Imagem: iStock/Liudmila Chernetska
Se você tem mais de 50 anos e está repensando sua relação com o dinheiro, bem-vindo ao clube. Aos 56, também passo por momentos de reflexão. E a boa notícia? Ainda dá tempo, e muito tempo, para construir uma vida financeiramente estável e próspera.
Muita gente acredita que, depois de uma certa idade, as oportunidades de acumular patrimônio diminuem, mas isso simplesmente não é verdade.
Com as estratégias certas e algumas mudanças de hábito, é possível garantir não apenas segurança financeira, mas também liberdade para aproveitar a vida sem preocupações. Especialmente no Brasil, onde convivemos cronicamente com um ambiente de juros altos.
Foi justamente um momento de reflexão que “The Millionaire Next Door“, do autor Thomas Stanley, entrou na minha vida. Quem me recomendou foi Mark Ford, amigo e sócio do “The Agora”, grupo americano que foi sócio da Empiricus entre 2013 e 2021.
Se a empresa cresceu tanto nesse período, foi porque soubemos ouvir, e Mark sempre teve algo valioso a dizer sobre dinheiro. Ele acredita, e eu concordo, que independência financeira não vem de um grande salário ou de uma tacada de mestre no mercado. Vem de hábitos consistentes.
O livro desmonta a ideia de que milionários são aqueles caras que dirigem Ferraris e moram em mansões cinematográficas. A verdade? A maioria dos ricos de verdade passa despercebida. Vivem em bairros comuns, dirigem carros confiáveis (e pagos à vista), gastam menos do que ganham e investem com disciplina. Ou seja, o oposto do que a cultura do “parecer rico” ensina.
E é aí que está a grande sacada: riqueza não tem nada a ver com renda. No Brasil, conhecemos muitas pessoas que ganham fortunas e vivem endividadas. O que importa não é quanto você ganha, mas quanto consegue guardar e multiplicar.
Stanley descobriu que milionários economizam, em média, 20% da renda. Nada de esperar um bônus ou uma herança: eles constroem riqueza no dia a dia. O segredo não é acertar um “home run” no mercado financeiro, mas sim jogar consistentemente e evitar bobagens.
Outra verdade: ostentar pode ser um veneno para o bolso, se você estiver gastando dinheiro que não tem só para impressionar os outros. Mas calma, não há nada de errado em ter um carro bacana ou gostar de coisas boas. Se isso realmente te dá prazer e está dentro do seu orçamento, vá em frente.
Aliás, o próprio Mark Ford teve uma série de newsletters chamada “Fake It Until You Make It”, onde ele ensina como construir um lifestyle mais atraente. Ele defende que, em algumas situações, parecer bem-sucedido pode abrir portas – e, sejamos honestos, um bom carro e um visual bem cuidado podem fazer diferença em certos ambientes.
O problema surge quando a busca pela aparência de riqueza impede a construção da riqueza real. No fim do dia, o que importa não é só parecer rico, mas ser rico de verdade. E isso exige planejamento, investimentos inteligentes e disciplina financeira. Afinal, um carro de luxo é muito mais prazeroso quando não pesa no bolso.
E, se você acha que já passou da idade para pensar nisso, relaxe. A maioria dos milionários do livro construiu fortuna com estratégia, não com sorte ou herança. Basta tomar algumas decisões espertas agora. O primeiro passo? Eliminar dívidas ruins, especialmente no ambiente de juros altos que temos. Seu dinheiro precisa trabalhar para você, não para os bancos.
Outro ponto que Stanley destaca é a importância de ter múltiplas fontes de renda. Não dá para depender só do salário ou da aposentadoria. Não importa a idade, ainda dá tempo de criar novas formas de ganhar dinheiro.
E, se você acha que investir é complicado, saiba que não entender de finanças já não é desculpa. Hoje, diferentemente do passado, temos acesso a incontáveis fontes de informação financeira de qualidade. O que falta para muita gente não é acesso à informação, mas disciplina para colocá-la em prática.
A verdade é que ficar rico não é uma questão de sorte, mas de hábitos. Milionários não vivem de grandes tacadas, e sim de pequenas decisões acertadas ao longo do tempo. E, se você chegou até aqui pensando “deveria ter começado antes”, ótimo – isso significa que ainda dá tempo de começar agora.
