Day One

Qual o caminho mais rápido e efetivo para o sucesso no mercado?

Day One de 26/02/2024, por Felipe Miranda

Por Felipe Miranda

26 fev 2024, 13:15 - atualizado em 26 fev 2024, 13:47

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O que define o sucesso? Competência? Trabalho, dedicação, esforço? Ou seria sorte? A prática conta mais do que a teoria? Ou o contrário? Devo tomar banho gelado? Preciso acordar às 5h? Como ser 1% melhor todo dia? Faço a dieta paleolítica? Tarô, búzios, amarração? Se me tornar aluno do Pablo Marçal, também vou bater em tubarão e aprender a pousar um helicóptero com pane no motor?

Há várias tentativas de explicar a caminhada rumo ao topo. A defecação de regras sobre o tema é enorme. Muito se fala, pouco há de sistematização bem feita. Jim Collins ficou famosíssimo, inclusive entre a nata de empresários brasileiros, com os livros “Feitas para Vencer” e “Feitas para durar”, uma suposta cartilha de práticas para o sucesso corporativo. Siga tais passos e você vai vencer. Se você ler o “Efeito Halo”, do Phil Rosenzweig, vai ver que a prescrição de Jim Collins não passa de uma sucessão de confusões entre causa e correlação, explicações a posteriori e falácias da narrativa.

Jack Welch foi referência de executivo por décadas, até a GE virar o que virou. Não precisamos ir muito longe: Norberto Odebrecht marcou época com seu “Sobreviver, Crescer e Perpetuar” – não consigo dizer se foi mal escrito ou se a família não entendeu muito bem a parte do “perpetuar”. E se ainda precisamos de um exemplo mais atual, podemos lembrar da publicação hoje mesmo do balanço de Lojas Americanas, do antes venerado Grupo 3G, cuja cultura histórica trouxe garantia de nada ou, na melhor das hipóteses, de uma contabilidade de fazer inveja à criatividade de Arno Augustin.

Não sei explicar o sucesso. Suspeito que ninguém saiba. A realidade é não ergódica, não cabe num caderno de culinária com a prescrição de uma xícara de dashboards, dois pacotes do Salesforce, duzentos gramas de dinâmicas de grupo e duas pitadas de gincanas entre equipes organizadas sob a metodologia Ágil, estimuladas por um líder macho-alpha de megafone na mão. 

Desconfio que a maior parte do sucesso profissional e corporativo decorra da reunião de forças aleatórias, embora nossa tendência ao pensamento cartesiano típico de duas dimensões (causa e efeito) não queira admitir. Uma pessoa é tão obstinada quanto outra. A primeira apostou num cenário que se materializou. Foi persistente. A outra até tentou um caminho de alta probabilidade, mas a Deusa Fortuna optou por outro resultado. Deu ruim. Ficou marcada pela teimosia. Um camarada, depois de alguns anos no vermelho, insistiu nas ideias originais do seu empreendimento. Ficou rico e hoje vende cursos online imitando o Van Damme: “Desistir nunca, retroceder jamais.” Outro cidadão, herdeiro de uma família quatrocentona de São Paulo, também se manteve fiel aos princípios do negócio. Não soube se adaptar e ficou conhecido por ter levado a família à bancarrota.

A empresa ABCD ganhou novamente o prêmio de “Betters and Biggers”, da revista Diagnóstico, em seu décimo título. O troféu foi atribuído à diversidade em seu conselho, que admitiu sua primeira mulher há cinco anos. Ninguém ponderou que talvez o conselho seja diverso justamente porque a empresa é um sucesso – não o contrário. Como diz o ditado, “primeiro a boia, depois a ética.”

Quando se fala em peso grande da aleatoriedade para se determinar vencedores e perdedores, incorremos no risco de estimular o niilismo. “Ora, se a sorte é o grande definidor do sucesso, melhor ficar deitado em berço esplêndido esperando ser agraciado.” Nada mais equivocado. Só poderá ser atingido pela Fortuna aqueles que estiverem em condições para tal.

Como diz Taleb, “life is long gamma”. Devemos sempre nos expor à possibilidade de sermos sorteados, numa repetição infinita de jogadas em prol de retornos assimétricos, naqueles em que você tem mais a ganhar do que a perder.

Tudo que você tem a fazer é aumentar as suas chances, ainda que isso não seja garantia de nada. O sucesso tende a ser uma combinação entre talento, dedicação e sorte, sem que consigamos definir com mínima precisão quanto é uma coisa ou outra. Não há função matemática, planilha de excel ou receita para descrever como chegar lá.

Pessoalmente, luto contra a inclinação autodepreciativa. Duvido da capacidade de continuar e tenho certeza de que este texto (o texto do momento) será o último. Ainda assim, por métricas convencionais, a Empiricus é considerada um sucesso. 

