Talvez você já tenha ouvido falar que os economistas têm inveja dos físicos.
É verdade mesmo.
O sonho do “economista padrão” era poder usar equações das ciências naturais e assim chegar em respostas exatas para questões cabulosas.
- De quanto deve ser o próximo corte da Selic?
- Qual é a nova NAIRU, pós-pandemia?
- Quantas pessoas, em média, precisamos conhecer até encontrar o grande amor de nossas vidas?
Eu mesmo tinha tanta inveja dos físicos que fui cursar a faculdade de Física, mas tive que sair ao final do terceiro ano, agraciado pela conveniente desculpa de que o crescimento da Empiricus não estava me deixando estudar direito (ainda tenho pesadelo com as equações diferenciais do Barata).
Mas foi bom, só por ter conhecido o Ruy já valeu a pena; que cara legal!
Como prêmio de consolação por ter aguentado três anos, voltei para a Faria Lima vacinado, ciente de que não é possível tratar o mercado com exatidão, e nem sem exatidão.
Mecânica newtoniana, por exemplo.
Todos nos lembramos daquela história de forças resultantes, né?
Essa é uma ferramenta conceitual simples e útil, sobretudo nos pregões em que coisas boas acontecem junto com coisas ruins (praticamente todos os pregões).
No entanto, eu ainda tenho um pouco de dúvida sobre a propriedade comutativa dessa lei.
Se o PPI americano (notícia ruim) tivesse saído antes do IPCA (notícia boa), será que o pregão de hoje teria sido mais generoso para com os acionistas brasileiros?
Bem, nunca saberemos; há como voltar no tempo e testar diferente?
Pela lógica newtoniana, não faria diferença alguma.
Pela lógica futebolística, o gol de empate da Croácia nos minutos finais acabou com nosso ímpeto na disputa de pênaltis.
Pessoalmente, eu sempre gostei de ouvir as notícias ruins antes das boas, mas não tenho mais certeza sequer sobre isso.
Como disse um amigo meu, às vezes o melhor é ouvir a notícia boa primeiro e já sair correndo.