Thiago e seu noivo estão à procura de um novo apartamento.
Com a overdose de home office na pandemia, ambos perceberam que estariam mais à vontade em um lugar um pouco maior.
“Sinto que é a hora certa de dar esse salto” — ele me disse. “Os juros do financiamento caíram muito e os preços dos imóveis ainda podem subir mais.”
Depois de estudar as condições financeiras e ponderar as preferências do casal, eles decidem por um espaço em torno de 100 metros quadrados, por um teto de R$ 1,5 milhão e por um local razoavelmente tranquilo, em que possam correr na rua sem risco de atropelamento, e no qual não precisem escolher roupas fashion para sair para comprar pão.
Uma antiga colega de trabalho do Thiago acabou de comprar um apê e lhe indicou uma corretora, a Paulinha. O perfil da Paulinha é definido como: atenciosa, levanta diferentes oportunidades, com bastante assertividade. “Thi, você vai adorar ela!!!”
Paulinha se orgulha de conhecer os bairros de São Paulo como se fossem o próprio quintal. Destaca também o valor embutido na intimidade que desenvolve junto a seus clientes premium: “Ou posso chamar de amigos?”.
“É bom para mim e é bom para vocês, sabe? Se eu conheço vocês bem, posso encontrar e-x-a-t-a-m-e-e-e-e-e-e-n-t-e o lugar que vocês estão procurando para chamar de lar!”
A maior parte dos clientes da Paulinha nos últimos anos é muito parecida com o Thiago: pessoas entre os 30 e 40 anos, com empregos bem-sucedidos em setores de saúde, tecnologia, finanças ou publicidade.
Thiago e Paulinha começam a bater perna. Entre maquetes e cozinhas renovadas, discutem-se as metas de vida pós-noivado. “Você pretende continuar no trabalho atual por um bom tempo? Acha que pode ganhar um bônus maior em 2021? Planeja ter filhos? Seu noivo tem cara de quem gosta de crianças!”
Ao observador cuidadoso, algo mais transparecia em meio a essas interações casuais. Paulinha comentava frequentemente sobre o quão aquecido está o mercado imobiliário em São Paulo: preços em alta, estoques em baixa.
“Ou seja, meu lindo, precisamos fazer uma proposta rápido! Ou o seu apartamento dos sonhos vai parar no sonho de outro alguém, entendeu? Um outro alguém dormindo na sua caminha gostosa! Já imaginou?”
A despeito de Thiago e seu noivo terem sido claros ao estabelecer um teto de R$ 1,5 milhão, Paulinha lhes trazia apartamentos entre R$ 1,7 milhão e R$ 2 milhões.
Ao visitar esses imóveis acima do teto, a corretora falava sobre como é possível conseguir muito mais qualidade de vida em troca de um pouquinho mais de custo.
E também sobre a vantagem de investir num prédio novinho em folha, sem se preocupar toda hora se vai ter vazamento ou não, se o elevador vai quebrar entre o 14º e o 12º andar, ou se você vai ouvir os vizinhos de cima transando numa cama velha, de um prédio velho.
Então, numa visita a um projeto moderno de 79 metros quadrados, preço de tabela a R$ 2 milhões, Thiago se entusiasmou, e Paulinha também.
Eles falaram sobre a vista maravilhosa da varanda, sobre a vibração hype deste bairro que tem tudo e nunca dorme, sobre o isolamento acústico, sobre a chance de morar ao lado de alguém famoso.
“Meu deus, esse lugar é a sua cara! Consegue se imaginar morando aqui?”
Um dia depois, Thiago ligou para Paulinha e colocou uma proposta de R$ 1,9 milhão, prontamente aceita.
Eles não iriam mais morar num bairro tranquilo, mas poderiam correr na esteira da academia do prédio novo.
Se estivessem com preguiça de se arrumar, poderiam também pedir pão gourmet pelo aplicativo.
O preço de compra foi 27% acima do teto originalmente pensado, para um espaço 21% menor.
Em que se pesem esses pequenos detalhes, naquela noite, Thiago e seu noivo brindaram a belíssima aquisição com um Veuve Clicquot presenteado pela Paulinha.