If you could be inside my head
You’d see that black and white is red
Flying high again
Flying high again
Flying high again
Flying high again, come on and join me
“Flying High Again” – John Osbourne / Lee Kerslake / Randy Rhoads / Robert Daisley
Fechamos esta semana com performance ruim nos mercados, tanto lá fora como aqui no Brasil.
O consenso indica os juros americanos como a causa clara desse ajuste.
A entrevista coletiva de Jerome Powell na quarta-feira, logo em seguida ao anúncio da decisão de manter a taxa dos fed funds (equivalente à nossa Selic), deu pistas de que o cenário de higher for longer veio para ficar.
Em outras palavras, investidores não só não contam com cortes de juros antes do final de 2024, como também projetam juros altos para os próximos anos.
Como reação, o mercado ajustou a curva de juros dos treasuries, colocando a taxa de 10 anos na casa do 4,5%, nível mais alto dos últimos quinze anos.
Como os treasuries balizam todas as outras taxas de juros, o impacto no custo do dinheiro pelo mundo afora é imediato.
Nos Estados Unidos, por exemplo, as taxas do crédito imobiliário se aproximam dos 8%, enquanto os financiamentos de automóveis já custam dois dígitos.
A última vez que vimos taxas nesses níveis foi em 2007, e sabemos como essa história terminou.
Caso esse cenário de taxas de juros estruturalmente mais altas se confirme, enfrentaremos um período de ajuste que inevitavelmente será dolorido.
Esse novo normal não é exatamente novo.
Quando me iniciei no mercado financeiro, no início da década de 90, a taxa Libor de 6 meses, referência para os empréstimos da época, girava em torno dos 6% a.a.
Desde então, contudo, os juros percorreram uma longa trajetória descendente, culminando com a extravagante prática de juros zero ou até mesmo negativos.
Taxas baixas criaram um incentivo natural para a alavancagem, com tomadores se fartando na alavancagem praticamente gratuita.
O governo americano, assim como as empresas e os indivíduos de lá, se vê agora na desconfortável situação de refinanciar suas dívidas a taxas cada vez mais elevadas.
O caminho natural seria um esforço conjunto de desalavancagem. Caminho improvável, especialmente diante do altíssimo déficit público americano, bombado desde as ações de auxílio emergencial promovidas durante a pandemia.
Com tanta incerteza lá fora, pegamos carona nessa turbulência.
Passageiro da agonia, como diria Galvão Bueno, o Brasil ainda tem o desafio extra de consolidar sua delicada situação fiscal.
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e um abraço.