Você está satisfeito com o país em que mora?
Dado que a ampla maioria dos leitores da Empiricus mora no Brasil, a pergunta inevitavelmente recai sobre a opinião que temos do nosso país.
Ninguém escolhe o país em que nasce, mas obviamente passamos a ter ingerência sobre nossa residência depois que saímos da barriga da mãe.
Ainda me lembro de ouvir, quando criança, o slogan “Brasil: ame-o ou deixe-o!” difundido durante a Ditadura Militar.
De acordo com o Itamaraty, cerca de 4,5 milhões de brasileiros decidiram mudar de residência ao exterior de forma permanente.
Em termos relativos, trata-se de uma fração pequena de nossa população. O México, com uma população equivalente a 60% da nossa, tem mais de 12 milhões de cidadãos vivendo em outro país, principalmente nos Estados Unidos.
Seria o Brasil então um bom país para se viver apesar de sabermos que a grama do vizinho é sempre mais verde?
Para entender a questão de forma mais objetiva, recomendo conferir a recente pesquisa publicada pela revista americana U.S. News & World Report que mostra a percepção agregada sobre qual seria o melhor país na opinião de pessoas espalhadas pelo mundo.
O estudo foi baseado em um modelo desenvolvido pela empresa de marketing e comunicação WPP, em conjunto com a Wharton School da Universidade da Pensilvânia, e envolveu mais de 17 mil pessoas de todo o mundo que avaliaram os países de acordo com 73 atributos.
Os atributos de avaliação foram divididos em 10 temas: Aventura, Agilidade, Influência Cultural, Empreendedorismo, Patrimônio Cultural, Dinamismo, Abertura para Negócios, Poder, Qualidade de Vida e Propósito Social.
Para facilitar as respostas, o estudo avaliou apenas 87 países, tendo sido selecionados por critérios de relevância econômica. Essa amostra representa, porém, 95% do PIB global.
O resultado final não surpreende. Cinco países europeus estão no Top 10. Suíça, Suécia, Alemanha, Reino Unido e Holanda. Junto a eles, nomes esperados como Canadá, Japão, Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia.
E o Brasil?
Figuramos na gloriosa 28ª colocação, com o mérito de termos conquistado a primeira posição entre os países latino-americanos.
Entre os 10 quesitos de avaliação, o Brasil conseguiu sua melhor colocação – e primeira no placar geral – no atributo Aventura, atingindo a nota máxima nos subquesitos Diversão e Sexy (?!).
Para nosso desânimo, nosso pior quesito ficou com Abertura para Negócios, com o destaque negativo em Práticas Governamentais Transparentes.
No geral, estando na parte de cima da tabela, o resultado brasileiro me pareceu melhor do que o esperado.
Apesar disso não ser uma característica exclusiva nossa, acostumamo-nos a reprovar o país.
Ter uma postura crítica sobre o lugar em que vivemos é absolutamente natural, especialmente em sociedades democráticas.
Ainda sobre o estudo da U.S. News & World Report, particularmente tenho uma visão diferente sobre o ambiente de negócios por aqui.
Com mais de duas décadas empreendendo no Brasil, entendo que as adversidades – e há muitas – são mais do que compensadas pelas oportunidades que se apresentam numa economia do tamanho da nossa.
Como me resumiu bem um amigo português, na peculiar franqueza lusitana, ao me visitar recentemente:
“O Brasil é um excelente país para se ganhar dinheiro, mas há que sempre manter a mão sobre o caixa.”
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e um abraço.