A primeira determinante sobre os ativos de risco locais é a trajetória do juro americano.
A segunda determinante é a política monetária dos EUA.
E a terceira determinante é Jerome Powell.
“Ah, mas e as eleições?”.
Generosamente, vamos colocar a corrida presidencial em quarto lugar, ainda classificando direto, mas correndo risco de ir para a pré-Libertadores.
Antes de seguir em frente, deixo claro que não tenho ideologia e não sou cientista político; já me bastam as frustrações de torcer para a Ponte Preta (rumo à série C) e para as ciências econômicas (rumo à Escola de Artes Cênicas).
Reporto aqui simplesmente o que tenho aprendido em conversas com profissionais de perfil técnico, apartidários, que realmente entendem do assunto.
São três insights simples e úteis para evitarmos ilusões de esperança ou de desastre com o próximo mandato.
1) Disputa acirrada
Embora algumas pesquisas hoje flertem com a possibilidade de Lula vitorioso no 1º turno, o curso natural das coisas deve levar a um rápido estreitamento da vantagem em relação a Bolsonaro.
Talvez algo como 5 pontos de distância, no 2º turno, com um tail risk (cisne cinza) de virada na última hora.
Será vantagem mais folgada se a Terceira Via embarcar rapidamente com Lula (sobretudo Ciro) e tail risk mais gordo se o Pacote de Bondades influenciar substancialmente os votos do Nordeste.
Em tese, a disputa acirrada favorece uma guinada ao Centro de ambos os candidatos, tanto no discurso de campanha quanto no começo do mandato.
2) Paralisia presidencial
Seja quem for o vencedor, não conseguirá fazer muito – nem para o extremo bem e nem para o extremo mal.
Tomando por base o favoritismo de Lula, teremos o choque de um hiper-presidencialista com o hiper-parlamentarista Arthur Lira.
Os parcos graus de liberdade orçamentária vêm sendo progressivamente capturados pelo Congresso, com boas chances de incluir agora as chamadas “emendas de relator”, em montante adicional de R$ 19 bi.
O último presidente a passar reformas com facilidade era um parlamentar nato (Michel Temer).
Não estamos mais no Brasil de 2003-2010, o que nos leva ao último insight.
3) Nave rumo ao passado
Acreditava-se que D. Sebastião voltaria para salvar o Reino de Portugal de todos os problemas desencadeados após o seu desaparecimento.
Para a sorte dos portugueses, ele não voltou, e novas lideranças puderam se manifestar.
Por aqui, a Terceira Via perdeu o timing da candidatura, de modo que nos resta apenas mais do mesmo, seja com Lula ou com Bolsonaro.
Por ora, Lula é favorito.
Nas sábias palavras de Stuhlberger, durante o aniversário de 25 anos do Verde: “se o Lula repetir 2003-2010, teremos mais inflação e estaremos numa nave rumo ao passado”.
Revivendo o passado, podemos adiantar suas consequências mais facilmente, levantando as proteções necessárias.
Ou podemos ir para cima dos alemães na semifinal, alegria nas pernas pra que te quero.