Bem-vindo ao início de setembro.
O que você fará neste mês que trará resultados ainda neste mês?
Calma, esta não é uma palestra motivacional, e não me refiro a investimentos.
GRQ (Get Rich Quick) não tem nada a ver com o meu jeito de ser.
Estou mais para outra sigla: QED (Quod Erat Demonstrandum), depois de páginas e páginas enfadonhamente preenchidas por axiomas, lemas, teoremas.
Como você bem sabe, não nutrimos vocação de curto prazo para ideias financeiras. Há quem entenda de fazer trades rápidos, mas eu e o Felipe não nos enquadramos nesse grupo. Mesmo as sugestões táticas do nosso Bootcamp geralmente visam certo tempo de carrego.
Por isso mesmo, tenho pensado cada vez mais na importância de buscar atividades que proporcionem feedbacks rápidos e genuinamente causais. Elas nos ajudam a preservar o bom grau de sanidade.
Explico-me.
Tanto em meu chapéu de analista-investidor quanto no chapéu de executivo, dedico-me sobretudo a teses probabilísticas cujos resultados tangíveis só serão conhecidos algumas (ou várias) rodadas à frente.
Sob as óticas de governança, éticas e estratégicas, isso é exatamente o que eu devo fazer nessas funções. É o que os meus stakeholders esperam de mim.
Contudo, o desgaste – mental e emocional – é absolutamente brutal. Não fomos feitos para viver em um mundo 100% estocástico. Se a natureza tivesse manifestado a física quântica em escala macro, a raça humana teria se suicidado 200 mil anos atrás.
Precisamos todos de uma colher de mel para engolir junto a esse remédio amargo.
E a colher de mel é esta: feedbacks rápidos e causais, para contrabalançar.
Acho que a receita vale para todo investidor paciente: aprenda a equilibrar um futuro possível com o presente tangível.
Ao contrário do que parece, não se trata de uma proposta hedonista, mas sim estoica.
Mesmo os mais religiosos adeptos da dieta cetogênica se sentem melhor com um “dia do lixo” por semana.
E os mais cultos fãs do cinema francês batem palma para Top Gun Maverick em Cannes.
Um sóbrio SuperInvestidor de longo prazo separa 100k por ano para brincar de trader – “me ajuda a aliviar a tensão, e a não mexer com minha carteira de verdade, que só vejo em fim de semestre; encaro quase como um hedge”.
E os escritores de trilogias se divertem brincando com protótipos de versos, escritos num guardanapo antes do almoço de domingo.
Em sua belíssima biblioteca,
obra completa,
talvez valha a pena pedir
licença
para ler uma ou outra newsletter
afoita,
não mais do que cinco minutos guardados,
dentro de cada cigarro,
só para fingir,
por um momento,
que não somos servos do tempo.