Apesar de não saber muito sistematizar o tal sucesso, posso dizer como chegamos até aqui, a partir da minha experiência pessoal. Sem medo de errar, exercendo com rigor nosso espírito científico, afirmo que jamais estaríamos aqui se não fosse pela sorte. Ah, sim, demos azar em várias e várias situações também. Mas, se não fosse a ocorrência de uma revoada de cisnes pretos e cinzas, teríamos morrido há muito tempo.

Não tenho dúvida também que a indústria de research no Brasil deve muito ao talento do Caio, do Rodolfo, do Beto, da Bia, do André, que estiveram com a Empiricus praticamente desde o início, e de tantos outros colaboradores que fazem desse escritório uma reunião de intelectual navy seals.

E uma porção enorme vem do esforço, realizado diariamente há mais de 14 anos com muito afinco e o mesmo entusiasmo (Day One!) de sempre.

Há algo verdadeiramente especial na competência das pessoas aqui. No meu entendimento, isso decorre de uma reunião única de experiência prática com profundidade teórica. 

Muitos falam que a teoria não importa e só o dia a dia conta. É uma grande bobagem, porque somente o espírito científico e a educação formal fornecem o guia adequado para o teste de hipóteses e a solidificação de conhecimento estruturado, além de meras anedotas que servem para divertir mas são péssimo guia para a sistematização e a estatística. Desde o Iluminismo, a razão e a ciência montaram um jeito de estruturar o conhecimento. Valorizar os valores ocidentais clássicos é valorizar a ciência. Ela pode não ser perfeita, mas a alternativa é horrorosa.

Outros insistem que a prática é uma reunião de experimentação sem método, fatos isolados que não podem ser quantificados e enunciados numa teoria. Mera intuição. Portanto, não teria validade e não poderia ser repetida como método sistemático. Esses se esquecem que o conhecimento emana da prática para a teoria, não o contrário. Uma teoria não tem validade se não encontra validação empírica. “É difícil ensinar truques velhos a cães novos.” Algumas coisas só a prática vai trazer.

Com foco no varejo, a Empiricus é o único lugar no Brasil com décadas acumuladas de conhecimento prático no mercado financeiro e, ao mesmo tempo, profundidade acadêmica, além de relevância como player dessa indústria e um acesso institucional privilegiado.

Sou um exemplo pessoal da afirmação. Invisto em ações desde meus 14 anos – lá se vão 25 anos. Fiz Economia na USP, depois mestrado na FGV, onde tive o prazer de dar algumas aulas a convite do professor e coordenador do curso à época Paulo Gala, por quem nutro enorme gratidão – há inclusive um pequeno depoimento dele a esse respeito aqui. Depois fui pra Columbia estudar value investing na gênese da coisa e gerenciamento de risco no curso presencial com Nassim Taleb, também em Nova York. 

Tenho total convicção de que nossa jornada não seria a mesma se não tivéssemos essa dedicação acadêmica. Quando você junta as duas coisas (teoria e prática), o milagre acontece.

Os cursos, principalmente de pós-graduação em Economia e Finanças e os MBAs no Brasil, foram profanados hoje em dia. Em qualquer esquina, você encontra um sujeito tentando vender o “MBA do método sei-lá-o-quê”, muitas vezes associado a algum figurão que vai lá aparecer numa aula online de 20 minutos e carregar o nome do curso todo nas costas.

Temos hoje uma situação bizarra em que MBAs são dados por quem nunca fez MBA, sem sólida formação acadêmica, ou outros cursos em que os professores de Finanças não pertencem ao mercado financeiro, mas passam muitas horas do seu dia enfornados numa sala de aula debatendo modelos econométricos de séries de tempo para projetar o equity risk premium.

A grande motivação do MBA da Empiricus em Análise de Ações é formar os melhores (nada menos do que os melhores!) nessa área, a partir de uma sólida formação capaz de reunir conhecimento teórico útil com muita experiência prática. Queremos abrir as portas do mercado financeiro e ajudar aqueles interessados nos melhores salários e nas carreiras virtuosas dessa indústria. Essa rica combinação também serve para todos aqueles que querem dar um salto na carreira atual ou pretendem dispor das melhores técnicas para gerir seu patrimônio e/ou de sua família.

Apelando como sempre a Riobaldo, “eu quase que nada não sei, mas desconfio de muita coisa.” Seja lá qual for o caminho do sucesso, ele começa por uma boa educação. Nada é mais estruturante e transformacional.

Venha ao menos conhecer nosso MBA.

Sobre o autor

Felipe Miranda

CIO e estrategista-chefe da Empiricus, é ex-professor da FGV e autor da newsletter Day One, atualmente recebida por cerca de 1 milhão de leitores.

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