Quem já fez dieta alguma vez na vida sabe disso.
Os primeiros quilos perdidos sempre são os mais fáceis.
O corpo responde muito bem àquele choque inicial. Assim que paramos de nos intoxicar com calorias de baixa qualidade, como açúcar e carboidratos, vemos quase imediatamente os bons resultados na balança e na cintura.
Animada com o rápido feedback, a pessoa capricha ainda mais na dieta, reforçando o ciclo virtuoso de perda de peso.
O reforço positivo também vem dos próximos, cujos elogios à melhor forma recém-adquirida trazem o bem-vindo incentivo para persistir no esforço.
Contudo, infelizmente as perdas incrementais são decrescentes.
Cada quilo perdido requer mais tempo e mais esforço, desembocando no temível platô, onde o esforço despendido não logra reduzir o peso, mas simplesmente o mantê-lo.
É nesse momento que as convicções são testadas.
A pessoa em dieta começa a se perguntar o sentido do esforço despendido, passando a questionar se vale a pena abrir mão de um dos verdadeiros prazeres da vida que encontramos na comida.
A inflação americana, que vinha numa elogiável trajetória de queda que deixou para trás os quase 2 dígitos que flertou em 2022, tem assustado o mercado à luz da sua dificuldade em perder os últimos quilos de sobrepeso.
Depois de um 2023 que trouxe grande alívio inflacionário – ajudado pela redução nos preços de bens e produtos e pela normalização das cadeias logísticas, bagunçados na pandemia – a inflação simplesmente parou de cair em 2024 e, pior, ameaça recrudescer.
O risco de uma inflação teimosa, como aqueles quilinhos de gordura que se recusam a nos deixar, já estava sendo considerado há tempos pelo mercado.
Eu mesmo lembro de ouvir o alerta feito por André Esteves, chairman do BTG Pactual, durante a edição de 2023 do CEO Conference, quando lembrava que aquele último ponto percentual, dos 3% aos 2% anuais, seriam mais difíceis para a inflação americana do que toda a redução anterior acumulada.
Esta semana, o anúncio de um CPI (preços ao consumidor) acima do esperado desanimou a todos, resgatando o risco de um cenário de no-landing, com os preços se recusando a convergir aos níveis desejados pelo Federal Reserve.
Aparentemente a dieta monetária prescrita por Jerome Powell e equipe, que funcionou tão bem em 2023, parece ter perdido efetividade, com números anunciados em 2024 consistentemente acima do consenso.
Depois de iniciar o ano prevendo cinco cortes de juros até dezembro, o mercado agora espera no máximo dois. Os mais céticos, como o ex-Secretário do Tesouro, Larry Summers, estão exigindo um regime ainda mais restrito. Segundo ele, aumentos de juros seriam necessários para que a inflação emagreça de vez.
Temerosos com a perspectiva de um sacrifício que não antecipavam, investidores frustrados apertaram com força o botão de venda dos ativos de risco, tingindo de vermelho as telas de cotação na quarta-feira.
Curiosamente, dois ativos passaram praticamente intactos na forte correção desta semana.
O primeiro foi o ouro, por sinal uma recomendação da Empiricus, que segue valorizando, tendo inclusive atingido recordes históricos nesta semana.
Além do ouro, as criptomoedas, lideradas pelo Bitcoin, não só têm mostrado impressionante resiliência em um ano desafiador para ativos de risco, como têm se valorizado de forma impressionante, para a frustração de seus detratores.
Para entender mais o momento e as oportunidades para as criptos, segue aqui um convite para acompanhar minha conversa com o Valter Rebelo, nosso head de ativos digitais.
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e um abraço,