Caro leitor,
Os investidores globais seguem tentando prever até onde o Banco Central americano, comandado por Jerome Powell, vai levar os juros.
E antes que você se pergunte o que isso tem a ver com você, mais do que imagina. Com o dólar sendo a reserva de valor global, os próximos passos do “Banco Central do Mundo” são monitorados a todo momento.
Após anunciar o aumento de 75 pontos-base na semana passada, levando a taxa básica de juros para o intervalo de 2,25% e 2,5%, a expectativa era o que Powell comentaria na coletiva com os jornalistas logo na sequência.
Ainda que o mandatário do Fed não tenha se comprometido em manter a magnitude do aumento para a próxima reunião, é importante lembrar que ela só acontecerá em meados de setembro. Até lá, muitos dados serão divulgados.
Já no dia seguinte à reunião, tivemos a divulgação do PIB do segundo semestre nos EUA, que mostrou a maior economia do planeta retraindo 0,9% (ante expectativa de crescimento de 0,4% pelo mercado).
Apesar de demonstrar que o país já se encontra em recessão técnica — quando apresenta duas quedas seguidas no produto interno bruto — muitos investidores enxergaram nesse dado ruim a possibilidade de Powell e seus comandados reduzirem o aperto monetário nos próximos meses.
Desde então, os principais índices americanos valorizaram mais de 10%. A taxa de juros dos títulos de 10 anos, que estavam acima dos 3% pouco tempo atrás, chegou perto dos 2,6% recentemente, e ainda não voltou ao patamar anterior.
Mas será que é para ficar animado?
Ao mesmo tempo que as expectativas dos juros foram reduzidas, o mercado passou a precificar uma inflação maior no futuro.
Além disso, ainda que a temporada de resultado não tenha sido desastrosa, muitos analistas estão revendo as suas estimativas de lucro para o final do ano – ainda que uma revisão modesta de 2% em relação ao projetado no início do semestre, mas o que pode ser o gatilho para novas reduções nas próximas semanas.
Entretanto, com a valorização do S&P 500 nesse meio tempo, o índice passou a negociar próximo das 18 vezes lucros estimados para 2022, dois pontos acima do visto ao final do primeiro semestre.
E, com base na história, desde 1950 a valorização média nos “bear market rallies” fica próximo dos ganhos nesse movimento mais recente do mercado. Para aqueles que querem reduzir posição, agora me parece uma boa oportunidade.
Já aqueles que querem alocar recursos nesse momento, focaria nas companhias de alta qualidade e setores defensivos e boas pagadoras de dividendos.
Ainda que soe contraintuitivo uma notícia ruim resultar em um acontecimento favorável, e até mesmo gere um desconforto cognitivo, muitas vezes cabe ao investidor aceitar a realidade e utilizá-la ao seu favor.
Um abraço.
Day One
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Sobre o autor
Enzo Pacheco, CFA