Day One

A Nvidia é fruto de hábitos ultrapassados

De fato, tudo isso é muito impressionante na história de Nvidia. Mas o que eu acho ainda mais impressionante está por trás disso.

Por Rodolfo Amstalden

19 jun 2024, 14:44 - atualizado em 19 jun 2024, 14:44

Nvidia (NVDA/NVDC34) mercado
Imagem: Divulgação/Nvidia

Em uma surpreendente corrida de recuperação, a Nvidia saiu do completo ostracismo para ultrapassar Apple e Microsoft, tornando-se a empresa listada mais valiosa do mundo.

A partir de um market cap já respeitável de 93 bilhões de dólares cinco anos atrás, quem poderia imaginar que a fabricante de chips hoje negociaria a 3,3 trilhões?

De repente, em meio a um mercado cada vez mais concentrado e retroalimentado por ETFs passivos, temos um raro e esperançoso exemplo de alguém que surge do nada para clamar o topo do pódio.

Uau!

The American Dream is still alive.

De fato, tudo isso é muito impressionante na história de Nvidia.

Mas o que eu acho ainda mais impressionante está por trás disso.

Jensen Huang, cofundador da empresa, ocupa o cargo de CEO desde 1993.

Ele tinha 30 anos quando assumiu a cadeira, e hoje tem 61 anos.

Com isso, Jensen é um dos mais longevos CEOs dentre empresas de tecnologia listadas.

Seria difícil mensurar exatamente quanto esse histórico pessoal está associado ao sucesso estrondoso da companhia.

Jensen é o primeiro a relativizar seus méritos, afirmando publicamente que não seria capaz de replicar nem mesmo a própria experiência da Nvidia.

Ainda assim, podemos supor uma segura correlação entre a persistência do CEO e a exponencialidade do earnings momentum.

Bem, se é mesmo verdade que trajetórias de longa dedicação carregam maior probabilidade de render desempenhos recordes, talvez estejamos diante de um problema para a próxima geração.

Não querendo generalizar, mas já generalizando: o jovem atual que vem de escolas de elite acaba de ser selecionado no programa de estágio e logo sente que não está recebendo o devido reconhecimento por seu brilhantismo ímpar. 

Domina o excel, sabe programar em python, mas se sente pressionado ao ser convidado a pegar um telefone para ligar para o departamento de RI e tirar uma dúvida; não tem whatsapp?

Não consegue aceitar que tantas pessoas burras que não sabem programar em python ganhem mais do que ele.

E termina decidindo pegar um sabático depois dos cinco meses de estágio, pois sente que está à beira de uma síndrome de burnout.

Onde estamos cultivando os próximos Jensen Huangs?

Sobre o autor

Rodolfo Amstalden

Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.