Day One

Nasci 300 mil anos atrás, sou quase um bebê

“As mais novas evidências sugerem que o Homo sapiens surgiu na […]”.

Por Rodolfo Amstalden

21 jul 2022, 10:14 - atualizado em 21 jul 2022, 10:14

Nasci 300 mil anos atrás, sou quase um bebê
Fonte: Free Pik

As mais novas evidências sugerem que o Homo sapiens surgiu na África cerca de 300 mil anos atrás.

Esse é um histórico passível de revisão, à medida que novas descobertas vierem à tona, revelando a verdadeira extensão das pegadas da nossa espécie.

Até pouco tempo atrás, as melhores medições indicavam 200 mil anos de existência.

Logo, nada impede que a contagem final, mais apurada, alcance um passado de 400 mil ou 500 mil anos.

Mesmo se for o caso, nossa marca na linha do tempo da Terra é singela, para não dizer desprezível.

Os dinossauros reinaram por aqui durante 160 milhões de anos.

Aos nossos olhares antropocêntricos, parecemos importantes. Mas a verdade é que não merecemos mais do que uma nota de rodapé na longa história desde o surgimento da vida em nosso planeta. 

Inúmeras outras espécies viveram milhões de anos a mais do que os humanos, sem qualquer menção relevante nos livros.

Somos menores e mais frágeis do que gostaríamos de admitir ao olhar no espelho; transitamos em um intervalo tênue de condições de sobrevivência.

Ontem à noite, a babá eletrônica caiu na minha testa, formando um galo que ainda dói. A quarenta centímetros de distância, havia uma cabeça de bebê.

Isso é o quão frágil somos.

Se tomássemos em plena conta essa fragilidade, faltaria confiança para seguirmos adiante.

Já dizia Eduardo Giannetti: o autoengano é condição necessária para a evolução da Humanidade.

Devemos nos enganar, mas não podemos enganar muitas pessoas, por muito tempo. 

O que nos leva à clássica questão: onde está o equity risk premium tupiniquim?

Em qual contexto, a Renda Variável – como classe de ativos – é capaz de evoluir no Brasil?

Em um contexto muito específico – intervalo tênue –, que é também o da evolução do próprio Brasil para além de uma fazenda rentista.

Algo como juros reais entre 2,5% e 3,5% ao ano.

Menos do que isso foi a várzea.

Mais do que isso é o peso esmagador que sentimos hoje.

Nenhum país do mundo consegue sobreviver com a curva de juros futuros marcada a mercado atualmente no Brasil.

Ou estamos baratos para a reversão à média, e chegaremos aos 160 milhões de anos, ou estamos caros para o estouro da dívida pública, e encerraremos nossa participação nesta peça como meros figurantes.

Do jeito que está não fica.

Sobre o autor

Rodolfo Amstalden

Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.

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