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Na torcida pelos nossos concorrentes

Com a eleição de Claudia Sheinbaum sacramentada por meio de maiorias constitucionais tanto na Câmara quanto no Senado, o mercado teme que Claudia se transforme em uma espécie de Dilma Rousseff unlimited.

Por Rodolfo Amstalden

05 jun 2024, 17:16 - atualizado em 05 jun 2024, 17:16

Mapa mundial feito com números

Você deve ter visto por aí que o México voltou à capa do noticiário econômico.

Com a eleição de Claudia Sheinbaum sacramentada por meio de maiorias constitucionais tanto na Câmara quanto no Senado, o mercado teme que Claudia se transforme em uma espécie de Dilma Rousseff unlimited.

Uma guinada à extrema esquerda justamente no momento em que Trump se prepara para reassumir a presidência dos EUA pode comprometer sobremaneira a tese de nearshoring que vinha sustentando o interesse dos investidores gringos.

Por conseguinte, o peso mexicano vem sofrendo desde o fim de semana das eleições, e o ETF iShares MSCI Mexico cai quase -10% em dólares week to date.

Em paralelo, a largamente esperada reeleição de Narendra Modi na Índia veio acompanhada de um nem tão esperado repique da oposição, que acabou dividindo cadeiras importantes no parlamento.

Com isso, Modi terá que governar por meio de coalizão, o que pode dificultar a aprovação de reformas pró-mercado.

De uma forma ou de outra, esses soluços emergentes depositaram uma pergunta ambígua no coração dos investidores brasileiros: uma certa dose de decepção com México/Índia seria boa para o Brasil?

Esse é um tipo de pergunta meio vexatória em economia, pois remete ao mesquinho jogo de soma zero, no qual o sucesso momentâneo do mercado brasileiro decorreria do tropeço de seus principais pares.

Logo, por si só, a pergunta evidencia que estamos em situação desfavorável; não temos méritos intrínsecos a exibir agora, não dependemos apenas de nós mesmos.

Uma eventual valorização por aqui seria o resultado de desvalorizações por lá.

Eu não acho que o eventual downgrade de México/Índia seja bom para o Brasil.

Por outro lado, suspeito que os avanços econômicos conquistados por Javier Milei na Argentina possam nos servir de inspiração – em particular, a coragem de cortar e desvincular gastos públicos, em vez de só aumentar impostos.

Ao governo atual ou ao próximo presidente, vale a referência de que até mesmo uma janela compacta de 6 meses pode ser suficiente para levantar o moral… ou para afundar de vez.

Sobre o autor

Rodolfo Amstalden

Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.

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