Fechamos mais uma semana com fortes correções nos ativos de risco, com mercados ao redor do mundo sofrendo com a perspectiva de termos que conviver com juros altos por mais tempo.
Resumidamente, estamos catando cavaco desde o famigerado 10 de abril, quando foi divulgado um índice de inflação ao consumidor nos Estados Unidos ligeiramente acima do esperado.
A surpresa de meros pontos bases somente foi suficiente para gerar um efeito “tipping point“, termo cunhado pelo autor canadense Malcolm Gladwell para explicar como pequenas mudanças podem gerar resultados desproporcionalmente maiores.
Na ótima live do Market Makers da semana passada, o gestor Luis Stuhlberger nos ensinou que, apesar de objetivamente pequena, a surpresa do CPI mais alto motivou o mercado a jogar a toalha na expectativa de cortes na taxa básica de juros nos Estados Unidos, provocando uma precificação (para baixo) geral nos ativos de risco pelo mundo afora.
Passageiro da agonia, o Brasil amplificou ainda mais as perdas, com uma piora na percepção da nossa situação fiscal, exemplificada no ajuste para zero no pequeno superávit que estava programado para o ano que vem.
A brusca correção nos preços testou o estoicismo dos investidores, jogando a carteira de muitos em território negativo no acumulado do ano.
Confesso que revisitei alguns dos ensinamentos da filosofia de Sêneca e Marco Aurélio a fim de buscar inspiração para atravessar os últimos dias.
Filosofia com quase 25 séculos de existência, o estoicismo vem recebendo uma onda recente de interesse, especialmente de jovens inconformados com o vitimismo exagerado da sociedade moderna.
O autor Ryan Holiday, somente para dar um exemplo, tem trazido bons insights sobre a aplicação do estoicismo no dia a dia da vida moderna.
Há inclusive autores que vêm promovendo a aplicação dos valores estoicos na gestão dos nossos investimentos.
De tudo que li sobre o tema, entendo que há bons ensinamentos que se aplicam a momentos como o que estamos vivendo.
Os estoicos nos incentivam a focarmos nossa atenção nos fatores que temos sob nosso controle, evitando desperdiçar energia naquilo que não temos influência.
Assim, em momentos de estresse são bem-vindas as revisões de nossas estratégias de investimento, alocações de ativos e gerenciamento de risco, já que tudo isso passa por nossa definição.
Por outro lado, tentar adivinhar os próximos passos da política monetária americana ou prever as intenções do governo brasileiro quanto ao seu equilíbrio fiscal termina trazendo um desgaste desnecessário e improdutivo.
Estoicos também lembram que não há razão para temer a morte, posto sua inevitabilidade.
Analogamente, não devemos temer perdas nos nossos investimentos, já que invariavelmente elas ocorrerão, salvo que se opte por uma carteira livre de risco, que obrigatoriamente terá um retorno mais baixo.
Pelo contrário, o estoico abraça as dificuldades como oportunidades de crescimento, aproveitando situações de estresse para comprar ativos a preços descontados.
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e um abraço,