À medida que NVIDIA acumula saltos exponenciais (+250% LTM) e o bitcoin flerta com novas máximas históricas, volta à pauta a saudável discussão sobre bolhas financeiras.
Estamos diante da formação de uma grande bolha?
De dia, parece que sim. De noite, parece que não.
Se você escolhe olhar apenas para a concentração de liquidez nos EUA e para a dinâmica crescente de preços e múltiplos, dá um frio na barriga.
Por outro lado, é preciso reconhecer que os lucros de NVIDIA (apenas para pegar uma proxy de IA) vêm crescendo a uma velocidade estrondosa. Definitivamente, não é um pastel de vento.
E reconhecer também que a introdução de ETFs de moedas digitais representa mais um passo importante na institucionalização e normalização desses ativos, antes vistos como excêntricos.
Mas, ainda que estejamos diante de uma bolha, isso não significa que devemos necessariamente correr para o abrigo mais próximo.
Não há qualquer termômetro confiável sobre o grau de maturidade de uma bolha. Os ativos subjacentes podem multiplicar ainda por 3x a partir dos níveis atuais antes que a bolha de fato exploda.
Por que perder essa oportunidade?
A sangue frio, dá para ganhar muito dinheiro com bolhas, e de forma relativamente segura.
Basta seguir o bom senso daquilo que a teoria financeira chama de position sizing – ou seja, qual tamanho você deveria atribuir às diversas posições de um portfólio completo.
Talvez você tenha lido a notícia recente de que o BTG acrescentou criptoativos em seu relatório mensal com recomendações de investimentos.
“A instituição financeira indica uma alocação estrutural de 0,5% do portfólio para o perfil balanceado e de 1% da carteira para o perfil sofisticado”.
Não 50% e nem 5%, mas 0,5% para começar a brincadeira.
Se o diabo está nos detalhes, o tamanho da posição é um detalhe que pode se tornar realmente infernal diante de apetites desmesurados por risco-retorno.
A Empiricus foi a primeira casa de análise brasileira a falar de moedas digitais, e sempre o fizemos com a ressalva talebiana de pesos pequenos combinados com grandes convexidades.
É o melhor a se fazer se você quer se expor a upsides generosos, sem se machucar.
Porém, trata-se de um exercício que demanda grande disciplina, pois a adrenalina do trade, a ambição financeira e a pressão social vão pressioná-lo, cada vez mais, no sentido de aumentar sua posição.
Se você não possui experiência com o controle de position sizing, eu sugiro que você gaste uns minutos do seu dia jogando este joguinho simples publicado pela ELM.
Ele vai te dar uma boa noção dos riscos associados a um dimensionamento exagerado de apostas, mesmo quando as chances de ganhar estão a seu favor.
PS. Aos leitores mais nerds, fica também o convite de calcular o “kelly criterion” ótimo para o jogo sugerido pela ELM. Via de regra, ele costuma ser menor do que o que manda a intuição.