Existem os livros, filmes e séries que nos entristecem quando acabam.
Lamentamos por não ter virado as páginas mais devagar, ou por não ter adicionado pausas para ir ao banheiro, mesmo que a bexiga estivesse vazia.
Existem também as histórias que nos entristecem enquanto duram.
Essas são acompanhadas apenas pelas pessoas de natureza teimosa — que insistem, persistem e continuam até o fim.
O mês de abril tem sido um mês complicado, com queda da Bolsa e alta do dólar. Isso pode lhe render o epíteto de “o pior mês desde o pico da pandemia”.
Ao contrário dos livros e dos controles remotos, que cabem em nossas mãos, não temos o poder de encerrar um mês ruim antes que ele acabe de fato.
Precisamos viver cada pregão de uma vez, incluindo os dias em que a Bolsa cai -1%, -2% ou -3%, e extrair deles algo de útil, ainda que seja um processo doloroso.
Ainda bem que funciona assim.
Não haveria aprendizado verdadeiro se tivéssemos a chance de escolher apenas os pedaços prazerosos da vida.
Ademais, se nos fosse dado o direito de encerrar abril antecipadamente, teríamos ignorado alguns importantes sinais de esperança à frente.
+ Petróleo abaixo de US$ 100.
+ Resultados de Meta e Microsoft lembram que existe geração intrínseca de valor.
+ Leituras de IPCA-15 e IGP-M abaixo do esperado sugerem que os mecanismos clássicos de transmissão monetária ainda funcionam por aqui.
+ Mercado antecipou um resultado mais fraco de Vale, mas não antecipou o tamanho do buyback.
+ Novo Auxílio Brasil de R$ 400, em vez de R$ 600.
Nem tudo é ruim no pior mês desde o pico da pandemia. Ao que tudo indica, abril termina bem melhor do que começou.