Day One

Deixar de correr nunca foi uma opção

A corrida de revezamento não faz parte do hall de esportes mais famosos. Muitos de nós só se lembram dessa modalidade a cada quatro anos, nos Jogos Olímpicos.

Por Lais Costa

03 dez 2021, 10:21

A corrida de revezamento não faz parte do hall de esportes mais famosos. Muitos de nós só se lembram dessa modalidade a cada quatro anos, nos Jogos Olímpicos.

Mas você deve se lembrar, a ideia é simples.

Quatro atletas correm a mesma distância com um bastão na mão. Ao fim do seu percurso, passam o bastão para o companheiro, que repete o mesmo movimento.

Voltando às origens do esporte, no ínterim das competições, os atletas gregos precisavam manter a rotina de treinos. Deixar de correr até a próxima competição não era uma opção.

Por isso, passaram a exercer a função de entregadores de cartas. Um atleta levava as correspondências até certo ponto, onde o próximo corredor continuaria a jornada. Assim surgiram os correios.

Como sabemos, o gargalo naturalmente é a passagem do bastão, ou da mensagem. Períodos de transição costumam ser turbulentos, sejam eles em corridas ou nos mercados.

Assim como no atletismo, a passagem de bastão do mês de novembro para o último mês do ano tem sido um momento tenso.

No intervalo de uma semana, ômicron deixou de ser apenas um criptoativo e passou a nomear uma nova variante do coronavírus. O banco central americano mudou seu discurso sobre a dinâmica da inflação e indicou uma retirada de estímulos de forma mais rápida do que o previsto até então.

Aqui no Brasil, ontem vimos a configuração de uma recessão da atividade econômica com a queda do PIB do terceiro trimestre. Não fosse a aprovação da PEC dos Precatórios no Senado e o otimismo lá de fora, possivelmente já teríamos que ir buscar o “bastão” da nossa Bolsa abaixo dos 100 mil pontos.

A próxima etapa desta corrida terá um cenário de diferencial de crescimento maior e diferencial de juros menor em relação aos EUA (e outros países desenvolvidos) durante o ano que pode terminar com um revezamento de diversas lideranças do governo.

Apesar de dura, a corrida em que estamos não é muito diferente do que vimos na última década por aqui.

Crescimento fraco, juros altos, depreciação do real e instabilidade política; já recebemos essa mensagem antes. Ainda assim, quem não se intimidou com os percalços e se manteve na corrida com disciplina certamente encontrou diversas oportunidades.

Na corrida dos investimentos, velocidade importa, mas não adianta deixar o bastão cair e ser desclassificado.

Como no esporte, preparo e resiliência, de toda a equipe, são indispensáveis para cruzar a linha de chegada.

Diferentemente do que alguns pensam, um bom gestor não tem uma bola de cristal, mas é um cara de reflexo rápido, treinado para responder rapidamente aos sinais para chegar no final da corrida vivo e possivelmente vencê-la, parafraseando Ruy Alves, gestor global da Kinea, um dos nossos multimercados preferidos.

Nesta última quarta-feira, nós aqui da equipe da série Os Melhores Fundos de Investimento conversamos com o Ruy sobre o cenário brasileiro e global para diferentes classes de ativos e, claro, sobre onde a equipe da Kinea enxerga as melhores oportunidades hoje.

A conversa na íntegra está disponível no podcast para os assinantes da série. No próximo episódio, contaremos com a presença de um dos nossos gestores preferidos de ações.

Além disso, na próxima terça-feira, os assinantes da série vão receber uma indicação de um fundo de renda fixa liderado por uma equipe que já passou muito bem por momentos semelhantes ao que estamos vivendo e está à frente de uma estratégia bem diferente do que a dos outros fundos da classe.

Fica aqui, mais uma vez, o convite para que você siga conosco nesta jornada.

Para nós, deixar de correr nunca foi uma opção.

Um abraço,
Laís Costa

Sobre o autor

Lais Costa

Engenheira eletricista pela UTFPR com passagem pelo MIT e especialização em finanças pela Columbia University. Iniciou a carreira no mercado financeiro com foco no mercado de bonds nos EUA. Após uma experiência na Itaú Asset em NY, ela esteve por três anos no time de Global Macro Strategy da XP Inc também em NY, cobrindo mercados emergentes asiáticos e Brasil com foco em criação de ideias de investimento de renda fixa para clientes institucionais. Desde maio de 2021, Laís faz parte do time de análise da Empiricus. Por dois anos foi responsável pela alocação e seleção de fundos globais e hoje é a analista a frente das séries Super Renda Fixa e Os Melhores Fundos de Investimento.