Dias atrás, eu estava ouvindo a Andrea Jones-Rooy contar a principal lição que ela aprendeu durante a experiência no mundo circense.
Para quem não conhece, Andrea é especialista em ciências sociais, data science, sistemas complexos e contorcionismo. As melhores pessoas não cabem numa caixa.
Pois bem, de volta ao circo, ela estava tentando entender a melhor maneira de construir e usar uma cama de pregos.
Talvez houvesse algum truque ali?
Um jeito maroto de aproximar ou afastar os pregos ao longo da superfície de madeira, ou um pequeno detalhe secreto na hora de se deitar… quem sabe?
Mas o único truque que ela ouviu do seu tutor não era tão misterioso assim.
Antes de ela entrar no palco para se deitar nos pregos pela primeira vez em público, ele disse:
“Lembre-se: é apenas dor”.
Apenas dor? Sério? Esse é o conselho sábio que você tem a me dar?
Ela queria mandar o cara pra pqp, mas ele olhou para ela com sua calma característica, e detalhou o argumento.
Andrea tinha praticado aquilo o bastante para saber que se deitar em uma cama de pregos não faria mal algum ao seu corpo. Sua pele não seria rasgada, seus órgãos vitais continuariam funcionando. Logo, tratava-se apenas de um exercício difícil de tolerância à dor.
É claro, a dor em si é péssima, está longe de ser um esforço menor; mas ao menos sua mente poderia ficar tranquila de que não haveria um prejuízo sério envolvido naquela manobra circense.
Para quem adentra, persiste e sai vivo dos piores drawdowns, é apenas dor também.
Ninguém morreu. Foi ruim, mas não foi trágico. De repente, já passou, está na hora de levantar da cama. O Brasil perdeu a Copa, amanhã tem futebol na TV. Endrick é o novo bola de ouro, por que não?
Se o circo chegou na cidade, é para as crianças sonharem, e os adultos se levarem um pouco menos a sério.