com a alta dos juros na economia, proporcionando um crescimento no patrimônio do investidor. A rentabilidade da previdência privada é composta por rendimentos fixos e variáveis, dependendo do plano escolhido.
Segurança financeira
Por fim, a previdência privada é regulamentada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), o que garante maior segurança para o investidor. Antes de investir, porém, é importante que você escolha uma instituição financeira de confiança.
Em resumo, a previdência privada é uma opção para aqueles que buscam estruturar o seu planejamento futuro, com a possibilidade de dedução de impostos, crescimento do patrimônio e segurança financeira. Entretanto, é importante avaliar as características e objetivos pessoais antes de escolher um plano.
Desvantagens da previdência privada
Nem só de vantagens é feita a previdência privada. A depender do seu objetivo, ela pode não ser a escolha ideal. A seguir, listamos as principais desvantagens de se investir nesse tipo de produto:
Baixa rentabilidade
Uma das principais desvantagens da previdência privada é o baixo rendimento em comparação a outros tipos de investimento. Devido à sua natureza conservadora, a previdência tem como foco a manutenção de uma renda extra – e não necessariamente a rentabilidade.
Além disso, os planos de previdência privada também podem ser afetados por questões macroeconômicas, como inflação, taxa de juros e a variação do câmbio. Essas oscilações na economia podem impactar negativamente o rendimento no longo prazo.
Falta de Cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC)
Outra desvantagem da previdência privada é a falta de cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que garante o ressarcimento de até R$ 250 mil em caso de falência da instituição financeira responsável pelo título.
Esse tipo de situação, entretanto, é raro no mercado previdenciário brasileiro. Ainda assim, é importante que o investidor busque informações sobre o plano escolhido, além de avaliar seu perfil de risco e estabelecer metas financeiras realistas para evitar frustrações no futuro.
Carência
A depender do modelo de contratação efetivado, a previdência privada possui regras restritivas de saques antecipados, conhecidas como carência. Isso significa que o investidor pode ter dificuldades em resgatar o dinheiro investido antes do prazo estipulado pelo plano, o que pode prejudicar sua flexibilidade financeira.
Em alguns casos, a carência pode ser tão longa que o investidor não consegue resgatar o dinheiro investido antes da aposentadoria. Isso pode ser um problema para aqueles que precisam do dinheiro para financiar despesas importantes, como a compra de uma casa própria ou o pagamento de uma dívida.
Vale a pena investir na previdência privada?
Se você ainda está em dúvida sobre investir em um plano de previdência, deve começar por avaliar aspectos da sua vida e os seus objetivos futuros. Como a previdência privada funciona como uma espécie de poupança, ela pode servir a diferentes fins, como complemento do INSS ou mesmo um montante extra para a realização de um sonho.
Primeiramente, é importante entender que a previdência privada não é uma aplicação de curto prazo: os contratos geralmente duram de 20 a 30 anos. Assim, é necessário ter uma certa estabilidade financeira e um planejamento bem estruturado, a fim manter o pagamento das contribuições mensais durante todo esse período.
Outro fator a ser avaliado é a rentabilidade oferecida pela previdência privada: por ser um fundo de renda fixa, ela tende a ser previsível e estável. Além disso, o rendimento pode ser afetado por fatores externos.
Ou seja, em termos de investimento, ela nem sempre será a melhor escolha, especialmente se a sua intenção for fazer o dinheiro guardado “trabalhar para si”. Por isso, lembre-se de avaliar esse critério antes de contratar a sua.
Como escolher uma boa previdência privada?
O objetivo de um plano de previdência privada é a poupança para a aposentadoria, por isso é fundamental escolher a opção que melhor se adeque ao seu perfil do investidor. Você deve levar em conta suas necessidades, objetivos e recursos financeiros disponíveis.
Sendo assim, a escolha de uma boa previdência privada envolve fatores como:
- Rentabilidade: verifique a rentabilidade média histórica do plano e compare com outros investimentos de longo prazo. É importante lembrar que rendimentos passados não necessariamente significam os mesmos ganhos no futuro;
- Taxas: analise as taxas de administração do plano, pois elas podem influenciar significativamente na rentabilidade final do investimento;
- Regulamento: leia atentamente as regras do fundo escolhido, verificando as condições de carência, resgate, cobrança de taxas e outros detalhes importantes;
- Instituição financeira: pesquise sobre a credibilidade do banco ou da empresa credora responsável pela gestão da previdência. É importante escolher uma instituição confiável e de boa reputação;
- Diversificação: considere diversificar a sua carteira de investimentos, incluindo outros tipos de investimentos além da previdência privada.
- Perfil de investidor: escolha um plano que esteja alinhado ao seu perfil de investidor, levando em conta sua tolerância ao risco e objetivos financeiros.
- Acompanhamento: acompanhe regularmente o desempenho da sua previdência privada e esteja atento a qualquer mudança nas condições do mercado financeiro que possam impactar o seu investimento.
Por fim, você pode – e deve – buscar pela orientação de um profissional capacitado, que poderá auxiliar na escolha do melhor plano para o seu objetivo. A previdência privada é um excelente caminho para quem deseja obter maior tranquilidade financeira no futuro. Ainda assim, é importante que ela seja planejada com cautela e de forma personalizada.