Imagem: Arquivo pessoal
Foi um privilégio não apenas conhecer Bill Bonner, mas ter sido seu sócio.
Ao longo da minha trajetória, poucas pessoas tiveram um impacto tão grande sobre minha forma de pensar quanto ele. Fundador da Agora, um dos maiores grupos de publicações financeiras do mundo, Bill construiu um império baseado na ideia da independência do investidor.
Mas, mais do que um empreendedor visionário, ele sempre foi um pensador original. Alguém que enxergava padrões que passavam despercebidos pela maioria.
Meu primeiro contato com Bill aconteceu em 2012, quando iniciamos as conversas sobre uma possível parceria entre a Empiricus e a Agora.
Na época, a Empiricus era uma operação modesta, com pouco mais de 10 funcionários e uma receita anual de menos de um milhão de reais. Tudo era off-line, dependíamos de cold calls e testes gratuitos para captar clientes.
Em 2013, fechamos o acordo e, pouco depois, Bill veio ao Brasil para nossa primeira reunião formal como sócios.
O encontro aconteceu em nosso pequeno escritório na região financeira de São Paulo – um espaço apertado, mas que representava todo o nosso esforço até ali.
Lembro bem desse dia.
Bill nos apresentou os fundamentos do marketing direto e enfatizou repetidamente a importância da *copy*.
Com Bill Bonner em seu escritório em Baltimore, EUA (2017)
Eu, sem entender bem o conceito, fiquei intrigado com sua fixação nessa palavra. Só depois Rodolfo Amstalden me explicou que *copy* não era *cópia*, mas sim a arte de vender por meio da escrita.
Foi um daqueles momentos que mudam tudo.
Aplicamos os ensinamentos da Agora, transformamos nosso modelo de negócios e crescemos de maneira exponencial.
Em alguns anos nossa receita multiplicou-se em formidáveis 250 vezes.
A Empiricus se tornou referência no mercado financeiro brasileiro e ajudou a popularizar o marketing digital no país.
Mas a maior lição que aprendi com Bill Bonner não foi sobre marketing ou negócios.
Foi sobre como pensar riqueza no longo prazo.
O que ele ensinou para a Empiricus também vale para qualquer família que deseja manter e multiplicar seu patrimônio ao longo das gerações.
No Brasil, a construção de patrimônio já é um desafio. Mas preservá-lo por gerações é ainda mais difícil.
A inflação, a carga tributária e a instabilidade política fazem com que muitas famílias percam o que conquistaram rapidamente.
Não é raro ver fortunas construídas ao longo de uma vida desaparecerem em poucos anos por falta de estratégia.
Caso você se interesse, Bill condensou seus ensinamentos sobre construção patrimonial no livro “Family Fortunes: How to Build Family Wealth and Hold on to It for 100 Year“.
O livro explora o que faz algumas famílias se manterem prósperas por séculos, enquanto outras perdem tudo em uma ou duas gerações.
A resposta está em três pilares essenciais: investir com visão de longo prazo, estruturar uma governança familiar eficiente e cultivar uma cultura de disciplina e valores.
A maioria das pessoas pensa nos investimentos apenas como uma forma de multiplicar dinheiro.
Mas famílias que permanecem ricas por gerações sabem que preservar o capital é tão importante quanto fazê-lo crescer.
Isso significa diversificar o patrimônio, investir dentro e fora do Brasil, evitar modismos financeiros e sempre pensar no horizonte de décadas, não apenas no retorno imediato.
Mas nada disso adianta se não houver um modelo claro de gestão.
Quando o patrimônio está concentrado em uma única pessoa, sem regras definidas, os conflitos surgem e a fortuna se dissipa.
Criar uma estrutura de governança – seja uma holding familiar, um conselho ou até um “banco da família” – garante que os recursos sejam usados com inteligência e que as gerações seguintes saibam administrá-los.
Mais do que dinheiro, a verdadeira riqueza está nos valores transmitidos.
Quando uma família não tem uma cultura forte e um propósito claro, a tendência natural é que os herdeiros gastem sem planejamento, comprometendo o legado.
Ensinar desde cedo o valor do dinheiro, manter encontros familiares para discutir o futuro e criar um senso de responsabilidade são atitudes tão importantes quanto qualquer estratégia financeira.
O que Bill nos ensinou na Empiricus também vale para qualquer família que deseja prosperar além de uma única geração.
Manter a riqueza por 100 anos não é apenas uma questão de ganhar mais dinheiro.
É uma questão de pensar no longo prazo, estruturar um plano sólido e garantir que as próximas gerações saibam preservar e fazer crescer o que receberam.
A pergunta que fica é: você está apenas acumulando patrimônio ou construindo um legado duradouro?
