Com um voto de minerva de seu presidente, o Banco Central decidiu nesta semana reduzir o ritmo de cortes na taxa Selic para 0,25%, ao mesmo tempo, deixando em aberto o que fará nas próximas reuniões do Copom.
Por diferentes razões, falcões e pombos queixaram-se de uma decisão que logrou a proeza de desagradar a todos.
Confirmamos, assim, nossa vocação para criar uma crise desnecessária, como se não bastassem os contratempos inerentes a um país grande e complexo como o nosso.
Talvez tenha sido mera coincidência, mas o fato dos quatro diretores apontados por Lula terem preferido uma política monetária menos restritiva deixou o mercado apreensivo quanto à conduta do Banco Central sob o comando do seu futuro presidente.
Caso queira entender melhor as razões para tal consenso negativo à decisão do Copom desta semana, recomendo a leitura da entrevista concedida pelo gestor Felipe Guerra, da Legacy Capital, ao site Neofeed.
Com tamanha confusão, não é à toa que os mercados tenham reagido mal, vomitando todos os ganhos que tinha acumulado desde a semana passada, quando o anúncio dos números do payroll nos Estados Unidos trouxeram um bem-vindo alívio aos mercados globais.
Atravessando a rua para escorregar numa casca de banana, estamos perdendo a chance de nos recuperar num ano que, até agora, tem sido perdido.
Enquanto isso, as bolsas internacionais, puxadas pelos índices americanos, flertam com níveis recordes, impulsionadas pela percepção de que o cenário de soft landing é sim possível.
São semanas como esta que questionamentos sobre a atratividade do investimento em bolsa no Brasil ressurgem.
Como uma classe de ativos, a renda variável tem desafiado até a teoria financeira, já que tem apresentado um prêmio de risco negativo quando comparada à renda fixa.
Daniel Goldberg, da Lumina, nos lembrou em sua participação no Market Makers que a nossa bolsa “sequer é um ativo real” posto que sua relação com o PIB tem diminuído desde 2010.
No fim dos anos 90, quando estava iniciando no mercado financeiro, os mais velhos me lembravam que “nada bate o CDI”.
De fato, por conta dos nossos desequilíbrios econômicos, com uma elevada dívida pública e déficits fiscais recorrentes, combinados com baixo crescimento, temos convivido com juros reais estruturalmente altos por décadas, sem perspectiva de redução, ao menos a médio prazo.
No Brasil das últimas décadas, parece ser inegável a superioridade da renda fixa como classe de ativos quando comparada à renda variável.
Como investidores, é nosso dever entender a realidade que se apresenta, extraindo as melhores oportunidades dentro de uma relação risco/retorno adequada. E nisso, a renda fixa brasileira, para alegria dos rentistas, tem sido imbatível.
Deixo você agora com os destaques da semana.
Um abraço e boa leitura.