Onde os milionários investem?
Muitos nutrem curiosidade sobre como os mais abastados aplicam seu dinheiro.
Seriam eles mais conservadores do que a média, protegendo o patrimônio acumulado ao invés de arriscá-lo?
Ou seria justamente o contrário, com os ricões colocando parte de seus recursos em estratégias agressivas, buscando multiplicar o que já seria suficiente.
Quando o prêmio da Mega-Sena acumula, telejornais invariavelmente simulam qual seria a rentabilidade mensal da fortuna caso os recursos fossem integralmente aplicados na poupança.
Deixar dezenas de milhões em um investimento que mal cobre a inflação não é uma estratégia condizente com a sofisticação de milionários, mas é sem dúvida melhor do que aplicar tudo na compra de carros populares, outra analogia manjada dos mesmos telejornais.
O fato é que temos acesso amplo, através de suas biografias, ao caminho percorrido por pessoas que tiveram sucesso em acumular fortunas nas suas respectivas atividades.
Por outro lado, há pouca visibilidade do que essas mesmas pessoas fazem com seu dinheiro quando chegam lá.
No começo do mês, a empresa de consultoria britânica Knight Frank publicou seu tradicional relatório anual sobre onde os ultra-ricos do mundo (Ultra High Net Worth Individuals, ou UHNWIs) investem.
Para ser considerado um UHNWIs para o levantamento, o indivíduo deve ter acima de 30 milhões de dólares em ativos, incluindo sua própria residência. No mundo todo, estima-se que existam cerca de 600 mil UHNWIs, sendo que 5 mil deles moram no Brasil.
O estudo levantou informações junto a 500 private bankers, family offices e gestores de fortunas sobre onde estão alocados os 2,5 trilhões de dólares dos abastados da amostra.
Quem quiser ter acesso ao relatório completo, compartilho aqui o link.
De maneira geral, o ano de 2022 trouxe retornos negativos para os UHNWIs. O aumento nas taxas de juros, e o consequente impacto nas bolsas e títulos de renda fixa mundiais, diminuiu em cerca de 10 trilhões de dólares o patrimônio agregado dos mais ricos do mundo.
Quando se olha como esse patrimônio está dividido, o primeiro dado que chama atenção é a grande participação dos imóveis de uso próprio (residência principal e secundárias) no portfólio total dos ricaços. Discordando dos influencers de finanças pé-de-chinelo, os mais abastados não só têm casa própria como esse tipo de ativo ocupa a primeira posição em seus patrimônios (32% do total).
Dos outros 68% do patrimônio que não estão em imóveis de uso próprio, a maior fatia está em ações (26%). Todavia, se juntarmos as participações em imóveis comerciais (definidos como não destinados a uso próprio), somando participações imobiliárias diretas com fundos imobiliários, verificamos que a maior parte dos ativos dos ultra-abastados são imobiliários (34%).
Interessante notar também a presença importante de outras classes de ativos nas carteiras dos ricos.
Passion investing (arte, carros, vinhos, relógios, joias etc) representam 5% do patrimônio total dos ultra-ricos. Esse tipo de investimento decolou desde o início da pandemia. Apesar de certa acomodação recente, os preços de bens de luxo ainda vêm registrando excelente performance, tendo valorizado 16% em 2022.
E você, como seria sua carteira se tivesse 30 milhões de dólares para investir?
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e um abraço.