Day One

Cinco ressalvas ao dinheiro que não traz felicidade

Toda a discussão sobre se dinheiro compra (ou não) felicidade encontrou respaldo científico no clássico estudo de Deaton & Kahneman, que virou ícone pop sintetizado na equação Happiness = USD 75K.

Por Rodolfo Amstalden

20 maio 2021, 10:14

Toda a discussão sobre se dinheiro compra (ou não) felicidade encontrou respaldo científico no clássico estudo de Deaton & Kahneman, que virou ícone pop sintetizado na equação Happiness = USD 75K.

A partir de um nível de renda aproximado de US$ 75 mil por ano, novos acréscimos de renda implicam benefícios decrescentes sobre medidas experimentais de bem-estar individual.

Até aí tudo bem, pode encomendar sua Hering silkada.

Contudo, antes de desfilar com sua nova camiseta descolex pela Vila Madalena, saiba exatamente o que ela representa.

Cuidado com as interpretações simplistas de que mais dinheiro não traz mais felicidade.

Vamos, então, às cinco ressalvas:

1) Benefícios decrescentes são diferentes de benefícios estáveis, e ainda mais diferentes de malefícios. Jamais devemos subestimar ganhos de bem-estar, por menores que sejam.

2) No tocante àquilo que os psicólogos chamam de “avaliação da própria vida” — pensamentos que lhe vêm à cabeça quando você reflete sobre tudo o que conquistou desde que nasceu —, acréscimos de renda continuam produzindo benefícios significativos, mesmo muito acima dos US$ 75 mil/ano.

3) Não sei se você reparou, mas US$ 75 mil por ano é uma baita grana. A rigor, atualizando pela inflação desde que o estudo foi feito, estamos falando hoje de US$ 90 mil por ano. Isso equivale a uma fonte de renda de aproximadamente R$ 40 mil por mês. Com nota de corte tão elevada, poucos brasileiros poderiam argumentar que mais dinheiro não traz mais felicidade.

4) Para quem ainda duvida que se trata de uma baita grana, pense em termos de principal. Dentro de uma ótica de aposentadoria — supondo uma taxa de retorno recorrente da ordem de 10% ao ano (em linha com um pré longo) —, teríamos que investir R$ 5 milhões para gerar essa renda de satisfação com o bem-estar.

5) Outro importante corolário do estudo é o de que, se quase todo o bem-estar está lá, a preservação de uma renda de R$ 40 mil por mês vale muito. Se o sujeito ganha exatamente R$ 40 mil por mês, qualquer tropeço o machucará feio. Já se sua renda mensal é de R$ 80 mil, o grosso do bem-estar está preservado mesmo mediante cenários pessimistas.

Sobre o autor

Rodolfo Amstalden

Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.

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