Day One

O grande tema da década

Anualmente, o investidor Byron Wien, da Blackstone, publica em janeiro o “Surprises for the year”, no qual dá o seu pitaco sobre eventos cuja ocorrência considera provável nos próximos 12 meses e para os quais o mercado assume uma probabilidade baixa (um para três) de ocorrência. 

Por Fernando Ferrer

25 ago 2021, 10:21

Anualmente, o investidor Byron Wien, da Blackstone, publica em janeiro o “Surprises for the year”, no qual dá o seu pitaco sobre eventos cuja ocorrência considera provável nos próximos 12 meses e para os quais o mercado assume uma probabilidade baixa (um para três) de ocorrência. 

Do nosso lado, pelo segundo ano consecutivo, o Felipe Miranda também já montou a sua lista, que contou com apostas em torno da reorganização societária da Lojas Americanas (check), dividendos gordos em Direcional (check), dentre outras que ainda podem ocorrer.

Em nossa última live do Carteira Universa, na qual tratamos de como foi o mês de julho para os mercados e para as nossas alocações, bem como das perspectivas futuras para as teses que carregamos, fomos provocados sobre qual seria o próximo grande tema dos mercados na próxima década. Uma espécie de “surprise of the decade”.

Falamos de alguns temas que estão na fronteira da tecnologia e que, em nossa opinião, podem emergir rapidamente. Em um mundo cada vez mais conectado, soluções impensáveis até dois anos atrás podem ser imprescindíveis para o nosso dia a dia nos próximos dois anos. Portanto, estar antenado nas novas tendências e posicionado nesses temas pode gerar um diferencial importante em uma carteira de investimentos.

Cada um deu o seu pitaco.

Para o Felipe, empresas tech poderão disruptar ainda mais outros mercados, além de haver um aprofundamento da agenda ESG focada em geração de negócios. Para o João, 5G, robótica e inteligência artificial serão temas cada vez mais presentes e essenciais para o ganho de produtividade. Concordo com todos, mas meu cavalo foi outro.

Para mim, para apoiar todas as megatendências citadas (e outras que eventualmente aparecerão nos próximos meses e anos), a segurança cibernética vai ficar cada vez mais em voga.

Dizem que “data is the new oil”. A ideia dessa afirmação vem de que, assim como o petróleo, os dados brutos não são muito valiosos. Para extração de valor, é preciso que ambos sejam explorados e tratados de forma que um determinado conjunto de códigos (recurso energético) seja decifrável (utilizável). Se essa afirmação é verdadeira, a segurança cibernética ganhará cada vez mais importância.

O tema tomou contornos de filme quando, na última semana, foi noticiado que um grupo de hackers havia realizado um ataque ao sistema da Lojas Renner e paralisado toda a operação do seu e-commerce em troca de resgate financeiro em criptomoedas para o restabelecimento das operações. O problema não é exclusividade da varejista brasileira. Um mês antes, a JBS sofreu um ataque cibernético que paralisou suas atividades na América do Norte e na Austrália por vários dias. Fleury, Rumo, Natura e diversas outras empresas também se viram reféns de problemas similares.

Nos EUA, o maior duto de combustível sofreu um ataque de hackers em abril deste ano, provocando desabastecimento em toda a costa leste americana. Felizmente, o sistema foi restabelecido e os criminosos, identificados, mas as consequências poderiam ter sido bastante severas, visto que a Colonial Pipeline controla metade da distribuição de gasolina, diesel e querosene de aviação na região.

A digitalização e o aumento das transações pela internet, que já eram uma tendência estrutural e secular, foram impulsionados pela pandemia. No último ano, ouvimos muitas empresas falando que suas operações digitais evoluíram cinco anos em cinco meses. E engana-se quem pensa que esse movimento vai se exaurir à medida que a pandemia seja controlada. Dados recentemente divulgados pela empresa de consultoria McKinsey indicam que a penetração do varejo online americano segue 35% acima dos níveis pré-pandêmicos. É um caminho sem volta.

Nesse contexto, a busca por evoluir e modernizar seus sistemas de operação deveria ser a prioridade número um das companhias, de modo a protegê-los de ataques criminosos ou ao menos reduzir os impactos em caso de uma eventual invasão.

Do nosso lado, como não poderia deixar de ser, questões sobre onde estão hospedados os dados, como é feita a segurança das informações e demais itens já foram devidamente incluídas no nosso check-list de perguntas a serem feitas sobre toda empresa que avaliamos.

Para o investidor que concorda que esse é um mercado promissor e que possui foco no longo prazo, os ETFs BUG (Global X Cybersecurity), HACK (ETFMG Prime Cyber Security) e CIBR (First Trust Nasdaq Cybersecurity) são boas opções para apimentar o portfólio. Todos eles investem em empresas que possam se beneficiar da maior adoção da tecnologia de segurança cibernética, como aquelas cujo principal negócio é o desenvolvimento e gerenciamento de protocolos de segurança que evitam intrusões e ataques a sistemas, redes, aplicativos, computadores e dispositivos móveis. 

E se você se interessa pelo mundo tech, mas não apenas segurança cibernética, o fundo Vitreo Money Bets, que replica a carteira sugerida do trio João Piccioni, Enzo Pacheco e Richard Camargo, investe em teses que estão na fronteira da tecnologia, como robótica, 5G, sequenciamento de DNA, blockchain, energia limpa, impressão 3D, mobilidade autônoma e tantas outras. Certamente é uma boa pedida para o futuro.

Grande abraço,
Fernando Ferrer 

Sobre o autor

Fernando Ferrer

Graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e com MBA em Finanças pela mesma instituição, Fernando Ferrer atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos cobrindo os setores de Varejo, Saúde e Infraestrutura. Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa.

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