Vinda de recursos para o Brasil depende do avanço no ajuste fiscal
A vinda de recursos para o Brasil não depende mais do impeachment de Dilma Rousseff, que já está basicamente precificado, e sim do avanço do ajuste fiscal, afirmam analistas ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Por: Equipe Empiricus
A vinda de recursos para o Brasil não depende mais do impeachment de Dilma Rousseff, que já está basicamente precificado, e sim do avanço do ajuste fiscal, afirmam analistas ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Se o governo do presidente em exercício Michel Temer conseguir provar que está colocando as contas públicas em ordem, pode se beneficiar da ampla liquidez global.
O economista-chefe para América Latina do banco ING, Gustavo Rangel, argumenta que a implementação das medidas de estabilização da dívida pública não está inteiramente no preço dos ativos brasileiros, mas ele tem uma visão otimista sobre o tema. “Acho que o mercado vai se surpreender positivamente com o que vai acontecer com a PEC dos gastos. Entendo que há espaço para entrar mais dinheiro no Brasil, principalmente em termos de ‘real money’”, comenta.
“Fluxo virá, mas a condição é que o lado das reformas não desaponte. O que já está no preço é um relativo sucesso dessas duas reformas combinadas (PEC do teto para os gastos públicos e Previdência), e talvez seja um otimismo um pouco exagerado”, afirma o economista sênior para a América Latina do banco Standard Chartered, Ítalo Lombardi.
Tsunami de dinheiro. Mesmo o estrategista-chefe Empiricus Research, Felipe Miranda, um dos poucos defensores da tese do “tsumoney” – a entrada de um tsunami de dinheiro (“money”, em inglês) no País –, diz que o impeachment é uma condição necessária, mas não suficiente para garantir uma trajetória sustentável de fluxo para Brasil. “O impeachment dispara a atração de investimentos, que vai ganhar força a cada notícia na direção de uma melhor política fiscal”, diz.
Miranda argumenta que existem quase US$ 17 trilhões em liquidez no mundo aplicados em juro zero ou mesmo negativo e o Brasil, com um juro real de quase 6%, é uma oportunidade bastante atrativa. “Ainda que fiquemos com uma fração, um milésimo dessa liquidez, para nós já é muito”, afirma. Ele observa que muitos gestores ainda estão bastante subalocados em América Latina e Brasil em relação à média histórica. Mesmo com o ganho de 36% acumulado este ano, a Bovespa ainda está barata, nos cálculos do economista.
Bolsa de valores. O sócio e diretor de investimento da NCH Capital para América Latina, James Gulbrandsen, é outro a afirmar que o estrangeiro nem sequer voltou com força para o mercado de ações brasileiro.
Até ontem, o índice desse tipo de ação na BM&FBovespa acumulava uma valorização de 38,17%, mais do que o Ibovespa, mas o analista diz que ainda existem muitas empresas desse porte que têm potencial para se valorizar muito mais.
Ainda assim, Gulbrandsen reconhece a importância do avanço no ajuste fiscal. “Já temos o ‘dream team’ na condução da economia. O que falta agora é apenas a execução do plano econômico.”