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Day One

Adeus ano velho, happy new year

Daqui a alguns dias você deverá estar junto de seus familiares, aproveitando uma bela refeição das festas de fim de ano (espero que todos devidamente vacinados e com o injustiçado arroz com passas na mesa). Com aqueles clássicos musicais do período ao fundo.

Por Enzo Pacheco, CFA

22 dez 2021, 10:19

Caro leitor,

Aqui estamos, nos últimos dias de 2021.

Daqui a alguns dias você deverá estar junto de seus familiares, aproveitando uma bela refeição das festas de fim de ano (espero que todos devidamente vacinados e com o injustiçado arroz com passas na mesa). Com aqueles clássicos musicais do período ao fundo.

Ano difícil, atribulado. Isso depois de um 2020 que também foi complicado.

Imagino que a sua carteira de investimentos também não tenha passado incólume nesse período, principalmente se você conta apenas com ativos brazucas no portfólio.

Bolsa caindo mais de 10%, renda fixa mostrando que também pode ser muito volátil, fundos imobiliários também não segurando muito a onda…

Por outro lado, aqueles que tinham parte do seu capital em dólar conseguiram ter uma maior paz de espírito para enfrentar esses dias complicados. Os ganhos em cripto também devem ter deixado clara a necessidade de ter uma parcela, ainda que bem pequenininha — atenção ao “diminutivozinho”, por favor —, da carteira nessa classe de ativos.

E, mais uma vez, quando for investir em ativos internacionais, não pense no dólar; pense em dólar. O foco aqui é construir sua riqueza além-mar.

Até porque, mesmo com as altas na Selic ao longo do ano, que poderiam atrair investidores internacionais para o país, a moeda americana não arredou o pé e continuou se valorizando frente à divisa tupiniquim.

Desde a reunião do Copom em 23 de março até a última neste mês, houve aumentos de mais de 7 pontos percentuais na taxa básica da economia. Já o dólar se manteve acima dos R$ 5,50 — tendo recentemente atingido os R$ 5,70 — mostrando que talvez seja necessário algo a mais para atrair capital para o país.

Agora, para dificultar um pouco mais, o banco central americano mudou o discurso e pretende encerrar a compra de títulos de mercado ainda no primeiro semestre do ano que vem, abrindo a porteira para possíveis aumentos na taxa básica do país.

Na última reunião do Fomc, comitê de política monetária do Federal Reserve, ocorrida semana passada, os integrantes do colegiado revisaram as suas estimativas para os juros americanos: se no começo da pandemia a perspectiva era de que só subiriam por volta de 2023, a expectativa agora é de até três aumentos ao longo de 2022, chegando ao intervalo entre 0,75% e 1%.

Vale salientar que essa mudança na visão dos membros do Fomc não está ligada a um cenário sombrio para a economia, muito pelo contrário. A projeção do Fed indica que os Estados Unidos devem crescer 4% no próximo ano.

Ainda que esse percentual tenha que ser revisto para baixo — devido aos problemas provenientes da variante ômicron e da dificuldade da aprovação do plano de investimentos de Joe Biden —, o PIB americano deve crescer algo em torno dos 3%, taxa maior do que a observada antes da pandemia e bem acima das projeções de crescimento para o Brasil (enquanto o FMI projeta crescimento de 1,5%, algumas instituições financeiras já apontam uma possível estagnação no produto interno bruto brasileiro no ano que vem).

“Mas será que vale a pena investir nos EUA agora, mesmo depois dessa forte sequência de altas?”

De fato, é bem provável que tenhamos uma valorização de mais de dois dígitos pelo terceiro ano seguido no S&P 500, o que suscita dúvidas se ainda haveria espaço para novos ganhos. Após altas de 28,9% em 2019 e 16,3% no ano passado, o principal índice acionário do mundo caminha para entregar retornos acima dos 20% em 2021.

Contudo, as estimativas do mercado apontam que o S&P 500 deve terminar 2022 na casa dos 5.000 pontos, o que representaria um retorno de pouco mais de 7% no ano — próximo da média histórica de 8% ao ano desde 1928.

[O curioso é que, das 94 observações do período, em apenas 6 a valorização no ano ficou perto da média; os 63 anos com ganhos tiveram um retorno médio da ordem de 18%, enquanto os 30 que ficaram no negativo perderam pouco mais de 14%.]

Olhando somente o múltiplo atual de mercado (22 vezes seus lucros para o ano que vem), muitos podem argumentar que o índice americano está caro.

Só que analisando o earnings yield (inverso do P/L) e considerando que a taxa do título de dez anos do Tesouro americano chegue nos 2%, ainda estaríamos falando de um prêmio de 2,5% para investir em ações. Como comparação, esse diferencial era abaixo dos 2% antes da crise de 2008 e negativo no período da bolha da internet. Ainda acho que dá para ter um parcelinha do portfólio no mercado americano — seguimos revisando nossa alocação para 2022 no MoneyRider, junte-se a nós.

Espero que você expanda o seu portfólio em 2022, tanto financeiramente como musicalmente — ninguém aguenta mais ouvir somente o CD da Simone (dica: a nova música do Ed Sheeran com o Elton John é um bom começo).

Boas festas e nos vemos em 2022.

Um abraço,
Enzo Pacheco

Sobre o autor

Enzo Pacheco, CFA

Formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Operador de Mercado Financeiro pela FIA. Desde 2017 atua na análise dos mercados internacionais na série da Empiricus voltada a este propósito (MoneyBets).