Na linguagem do mercado, uma empresa “compounder” é aquela que possui vantagens competitivas e um modelo de negócios rentável de modo que consegue expandir suas linhas de negócios ao longo do tempo. Em janelas temporais mais dilatadas, tornam-se verdadeiras campeãs em seus setores.
Essas companhias dificilmente estampam as manchetes como as de maior valorização em um determinado ano, mas, dada a consistência e previsibilidade de seus modelos de negócios, a capacidade de lidar com as dificuldades e o histórico comprovado de boa alocação de capital de seus administradores, são as que mais se valorizam em períodos maiores.
No Brasil, temos alguns casos clássicos de empresas que conseguiram executar com maestria seus planejamentos estratégicos e, com isso, tornaram-se verdadeiras fortalezas, a despeito do cenário macroeconômico extremamente desafiador da última década.
No segmento de infraestrutura, o caso mais emblemático é a Cosan (CSAN3). Desde 2009, a companhia já realizou mais de 20 movimentos transformacionais para o seu negócio, como a fusão da Rumo com a ALL, a aquisição da Comgás e da Sulgás e a expansão para outros países da América do Sul. Com isso, o seu Ebitda sob gestão se multiplicou por 29 vezes nesse intervalo de tempo, tornando-a um dos maiores conglomerados do país. O retorno anual médio para os investidores nestes últimos 14 anos foi de 21%, contra pouco menos de 9% do Ibovespa.
No setor de varejo farmacêutico, o melhor exemplo é a RD (RADL3). Fundada em 2011 após a fusão entre as redes Droga Raia e Drogasil, a empresa passou de 800 lojas em cinco estados brasileiros para mais de 2.400 lojas em todo o país. Com isso, sua receita bruta se multiplicou por 5 desde então e, dada a qualidade operacional, o Ebitda avançou 7 vezes. Mesmo após esse forte avanço, a companhia ainda detém pouco mais de 14% do mercado e há muita oportunidade de consolidação. Desde 2011, RADL3 sobe em média cerca de 21% ao ano, contra 4,6% do Ibovespa.
Já no ramo de locação de carros, a Localiza (RENT3), depois de um bem-sucedido plano de expansão de frota, apresentou níveis de crescimento e rentabilidade relevantes nos últimos cinco anos. Desde 2016, o crescimento anual médio da receita tem sido de 20%, enquanto o Ebitda sobe 30% e o lucro, 38%. Em dezembro do ano passado, foi aprovada pelo Cade a fusão da empresa com a Unidas, adicionando mais um vetor de crescimento para os próximos anos e consolidando ainda mais a sua posição de liderança no mercado. Desde 2016, o Ibovespa sobe em média 17% ao ano, enquanto a companhia sobe 40%.
Veja, bons negócios são capazes de criar e desenvolver mercados e, se comprados a preços justos, de remunerar bem os acionistas pacientes.
Embora tenha feito seu IPO recentemente, acredito que uma companhia poderá se tornar uma clássica compounder, tal qual Cosan, RD e Localiza. Estou falando da GPS (GGPS3), que é líder do mercado de serviços no Brasil.
Com mais de 10 aquisições desde o IPO e de 40 desde sua fundação, a companhia apresentou um crescimento médio de receita anual de 32% desde 2008, consolidando-se como referência e um dos principais empregadores do país.
Embora seja líder, a GPS possui apenas 4,5% de participação no seu mercado, o que mostra o tamanho da oportunidade que se apresenta à companhia. Por ser a maior e única listada do setor, tem um balanço mais robusto, maior capacidade de aquisição de empresas e retenção de clientes e expansão para novas linhas de atuação. Se você quiser saber mais sobre essa tese de investimentos e de outras compounders da Bolsa, a série Carteira Empiricus é uma boa pedida.
Forte abraço,
Fernando Ferrer