Day One

Mulheres: com toda crise, uma oportunidade

“Ainda depois de tantas ondas feministas, da ascensão das mulheres às várias […]”.

Por Larissa Quaresma, CFA

08 mar 2022, 10:25

Ainda depois de tantas ondas feministas, da ascensão das mulheres às várias esferas de poder na política e nos negócios, a proporção feminina na B3 segue vergonhosamente pequena. Hoje, 25% dos CPFs que investem na B3 são mulheres, uma proporção que, pasmem, ficou praticamente estável nos últimos dez anos.

Essa proporção se torna particularmente curiosa diante da performance superior das mulheres nos investimentos. Um estudo da inglesa Warwick Business School, que acompanhou 3.000 investidores durante três anos, concluiu que as mulheres superaram a performance dos homens em 1,8% no período. E não foi só isso: na média, as mulheres superaram o desempenho do FTSE 100, espécie de Ibovespa inglês.

Por que, então, as mulheres continuam investindo menos?

Uma possível explicação é a própria disparidade de renda. Se as mulheres ganham menos, elas não conseguem investir na mesma proporção. Plausível (e precisa mudar urgentemente).

Há também outro grupo de razões, de origem comportamental. Rachel Croson e Uri Gneezy, professores americanos que se debruçaram sobre vários estudos sobre diferenças do comportamento entre os gêneros, publicaram um trabalho apontando os principais achados. Um deles é que as mulheres, em situações de perigo iminente, tendem a reagir com medo, enquanto os homens reagem com raiva. Isso leva as mulheres a sentirem uma aversão ao risco mais intensa. Ademais, os homens se sentem mais confiantes do que as mulheres, levando-os a tomar mais risco, na média.

Se, na média, as mulheres performam melhor do que os homens, por que então são menos confiantes nos investimentos? Eu poderia me debruçar sobre os vários fatores sociais, geracionais e biológicos que levaram a isso, mas prefiro dedicar este espaço a dar motivos para que as mulheres passem a investir mais.

Este é um momento delicado para os investimentos globalmente, mas que, por outro lado, oferece uma série de oportunidades para quem deseja lucrar. Antes da guerra Rússia-Ucrânia, já vínhamos comentando sobre a atratividade das commodities em um cenário inflacionário. Agora, com o estouro do conflito, essa atratividade só vai se intensificar.

A Rússia, dona de 10% dos estoques mundiais de petróleo, está vendo suas exportações ameaçadas pelo banimento de vários bancos russos do sistema internacional de pagamentos SWIFT, que viabiliza a liquidação de transações comerciais baseadas no dólar. Fora do SWIFT, os importadores têm dificuldade em pagar pelo óleo russo, o que gerou uma temeridade dos compradores em receber remessas russas. Para além da falta de praticidade de fazer negócio com os russos agora, empresas e países ao redor do mundo estão boicotando, por vontade própria, as remessas russas — ontem foi a vez do premiê britânico, Boris Johnson, anunciar o boicote do Reino Unido. Isso significa, grosso modo, que 10% da oferta mundial de petróleo se evaporou, do dia para a noite.

Com uma oferta 10% menor e uma demanda que segue seu curso normal, sabemos para onde isso leva o preço do petróleo: to infinity and beyond. Mesmo com a pressão social para que os demais países produtores aumentem suas exportações, a situação não muda muito. Tanto que o barril de petróleo, que girava em torno de US$ 90 antes da guerra, bateu, ontem, US$ 120.

A dinâmica é similar para as demais commodities que a Rússia exporta de forma relevante: fertilizantes agrícolas, trigo, minério de ferro e aço. Se, por um lado, essa situação toda dá uma dor de cabeça danada para os bancos centrais ao redor do mundo, que se veem encurralados por aumentos de preço causados por um fator totalmente exógeno às suas economias, também significa uma série de oportunidades para o investidor – ou, melhor, para a investidora.

Temos a sorte de o Brasil ser um país exportador de materiais básicos (leia-se commodities). Nossas gigantes da Bolsa são exportadoras de petróleo (Petrobras — lembre-se de que neste caso há sempre os riscos políticos), de minério de ferro (Vale) e de aço (Gerdau). Parecem boas oportunidades para você?

Se, ainda assim, preferir ficar de fora das movimentações de maior risco, como é o caso das ações, esse é um ótimo momento para buscar proteções também. Isso porque o estouro de qualquer guerra, e nesta não seria diferente, os investidores buscam reservas de valor universais, como os metais preciosos. O ouro saiu de US$ 1.700 por onça-troy para US$ 2.000. A prata seguiu movimento similar. A boa notícia é que você consegue investir nesses metais por meio da Bolsa brasileira, comprando fundos listados em Bolsa (ETFs) que replicam seus preços.

Aliás, na Carteira Empiricus, fizemos mudanças favoráveis a essas tendências logo no início da guerra.

Espero ter dado argumentos suficientes para que você, mulher, junte-se a mim como investidora. Com toda crise, vem uma oportunidade.

Um abraço,
Larissa

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.

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