Day One

Um Brasil na mira de Trump

Em meio às erráticas manobras de tarifação do Trump 2.0, misturam-se motivações econômicas, políticas e ideológicas.

Por Rodolfo Amstalden

26 fev 2025, 10:56 - atualizado em 26 fev 2025, 10:56

donald trump estados unidos

Imagem: Reprodução/ Instagram

Em meio às erráticas manobras de tarifação do Trump 2.0, misturam-se motivações econômicas, políticas e ideológicas.

Logo, o crivo racional de tentar intuir as vítimas potenciais estritamente a partir da balança comercial entre vítima e EUA oferece um mapa inteligível, mas insuficiente.

Digo isso pois, em meio à quase sempre inútil lista dos riscos mapeáveis para 2025 (cisnes cinzas), incluímos a hipótese de uma medida iminente de Trump contra o Brasil – ou, para ser mais preciso, contra o Governo Lula.

Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump.

Naturalmente, há um contexto para isso, acompanhado de sinais antecedentes.

Tal como o embate entre Alexandre de Moraes e Rumble/Trump Media Group.

E os vídeos compartilhados por whatsapp mostrando Eduardo Bolsonaro sendo ovacionado em discurso recente de Trump, com menção explícita à notoriedade do Clã Bolsonaro.

Trump poderia levantar alguma barreira comercial e/ou geopolítica contra o Brasil dentro dos próximos meses, condicionando tacitamente a retirada à futura eleição de um novo presidente, mais alinhado aos princípios do MAGA.

Perto do que ele fez com o Zelensky, não seria nada demais de se imaginar…

Agora, qual o impacto de uma medida desse tipo sobre o mercado?

Em primeira ordem, ruim. O Kit Brasil seria automaticamente demarcado como antagonista aos movimentos do presidente americano, com efeitos negativos sobre o câmbio, juros e Bolsa.

Já em segunda ordem, a medida condicional de Trump somar-se-ia à mistura de ingredientes que vão compondo o cenário para as eleições de 2026, alimentando as probabilidades da centro-direita.

Inclusive, o “recado mais contundente” pode ganhar força à medida que a popularidade de Lula cai nas pesquisas, e sobe o desconforto da população com o preço do café, do cacau e do ovo.

Cheiro de sangue no ar atiça o paladar dos predadores.

Sobre o autor

Rodolfo Amstalden

Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.

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