Com apenas quatro dias para seu término, novembro tem sido um mês feliz para nossas carteiras.
A sequência de dados benignos relativos à inflação americana, dando evidências de que a economia por lá está desacelerando, pelo menos na margem, tem trazido alívio aos mercados e aos nossos bolsos.
O ano de 2023 tem sido uma aula prática sobre a relevância da política monetária, notadamente a americana, sobre o comportamento não só dos preços em geral, mas especialmente dos preços dos ativos financeiros.
Note que, apesar de as autoridades monetárias ao redor do mundo ainda não terem se mexido – nenhum banco central relevante cortou ou acelerou o ritmo de cortes de juros recentemente –, o humor dos investidores mudou completamente.
A mera expectativa de afrouxo foi suficiente para trazer alegria às cotações, com a parte longa da curva de juros dos Estados Unidos mostrando que talvez o “higher for longer” não seja tão longo como imaginávamos.
Aparentemente estamos finalmente nos estabilizando da turbulência iniciada em 2020, com o início da pandemia e suas implicações na economia e nos mercados.
Nos últimos anos, chegamos a ver números e indicadores até então inimagináveis, como inflação anual de dois dígitos na Europa e Selic de 2% por aqui.
Um dos melhores exemplos da distorção, e posterior correção, nos preços tem sido o comportamento dos artigos de luxo.
Diamantes, relógios, bolsas, carros esportivos, tudo que era caro se tornou muito mais caro.
O preço de produtos de luxo disparou, subindo múltiplos dos já acima elevados níveis de inflação dos bens de consumo.
E, mesmo dispostos a pagar preços exorbitantes, compradores tinham dificuldade de achar os produtos. Como alternativa à fila e à espera, enfrentava-se não só ágio nos produtos novos mas também descontrole nos preços dos artigos usados.
Aos poucos, porém, demanda e oferta foram se estabilizando e agora vemos preços voltando a níveis pré-pandemia.
Curiosamente a normalização apresenta um formato quase idêntico às curvas normais que aprendemos na escola com as aulas de estatística:
Tirei o gráfico acima de um artigo publicado esta semana na Bloomberg que traz dados interessantes sobre esse mercado.
Cunhou-se até uma alcunha, “YOLO – you only live once”, para aqueles que saíram curtindo a vida adoidado, inflacionando os preços com a abundância monetária da pandemia.
Depois de bombar os preços dos produtos, os YOLOs foram atrás dos serviços, como viagens e experiências em geral, dando uma segunda pernada na inflação global.
Aparentemente o ciclo de aperto monetário vem cumprindo seu papel de jogar água na fervura do ímpeto consumista que causou a explosão inflacionária dos anos recentes.
Ainda é cedo para cravar a vitória sobre a inflação global. Tampouco é possível prever qual será a taxa de juros neste pós-pandemia que melhor vai manejar o equilíbrio entre crescimento e estabilidade de preços.
Até lá, seguimos na expectativa de que o amargor do remédio terá sido suficiente para adoçar o que está ainda por vir.
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e um abraço.