Day One

Ouça Elis

Eu já me debrucei várias vezes sobre essa pergunta. Como no exercício de Wittgenstein em “Tractatus Logico-Philosophicus”, há circunstâncias particulares para que a linguagem possa conseguir representar o mundo. Em outras, ela apenas o limita dentro de um modelo pouco representativo. Como na Cama de Procusto, em que fazemos o hóspede caber dentro de uma cama cortando-lhes as pernas. Muitas vezes, a realidade precisa ser mutilada para entrar em nossas narrativas.

Por Felipe Miranda

17 fev 2021, 03:08

Eu já me debrucei várias vezes sobre essa pergunta. Como no exercício de Wittgenstein em “Tractatus Logico-Philosophicus”, há circunstâncias particulares para que a linguagem possa conseguir representar o mundo. Em outras, ela apenas o limita dentro de um modelo pouco representativo. Como na Cama de Procusto, em que fazemos o hóspede caber dentro de uma cama cortando-lhes as pernas. Muitas vezes, a realidade precisa ser mutilada para entrar em nossas narrativas.
 
Não conseguiria, por exemplo, jamais definir o amor pelos meus filhos com o mínimo de precisão. A própria vida, se você parar pra pensar, não cabe muito bem em palavras. Ela é, por definição, uma experiência vivida e nenhuma biografia será capaz de traduzi-la em sua plenitude. É algo de se viver e de sentir, experienciar, não de se descrever.
 
Poderia recorrer a descrições protocolares da Empiricus. “A maior casa de análise de investimentos do Brasil, com 40 analistas e 400 mil assinantes, cujo objetivo é levar aos seus clientes, de maneira não conflitada, ideias para aplicar seu dinheiro tão boas ou melhores do que aquelas anteriormente restritas aos profissionais do mercado financeiro.”
 
Não seria errado, mas passaria longe de representar exatamente o que acontece aqui. A Empiricus é isto (pode pular para o minuto 9 e ver a partir daí): https://www.instagram.com/tv/CLHOr_bhAQw/?igshid=mbryitiyufkm
 
Por mais que me esforce, não consigo descrever esse vídeo. Essa não é só a história da Elis. Também não é a minha história com a Elis. Há muito mais aí. 
 
A Elis é o “financial deepening” na veia. Quando pensarmos na revolução em curso no mercado de capitais brasileiro, não devemos abordá-la com modelos econométricos ou macroeconômicos. Devemos pensar na Elis. Nas várias Elises. Em pessoas comuns que conseguem, com muita luta e muito suor, guardar um dinheiro (muito ou pouco, não interessa) no final do mês. Percebem que esse dinheiro não rende mais nada na poupança ou no CDI. Tem acesso a plataformas de investimentos no celular. E podem, com algum esforço mínimo, acessar informação de qualidade. Essa combinação transforma vidas, famílias inteiras. Não é um discurso diletante. É mudança de comportamento. Real, sem papinho.
 
É com essas pessoas que precisamos aprender a conversar. E, por favor, não as subestime. Esses investidores costumam ser muito mais inteligentes e sagazes do que a maior parte dos financistas arrogantes que vivem debruçados em suas planilhas de Excel e em seus grupos de WhatsApp, sem qualquer vivência de rua, sem ser praticantes e construtores de sua própria trajetória individual, a partir de suas próprias cabeças. Todos preferem repetir um discurso pronto, politicamente correto e superficial. Pensar por si mesmo… jamais. Poucos deles conhecem as Elises. Ouça a Elis. Perceba a inteligência e o heroísmo contidos nela.
 
Ali, há um Brasil acordando para a necessidade de levar a sério suas finanças e seus investimentos. Um Brasil ainda leigo, mas não por isso menos inteligente. Inclusive inteligente para perceber a própria necessidade de receber orientação num ambiente em que ela não é profissional, mas que pode acessar com facilidade e contar com a ajuda de uma equipe grande, técnica, responsável, diligente, obstinada e… mudar a vida da família dela, como ela mesma falou. Fique claro: se a Elis conseguiu atingir sua meta financeira seguindo as minhas recomendações, esse mérito é 100% dela. Eu só estou aqui fazendo o meu trabalho, obedecendo ao chamado da minha vocação (desculpe o pleonasmo etimológico). Foi ela quem conseguiu fazer algo realmente especial e heroico.
 
Temos ainda o exemplo de alguém que enfrenta o medo de penetrar um lugar desconhecido. De ter de aprender a lidar com investimentos. Fazer isso unindo, de um lado, responsabilidade para não incorrer em riscos excessivos, mas, ao mesmo tempo, coragem de se aventurar por um caminho inexplorado. Nem o narcisismo da onipotência, nem o medo paralisante. O encontro equilibrado das forças apolíneas e dionisíacas, em consonância. 
 
E, sem apelar para discursos politicamente corretos, porque isso não combina comigo e eu detesto os falsos heróis, a Elis é também uma insurreição contra o machismo, contra homens que muitas vezes sem nem perceber sufocam suas mulheres em suas rotinas, profissões e em seus investimentos, julgando-as incapazes de lidar com aquilo. A Elis é um grito de liberdade. Um alvorecer do novo sobre o velho. A possibilidade de um Brasil que toma para si as rédeas da sua gestão financeira para passar a depender menos do Estado, do gerente do banco, dos conflitos de interesse ou da herança patriarcal.
 
É, quem sabe, um sopro de capitalismo, que começa a penetrar nas entranhas da sociedade por meio do financial deepening, da tecnologia e do acesso à boa informação. A Elis é cada um de nós, brasileiros.

Sobre o autor

Felipe Miranda

CIO e estrategista-chefe da Empiricus, é ex-professor da FGV e autor da newsletter Day One, atualmente recebida por cerca de 1 milhão de leitores.