Quando me formei na faculdade, recebi um diploma de Bacharel em Ciências Econômicas.
Fiquei olhando para aquele pedaço de papel, lembrando de toda a transpiração para chegar até ali, e ao mesmo tempo indagando, com desconfiança: isso significa que eu sou um cientista?
Comparada com os rígidos preceitos metodológicos da Química, da Física ou da Biologia, resta para a Economia um estranho rótulo de “dismal science”.
A expressão caracteriza uma ciência miserável, cujos achados são voláteis e cujas melhores recomendações provocam rompantes de impopularidade social.
Lembro-me de um professor, explicando o modelo Cobweb, dizer à classe: “em Economia, frequentemente a solução é o problema, e o problema é a solução”.
No momento, deparamo-nos com a desaceleração da China, junto a algum tipo de aterrissagem incógnita para as economias europeia e americana.
As commodities caem, o Ibovespa sofre com isso.
Mas o problema maior não era justamente a inflação?
Com essa queda das commodities, engatamos um movimento – intenso e disseminado – de desinflação global. Ganhamos um novo problema, mas também uma velha solução.
Conforme dito no início da temporada atual do Masterplan, era tempo de reduzir a alocação em commodities e olhar com mais carinho para os cíclicos domésticos.
(Hoje mesmo, publicamos uma nova recomendação no Palavra do Estrategista feita sob medida para aproveitar uma derivada desta tendência).
Daqui a pouco, os juros vão começar a cair, beneficiando diretamente os setores cíclicos, e até mesmo as commodities voltarão a subir um pouco.
Então teremos que escolher um novo problema para ocupar nossas mentes inquietas e miseráveis, mas nada científicas.