“Rodolfo, como faço para me aposentar rapidamente?”
A publicação do livro Do que Você Precisa para se Aposentar? atrai à minha caixa de entrada perguntas como essa.
Recebemos muitas dúvidas sobre aposentadoria precoce aqui na Empiricus.
Não sei exatamente onde está a melhor resposta para esse tipo de indagação, mas desconfio que não esteja nos livros de economia e finanças.
Certamente, não se encontra nos best-sellers tipicamente expostos nas gôndolas de esoterismo e autoajuda.
A melhor resposta que eu encontrei até o momento está naquela que é considerada uma das referências primárias da literatura ocidental: a “Odisseia”, de Homero.
Aos olhos de um leitor economista, a Odisseia nada mais é do que um grande plano de aposentadoria.
Exausto depois dos dez anos guerreando em Troia, Odisseu — ou Ulisses, na versão romana — se vê tomado por um senso de justiça em relação a sua própria liberdade e a suas próprias vontades.
Ele foi arrancado de seu lugar de origem, separado de sua esposa, não viu o filho crescer.
Passou uma década 100% dedicado a conflitos e discórdias, enquanto sonhava com lembranças de paz e harmonia.
Matou-se de trabalhar, e agora deseja exercer seu direito natural ao amor familiar e ao descanso.
Logo, é fácil aceitar que, ao término da Guerra de Troia, o retorno a Ítaca torna-se o único objetivo de Ulisses, a ser executado com máxima urgência.
Diante desse escopo trivial, a Odisseia seria um poema de duas ou três páginas. Algo como: Ulisses chega em casa, toca a campainha, ganha um beijo emocionado da esposa, um abraço do filho, lambida do cachorro e… pronto, final feliz.
No entanto, a Odisseia, mesmo em suas versões mais compactas, aproxima-se de 600 páginas.
Findas aquelas antigas responsabilidades da Guerra de Troia, os problemas de Ulisses estão apenas começando.
Sua viagem de volta ao lar dura outros dez anos, repleta de desafios e ameaças.
“E daí, Rodolfo? O que isso tem a ver com as minhas expectativas previdenciárias?”
Bem, a decisão de se aposentar deve preceder em dez anos a aposentadoria de fato.
Para se aposentar com paz e qualidade de vida, o investidor precisa de uma década de planejamento. Não é uma decisão a ser tomada do dia para a noite.
Não vejo problema nenhum em mirar sua independência financeira aos 50 anos, por exemplo (o que é muito diferente de parar de trabalhar), desde que seu plano de convergência tenha sido construído desde os 40 anos.
Um plano desse tipo é perfeitamente factível, mas jamais deve ser promovido como algo instantâneo.
Assim como no caso da Odisseia, a busca por uma existência ordenada, pela salvação pessoal e pela trajetória rumo ao nirvana não devem ser tomadas como consequências naturais da velhice.
Temos que conquistar esses objetivos às custas de esforço, disciplina e de algum risco.
Se você se interessa por um método realista para alcançar a independência financeira daqui a dez anos, escape já da sedutora lábia de Calipso e venha conhecer minha estratégia de aposentadoria.
Ela funciona.