Mercado diminui previsão à alta do PIB
O mercado financeiro rebaixou a projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano no boletim Focus, do BC (Banco Central), de 0,27% para 0,24%.
Por: Equipe Empiricus
O mercado financeiro rebaixou a projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano no boletim Focus, do BC (Banco Central), de 0,27% para 0,24%. Este é o primeiro resultado que leva em consideração a reeleição da presidente Dilma Rousseff. No entanto, o cenário político não influenciou o humor do mercado em relação a este indicador, garantem especialistas.
O Focus é publicado toda segunda-feira, com base em previsões para a economia coletadas durante a semana anterior. Por isso, na publicação anterior não era possível mensurar o impacto da reeleição. Caso o ano encerre com o crescimento do PIB previsto pelo mercado, será o pior resultado para o País desde 2009, quando, em termos reais, houve redução de 0,33% na produção de riquezas. “Não teve influência. O que você está vendo (previsão para a variação do PIB) leva em conta o que já aconteceu, nas semanas e meses anteriores”, explicou o professor de Macroeconomia e Cenários Econômicos Silvio Paixão, da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras).
O professor de Economia Ruy Cardoso, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, avaliou que a reeleição, dificilmente, gera influência na atividade econômica de 2014. “As mudanças, caso aconteçam, serão percebidas em 2015.” Destacou ainda que a redução de 0,03 ponto percentual na expectativa registrada no Focus é, provavelmente, ajuste de algumas empresas, das cerca de 100, que colaboram com opiniões ao documento do BC.
A projeção do PIB ficou em 0,27% por duas semanas. O coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio, observou que não apareceram resultados econômicos, na semana passada, que mudassem a opinião dos especialistas em relação ao baixo crescimento neste ano. “Não acredito que vai zerar, mas também não passará de alta de 1%”, disse, em relação à variação da atividade econômica neste ano.
INFLAÇÃO
A estimativa para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) apresentou, pela terceira semana consecutiva, o mesmo resultado, de 6,45% no encerramento do ano. Em setembro, o indicador atingiu 6,75%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Sobre a produção industrial, as análises apontaram para queda menor, passando de -2,24% para -2,17%, na comparação entre 2014 e 2013.
Mesmo após o BC alterar a Selic de 11% para 11,25%, na quarta-feira, o mercado manteve a previsão, pela 22ª semana seguida, de 11% para o fim deste ano. “Pode ser influência da coleta durante a semana, e os especialistas acabaram não alterando após o aumento da Selic”, opinou Maskio.
A empresa de análise de investimentos Empiricus Research destacou, em seu relatório, ontem, que a manutenção da mediana agregada do mercado em relação à Selic não tinha interpretação definida. O documento apresenta três hipóteses: erro de grafia do BC; não deu tempo dos analistas que contribuem para o Focus alterarem suas previsões; o mercado realmente aguarda retorno ao patamar de 11% na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, que encerrará no dia 3 de dezembro. A mais provável, segundo a Empiricum, é que não houve tempo para alterações.
No entanto, o BC informou que todos especialistas que participam da coleta de dados do Focus podem alterar suas previsões quando quiserem. Essas informações, quando inalteradas, são consideradas apenas por até 30 dias. A autarquia acrescentou que o que é publicado no Focus considera apenas o que está registrado na sexta-feira anterior.
Na prática, vários analistas alteraram suas expectativas. Dados do BC apontam que, na quinta-feira, a previsão média subiu de 11,02% para 11,18% na sexta.