No ensino médio, a física já havia despertado o meu interesse. A profissão em si não me atraía, mas a física teórica me gerava grande curiosidade, ao ponto de, futuramente, influenciar ainda mais meus gostos por livros, séries e filmes que envolvem ficção, especialmente para o lado de viagens espaciais.
Apesar do amor pela ficção, quanto mais fidedigno um filme é às leis da física, maior é meu apreço. Por isso, um dos meus filmes favoritos do gênero é “Interestelar”, do diretor Christopher Nolan.
Em uma das cenas mais interessantes, o astronauta Cooper, protagonista da história, e sua equipe realizam uma expedição a um planeta localizado próximo de um buraco negro, enquanto outro astronauta, Dr. Romilly, permanece na nave principal a uma distância segura tanto do planeta quanto do buraco negro.
A apreensão vem da proximidade do buraco negro, que poderia causar uma dilatação temporal, o que, de acordo com a Teoria da Relatividade de Einstein, faria com que o tempo experienciado pela equipe fosse diferente do tempo do Dr. Romilly.
Explico. Para Einstein, a única verdade absoluta e constante do universo é a velocidade da luz e, portanto, quanto mais um objeto se move, mais o tempo precisa ser distorcido (acelerado ou reduzido) para que a velocidade relativa da luz entre dois pontos de observação permaneça a mesma.
Objetos de grande massa — como buracos negros — geram grandes forças gravitacionais que fazem outros objetos acelerarem em direção ao seu centro. Quanto mais próximo do epicentro dessa massa, maior a distorção temporal. No filme, uma hora para a equipe de Cooper seria o equivalente a sete anos para o Dr. Romilly.
O que há de simples nesse conceito: tendemos a assumir que tempo e espaço são imutáveis, quando a ciência aponta o contrário. Em várias áreas, buscamos regras absolutas, quando a melhor abordagem é pensar de forma relativa.
Nos investimentos, isso acontece com nosso perfil de investidor, aquela classificação entre conservador, moderado e arrojado que recebemos das corretoras após responder a algumas perguntas e que, certo ou errado, guiam muitas decisões de investimento, seja pela classificação dos fundos nessas corretoras ou pelas sugestões de carteiras padronizadas. As duas situações podem ser prejudiciais ao investidor iniciante.
A segmentação de fundos de modo absoluto entre perfis pode parecer, a princípio, uma boa ideia, mas incentiva um pensamento incorreto: o de que uma carteira só é conservadora se investir apenas em produtos conservadores, ignorando o fato de que investir em vários produtos arrojados também pode criar um portfólio conservador.
Imagine que João e Pedro, dois amigos investidores, tenham a seguinte alocação:
Qual deles se considera conservador?
Embora suas alocações sejam completamente diferentes, os dois se consideram conservadores. O conceito de cada perfil é relativo para cada pessoa.
Uma carteira de investimento e, por tabela, o perfil de investidor são reflexo da personalidade e da situação de cada pessoa, abordando patrimônio, idade, dependentes, além da tolerância a perdas e às oscilações do mercado, necessidades de liquidez e a disposição de visualizar ativos como um portfólio, e não de maneira individual.
Seu perfil e sua visão do que é conservador, moderado e arrojado são diferentes dos de outros investidores e provavelmente também variam ao longo do tempo.
Não me entenda mal: vejo bastante valor em uma recomendação padronizada para determinado perfil de investidor, desde que seja para iniciantes e acompanhada da ideia de que é apenas uma sugestão.
Alinhada a essa opinião, nossa abordagem na série Os Melhores Fundos de Investimento é de recomendar diversas opções, desde puramente de fundos de ações até mega diversificada com 80% local e 20% global em classes de ativos e nos melhores gestores, como a carteira do Melhores Fundos Blend. Ao mesmo tempo, mostramos nosso processo de decisão, alocação e acompanhamento destas carteiras de fundos e filtramos quais consideramos os melhores fundos de cada classe.
O nosso objetivo não é te recomendar uma carteira absoluta para cada perfil, mas sim te transformar em um investidor verdadeiramente independente ao oferecer a base, experiência e conhecimentos necessários para que, com o tempo, você compreenda as peculiaridades de seu perfil e tome decisões sobre alocação entre classes e faça a seleção dos fundos que melhor se adaptam ao seu perfil e momento de vida.
Se você deseja um guia para te ajudar a identificar seu perfil relativo, e não absoluto, de investidor e explorar o universo de possibilidades em fundos, junte-se a nós.
Um grande abraço,
Bruno Marchesano